O grande dia chegou e, embora Amanda estivesse determinada a não imaginar como seriam suas vidas após o casamento e quanto tempo duraria aquela invenção, não estava obtendo êxito, naquele momento. As lembranças do período em que organizaram o enlace e como se tornaram próximos durante o processo estava mexendo com sua razão e a levando desejar que tudo aquilo fosse de verdade e que seriam felizes até quando fosse possível. Esses pensamentos começaram a perturbá-la, principalmente depois do que acontecera na semana anterior. Ela e Tony foram passar um final de semana na casa dos pais de Amanda e a encenação precisou ser a melhor possível. Seus pais tinham o costume de se darem afeto constantemente e para eles isso era extremamente necessário em uma relação longa. Com isso, Amanda precisou fingir ser a mulher mais apaixonada do momento. Para Tony, no entanto, a representação parecia tranquila, principalmente quando chegou à noite que teriam que dividir o mesmo quarto. Por dentro ele não estava tão confiante como demonstrava.
— Meu amor, vamos para cama. — Tony chamou após Amanda sentar-se ao seu lado e ficarem conversando com seus pais de mãos entrelaçadas.
— Quando você quiser Tony. — Ela disse disfarçando a voz. Para desgosto de Amanda, Lucas já possuía seu quarto na fazenda e não iria dividir a cama com eles. A situação ficara constrangedora para ela, mas não havia saída.
— Vão meus queridos e descansem tranquilos — disse a mãe dela se aninhando ao marido. — Já está na nossa hora também meu lord. — Todos sorriam e Amanda desejou fervorosamente encontrar um homem como o qual pudesse dividir pequenos e belos momentos de afinidade, amor e entrega como aquele dos pais.
Tony observava a tudo com o coração leve. Nada como ver uma prova viva de que boas relações existiam e que poderiam ser ricas e fortes, quando ambos colaboravam. Amanda aceitou a mão que Tony lhe oferecia e seguiram juntos para o quarto.
— Desculpe-me te colocar em uma situação constrangedora como essa, Tony. — Ela desculpou-se o olhando sem graça quando entraram e fecharam a porta.
— Vamos levar isso como a um teste já que precisaremos passar por isso durante nossa união. — Ele aconselhou.
— Você tem razão, farei isso — afirmou Amanda indo até o criado-mudo retirar seus acessórios para tentar dormir. Tony afastou-se e respirando longamente foi escovar seus dentes.
Naquela noite Amanda experimentara as sensações mais diversas que já tivera na vida. Um misto de medo, leveza e prazer a dominou durante todo o período em que estiveram juntos naquela cama. Os toques não intencionados um no outro. O calor e a respiração abafada encostada nos travesseiros. Tudo colaborara para aquela noite ser de certa forma marcante para Amanda. Agora ela sentia-se sem rumo e todos aqueles pensamentos eram resultados da ocasião. Era isso sem dúvida. — procurava justificar Amanda para si mesma. — Toda mulher fica mais frágil e com pensamentos mais românticos nesse período. É uma fase para a qual ela sempre foi preparada, desde pequena, por isso essas ilusões descabidas passavam em sua cabeça enquanto se arrumava para seu casamento. Essa seria a única forma de compreender o que estava acontecendo.
Tony olhou-se no espelho mais uma vez. Hoje se realizaria o seu grande desejo, o qual ele guardara para si por muito tempo sem permitir que isso estragasse a amizade entre ele e Amanda. Jamais imaginara que se casaria nessas condições, mas ainda assim estava feliz, pois teria uma chance de fazer brotar o amor entre eles. Não fora sua intenção se aproveitar dos problemas de Amanda para criar aquela mentira. Ela simplesmente surgiu na hora certa e ele achou que deveria aproveitar. Dessa forma estaria ajudando sua amiga e tendo a oportunidade de investir em algo concreto entre eles. Embora estivesse seguro dessa possibilidade, Tony sabia que caberia apenas à Amanda decidir se queria ou não tornar real aquela brincadeira deles. Ele sabia também que caso ela dissesse não, esta seria sua última oportunidade de tê-la da forma que sempre desejara e sendo assim procuraria aceitar que a relação deles não era para acontecer. Ser racional às vezes era doloroso, mas teria de ser, para deixar de sonhar com algo que não era compartilhado entre ambos, o amor. Porém algo lhe dizia que havia sim uma pequena chama, à espera da ajuda de um suave vento para fazê-la crescer. Tony acreditava que a maior convivência o ajudaria a liberar aquela chama. Amanda tinha algo a lhe oferecer, embora parecesse decidida a não ceder, pela amizade que ela tanto prezava entre eles, mas Tony precisava de mais, ele queria ter sua amizade, seus beijos, seu corpo e seu amor.
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CASAMENTO POR APARÊNCIAS - Livro I da Série Aparências.
RomancePODERIA UMA GRANDE AMIZADE SOBREVIVER A UM CASAMENTO POR APARÊNCIAS? Ameaçada pelo ex-marido, que usava o filho na tentativa de reatar o casamento fracassado, Amanda se dispôs a uma relação de aparências. Não estava em seus planos viver uma farsa...