O cheiro de sangue misturado com o cheiro de hospital eram tão comuns para mim que já não me importava, eu sabia o que os médicos iriam falar e que os enfermeiros iriam ser simpáticos como sempre, mas isso me fez lembrar que a doença não apenas me fez desistir de qualquer chance como também me fez passar mais tempo com minha família e guardar cada lembrança do rosto de cada um. Enquanto eu estava sentada com os meus pais ao redor à única coisa que pensava naquele momento era como eles estavam sofrendo e como as vindas ao hospital tornaram algo ruim, nesse momento o médico entrava na sala com alguns residentes carregando seus bloquinhos de anotação e brilhos nos olhos
-Senhor e senhora Campbell como vão?- Perguntou o médico sendo simpático estendendo a mão
-Estamos bem-Respondeu meu pai tentando ser simpático
-Eles não estão bem e eu também não então dá pra andar logo e nos falar o que tem pra falar- Falei mal humorada
-Claro, sua hemorragia foi estancada com sucesso, mas alguns dos exames que fizemos não me são muito esperançosos a doença tá se espalhando cada vez mais rápido-Falou o médico olhando pra mim e para meus pais- Podemos tentar um outro método de medicação e quimioterapia
-Não- Falei olhando pra cada um
-Querida!?- mamãe me olhou confusa
-Eu não quero mais medicamentos, não quero mais quimioterapia, não quero mais dormir abraçada com a minha privada de tanto vomitar e muito menos sentir meu corpo rejeitando ou reagindo de alguma forma com as medicações- Falei tentando não chorar
-Lua, com os medicamentos podem te ajudar a ter alguma melhora pode nos dar esperança- Papai tentou me convencer a mudar de idéia
-Eu sei, mas quem vai continuar sentindo todas as dores e todo resto sou eu, então por favor podem retirar esse cateter do meu ombro?-Perguntei olhando pro médico
Ele olhou para meus pais e mamãe quem deu permissão pra retirada do cateter da quimioterapia, no momento que senti ele puxando aquilo do meu ombro pude relaxar eu já estava morrendo não queria viver o restante dentro de um hospital.
Ficamos três dias no hospital realizando os últimos procedimentos e dando as últimas doses de medicação, Ísis me visitou uma vez e não a culpo ter a visão de sua amiga sangrando e sangue por toda a parte do banheiro não é uma coisa muito bonita de se ver. Quando voltamos pra casa pela primeira vez pude me sentir bem e livre, livre de medicamentos, livre de dormir no banheiro por passar a noite toda vomitando simplesmente livre.Naquela noite subi ate o telhado e fique ali sentada olhando o céu e deixando o frio da noite me envolver quando escutei passos vindo na minha direção e olhei para baixo e la estava ele Jack Green usando moletom cinza e calça jeans desbotadas, ele simplesmente sorriu e começou a subir no telhado pela a arvore que tinha perto da minha janela ele deu um pequeno impulso e já estava do meu lado com os cabelos molhados e cheiro de sabonete.
-O que esta fazendo aqui em cima Campbell?-Perguntou ele se sentando ao meu lado
-Testando altura, parece que não vai fazer muito estrago aqui-Falei olhando para baixo
-Eu fui te visitar no hospital-Falou Jack olhando pra mim
-Quando?-Perguntei confusa
-Quando você estava dormindo, tem mãos macias Lua-Disse ele sorrindo e pegando minha mão no impulso-Gosta de motos?
Fique um momento sem entender, primeiro ele fala que foi me visitar e do nada me pergunta se gosto de motos me sinto meio tonta e embriagada por todas aquelas sensações, a sensação do seu toque, o calor do seu sorriso e o principal o calar misturado com um frio na barriga por ter seus olhos no meu e o fato de ter me visitado fiquei imaginando o que Ísis faria se estivesse ali, provavelmente falaria para me jogar "agarrar o garanhão" e pensar nisso me faz rir.
-Talvez-Respondi tentando soar misteriosa
-Vem comigo-Disse ele se levantando e me puxando com ele
Descemos pela a arvore ele foi na frente e me ajudou a descer, quando tocamos o chão Jack continuou me guiando ate a sua garagem e ali debaixo de um lençol estava uma harley davidson a moto dos meus sonhos, Jack ligou a moto e jogou o capacete pra mime ficou me esperando coloca-lo e sentar em sua garupa.
-Essa é a melhor hora da noite-Falou ele sorrindo
-Pra onde vamos?-Perguntei sentando em sua garupa
-Para um lugar especial-Ele simplesmente disse isso e puxou meus abraços ao redor de sua cintura- Segure firme!
E saímos a toda velocidade pelo o bairro em silencio o vento no meu rosto era tão bom a sensação da adrenalina percorrendo o meu corpo me fez me sentir tão viva como na o tinha me sentido antes, Jack cortava caminho sem passarmos por nenhum sinal de transito parecia que só tínhamos nos dois na estrada apertei meus braços ao seu redor e sorri eu estava feliz e isso era bom. Quando olhei a paisagem mudou e começamos a subir uma ladeira ate chegar no caminho em que a moto não dava para passar, nos descemos e fomos a pé por uma trilha ate chegar ao fim da trilha onde tinha um banco e dava para ter a visão de toda a cidade, foi a vista mais linda que eu vi, as luzes da cidade a tornavam tão linda e tudo estava silencioso a brisa fria bagunçava meus cabelos e não me importava disso.
-Aqui é tão lindo-Falei baixinho sorrindo
-Quando eu era pequeno vinha aqui mais meu pai, vivíamos fazendo trilha ate tornar esse o lugar especial- Falou Jack ao meu lado e pela a sua voz percebi que não estava sorrindo
-Já morou aqui?-Perguntei olhando para seu rosto
-Sim, há muito tempo atras antes de nos tornamos nômades e...-Jack fez uma pausa como se estivesse segurando o choro- Quando meu pai era vivo
-Eu sinto muito-Falei observando seus olhos que antes eram tão alegres e agora uma nuvem de tristeza ficou ali
-Tudo bem, a culpa não foi sua-Disse ele sorrindo e voltando a ser o Jack alegre que conheci
Ficamos calados por um tempo só observando a cidade brilhar e sentindo o vento nos envolver, fiquei observando tudo aquilo para guarda em minha memoria cada pedacinho de tudo aquilo como se a qualquer momento iria desaparecer, Jack ficou sentado do meu lado e senti seus olhos no meu rosto e quando olhei pelo canto do olho ele continuava me observando com um pequeno sorriso de canto de boca.
-O que foi?-Perguntei olhando para seu rosto por fim
-Você é muito linda Lua-Dize ele calmamente
-Por que me trouxe aqui?-Perguntei olhando seus olhos
-Por que coisas belas devem ser apreciadas, Campbell você é alguém que deve ser admirada-Falou ele serio tocando em meu rosto
O frio na minha barriga aumentou e não sabia o que falar, mas ele não estava mais me olhando sua expressão estava viajando e continuamos em silencio até os primeiros raios de sol despontarem no horizonte, nos levantamos e decidimos voltar para casa a volta foi calma e as vezes sentia a mão de Jack tocar a minha na sua cintura. Ele me deixou em casa e nos despedimos, subi para meu quarto sem fazer barulho para não acorda ninguém e me joguei na cama e sem perceber me peguei sorrindo.
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Sensações
RomanceLua é uma garota de 17 anos diagnosticada com leucemia totalmente negativa em relação a vida e tudo ao redor, ate que um garoto que ama viver a vida de todas as formas possíveis aparece na sua frente. Agora Lua encontra uma nova missão manter esse g...