Sangue Dourado

Cada Vez Mais Fundo

"Algumas semanas se passaram e já estava chegando ao fim nossa visita ao front.
Durante esse tempo, conhecia cada vez mais Mareena. Ela tinha se tornado mais do que uma amiga. Um amor.
Contava a ela meus segredos mais íntimos, ela fazia o mesmo.
O tempo só fortalecia nossa ligação e em alguns momentos, trocávamos beijos quase perfeitos.
Poderiam ser perfeitos, mas eu poderia machuca-la. Poderia mata-la.
Ela sempre entendia minha escolha e me presenteava com um belo sorriso.
Estava tudo indo bem.
Até cogitei a ideia de levá-la para Whitefire e transformá-la em minha esposa e rainha de Norta. Mas, Elara nunca permitiria uma vermelha sentada em seu trono. Ninguém da Corte permitiria. Infelizmente.
Então, tive a ideia de leva-la como uma amiga prateada.
Propus a ela que fingisse ser uma Silenciadora da Casa Arven. Seria uma explicação perfeita para Elara não penetrar em sua cabeça.
Por via das dúvidas, usaria um colar em Pedras Silenciosas, para manter minha mãe longe.
- Poderíamos ficar juntos. Com o tempo, aprenderia a controlar meus poderes e depois, eu seria todo seu.
- Eu não sei, Regan. É muito perigoso e eu não me acostumaria com a vida que você leva.- Ela disse, cabisbaixa.
- Eu a protegeria e lhe ensinaria a ser uma lady.
- E depois, quando você for rei?
- Lhe tornarei minha Rainha Vermelha.
Ela riu baixo e olhou para mim, pensativa.
- E então?- perguntei, ansioso.
- Tudo bem. Eu aceito.
Fiquei tão feliz que a peguei no colo e a beijei. Continuei beijando-a, não conseguia parar.
Ela começou a me puxar contra seu corpo e agarrou minha camisa, rasgando-a.
Eu sei que deveria ter parado, mas continuei.
Caímos no chão, mas isso não nos atrapalhou.
Comecei a beijar seu pescoço e fui descendo.
Cada vez mais fundo.
Senti um pingo e depois outro, de água.
O céu se fechou acima de nós e pude ouvir os trovões. Pude sentir os raios se formando dentro de cada nuvem. Disse à ela que deveríamos buscar abrigo, mas ela insistiu que eu continuasse.
Fui cada vez mais fundo.
Cada vez mais fundo.
Comecei a sentir raios se formarem. Não dentro das nuvens, dentro do meu corpo.
Neste momento, eu perdi o controle e ela percebeu.
Ela viu que começaram a sair faíscas por todo o meu corpo e pediu para que eu parasse.
- Regan! Pare! Por favor, me escute. Pare!- Ela gritou, aflita.
Já não escutava mais nada vindo de fora. Apenas sentia a eletricidade tomando conta do meu corpo e atraindo os raios que se formaram na tempestade acima de nós.

Bastou apenas um segundo para que meu mundo perfeito caísse na inexistência, ficando apenas em minhas memórias.
Lembro-me de segurar seu corpo, todo queimado, e gritar seu nome.
- Mareena! Mareena! Mar...
Já não tinha lugar para palavras em meio a tanto choro.
Quando, de repente, escuto um resquício de vida sair de sua boca.
- Re... Regan.
- Me desculpe, meu amor. Me perdoe. Eu te amo!
- E... eu, te... a... amo."

E aquele foi o dia em que perdi quem eu mais amava. Foi o dia em que perdi o amor e a felicidade.

Noto que uma lágrima cai do rosto de Maven. Também estou chorando.
Ele começa a acariciar meu rosto e me dá um forte abraço.
Me encara, profundamente, e pergunta.

- Você poderia amar alguém novamente?

Não respondo. Mas, meu silêncio já responde sua pergunta.
Ele aproxima seu rosto do meu e, de um jeito suave, nos beijamos.