Sensações

Capítulo 18

-Leve ela para a sala de radiografia precisamos saber se ela está com hemorragia interna agora!-Gritou um médico enquanto várias pessoas estavam sobre mim lançando uma luz nos meus olhos.
-Leve o paciente dois para a sala de tomografia e tentei estancar esse sangramento!!-Gritou um outro médico passando correndo com uma maca.
Eu sabia que estava no hospital reconhecia aquele cheiro em qualquer lugar, aquele cheiro de sangue misturado com alvejantes, as lembranças do que tinha acontecido estavam me bombardeando com toda a força fazendo minha cabeça latejar até que senti uma pressão fria contra minhas têmporas, até que por fim me dei conta sobre Jack eu tinha que saber onde ele estava precisava falar com ele de todas as formas tentei falar com a médica que estava inclinada sobre mim, mas minha voz não saia e as palavras não ganhavam forma.
Tentei me mexer mais minhas pernas doíam tanto e meus braços estavam tão pessados, eu precisava sair dali precisava ir atrás de Jack.
-Pulsação está elevada! Ela tá tendo uma parada cardíaca!!!-Gritou a enfermeira que estava ali do lado
Foi a única coisa que ouvi antes de apagar, acordei novamente com tubos nos meus braços e uma máscara de oxigênio no meu rosto, ergui meu braço para arrancar a máscara do meu rosto, mas fui impedida pela a medica.
-Você não pode tirar, você precisa do oxigênio-Falou ela calmamente
-Onde estou? Cadê o Jack?-Perguntei sentindo minha voz sair áspera como uma lixa
-Você está na UTI do Hospital de S.M, o rapaz que estava com você está em cirurgia agora você precisa ficar forte-Respondeu ela segurando minha mão delicadamente
-Não deixe ele morrer por favor-Pedi sentindo as lágrimas queimarem meus olhos
-Vamos tentar ao máximo fazer ele ficar melhor-Respondeu ela com um sorriso contido
-Eu estou em estado terminal, não preciso ser salva ele sim-Falei sentindo meus olhos pessarem
-Vai ficar tudo bem, agora descanse-Disse ela antes que meus olhos por fim se fechassem
Acordei novamente com uma enfermeira do meu lado checando minha pressão e pulsação.
-Cadê ele?-Perguntei baixinho
-Ainda em cirurgia querida, seus pais estão aqui você quer ver eles antes da cirurgia?-Perguntou a enfermeira tocando em meu braço gentilmente
-Que cirurgia?-Perguntei confusa
-Você está com pneumotorax, precisa de uma cirurgia imediata-Respondeu ela preocupada.
-Cadê meus pais?-Perguntei com um grande esforço
-Eles já estão vindo-Respondeu ela indo em direção até a porta.
Meus pais entraram, eles pareciam ter envelhecido 100 anos desde a última vez que os vi, minha mãe tentava esconder as lágrimas e meu pais ficava ao seu lado com um braço protetor em sua volta com Max logo atrás abraçado a um travesseiro, queria abraçar eles e falar que estava tudo bem, mas a dor me impedia de falar. Mamãe se sentou ao meu lado com cuidado e ficou acariciando minha cabeça como ela sempre fazia quando eu era pequena e tinha medo, Max se aproximou com cuidado e segurou minha mão depositando uma moeda que achamos juntos no parque quando ele tinha 6 anos, papai deu um sorriso forçado na minha direção como se dize-se que estava tudo bem. Todos sabíamos que não estava tudo bem, mas gostávamos de fingir assim a dor se tornava mais fácil.
-Quero que ele seja salvo-Falei fazendo careta de dor
-Eu sei querida-Falou mamãe fazendo carinho no meu braço
-Eu amo vocês-Falei deixando que as lágrimas escorresem pelo o meu rosto lentamente
-Nos também te amamos-Respondeu papai chorando pela primeira vez
Eu sabia o quanto eles estavam com medo, eu também estava segurei a mão deles e acariciei meu irmão sorrindo até sentir meu olhos pessarem e um som alto ao longe.
-Parada cardíaca!! Precisamos levar ela pra sala de cirurgia agora!!- gritou a médica entrando no quarto e os enfermeiros retirando meus pais dali.
Eu sonhei que estava num campo lindo e meus cabelos eram grandes e estavam se mexendo com o vento numa dança silenciosa, meu vestido longo dançava junto com o vento como se somente eles conhece sem aquela dança e aquela música eu sentia a grama nos meus pés descalços e as flores nas minhas mãos me fazendo uma leve carícia eu caminhava tranquila sem sentir dor, sem remédios, sem tratamento, sem nada de tudo aquilo e no final daquele campo Jack estava ali sorrindo com suas covinhas amostra como eu tanto amo ele esticava sua mão na minha direção e eu tentava alcança-lo até que ele se virava em outra direção e sorria como um adeus se afastando de mim. Tentei correr, tentei alcança-lo, tentei gritar e segurar suas mãos impedir que ele fosse embora, mas não conseguia ele se distanciava cada vez mais.
-Ele está morrendo! Me de epinefrina agora!-gritou alguém distante e ao mesmo tempo perto.
"Salve ele" tentei falar, mas sabia que ninguém iria me ouvir, mas ele iria ele teria que ouvir em algum lugar ali.
Eu respirei uma última vez enquanto meu coração parava de bater em uma sala na outra o coração de Jack voltava abater e eu sabia que naquele momento eu estava feliz por que todas as sensações me abraçavam e me inundavam todos os momentos passavam em minha mente e eu sabia que minha estrada tinha chegado ao fim.
Naquele momento na mesa fria de cirurgia dando meu último suspiro dando o último fio da minha vida para Jack eu estava completamente em paz.