✞ Meu Doce Psicopata✞ ⇒Jeff The Killer⇐ (Versão Antiga, Cancelada)

Cap 23: Fogo ardente de memória

"Às vezes eu choro
Às vezes eu morro por você
Às vezes eu tento
Às vezes eu minto pra você
E no final do dia me sinto quebrado..."
  – Gnash (Lonely Again)

Seria estranho da minha parte dizer que em dentro de poucos segundos eu já não sentia mais nada? No começo ouvir tudo aquilo doeu, me machucou, ou melhor me matou, literalmente, eu podia me ouvir sangrando sentimentos, chorando pedaços de meu coração e morrendo por lembranças. Mas em poucos minutos, eu me sentia tão morta como se dentro de mim não existisse mais nada vivo. Como uma linda flor, eu era tão colorida de sentimentos, tão viva e cheia de energia, mas ele mudou isso, me regou com seu amargo e torturante veneno e depois me enterrou em seu jardim secreto de vítimas. Exatamente isto, eu me sentia sua vítima. Havia morrido e meu castigo era passar a eternidade com meu assassino e apreciando aos poucos o que ele matou.

Psicopatas não tem sentimentos, suicidas tem mais do que podem suportar, mas e eu? Eu me sentia quebrada, machucada e abandonada, mas ao mesmo tempo era como se eu não sentisse nada. Estava a girar em um carrossel de sentimentos que nunca parava, uma montanha russa que só descia para baixo e nunca subia, este era meu particular e peculiar parque de diversões que antes fosse tão doce, amável e colorido, hoje é apenas um local abandonado e preenchido por sentimentos e lembranças que jamais voltarão.

Se eu fosse uma viciada minha droga seria o Jeff. Me fazia tão mal, me causava inúmeros efeitos nos quais eu jamais queria conhecer. Mas era tão viciante, impossível de resistir. O amor é uma droga, uma droga na qual fumamos mentiras, cheiramos falsidade, e que nos deixa fortes efeitos no corpo, efeitos estes geralmente escondidos por grandes camadas de uma blusa de frio.

Eu costumava acreditar que a solidão matava, mas mesmo quando estava tão cercada de gente eu me sentia incrivelmente morta. Se solidão matasse de fato porque multidões de pessoas não seriam o remédio para isso? Sabe porque não são? Porque a solidão não é algo que se cura com fortes doses de remédios mentirosos e torturantes sessões de conversas falsas com um profissional qualquer. Solidão é como um grande e intenso câncer dentro de nós, um mar fundo e desconhecido, sem fundo, uma vez que você entra apenas se afoga numa falha tentativa de retornar à superfície.

-Vamos voltar para casa? - Jeff pergunta segurando minha mão, antes eu estaria fortemente corada e pirando com este simples gesto, mas agora para mim não passava de apenas um toque, acho que finalmente estou começando a ver as coisas como uma adulta.

Afirmo seu pedido com a cabeça. Não sabia o porquê de não querer falar nada, aquele silêncio incomodava, mas também parecia uma linda melodia aos meus ouvidos, um forte cianeto para meu coração mas uma tranquila dose de minha bebida preferida para mim.

Começo a segui-lo sempre um pouco atrás, pouco me importava se iria me perder de novo, eu me sentia tão trocada. "Primeira garota que veio a minha frente" será que nunca passei disto para ele? Ele até mesmo havia me escondido de seus colegas, sou lhe uma grande vergonha?
Acredito não querer a resposta para esta pergunta. Sempre fui uma vergonha para todos de certa forma. Minha família me via como uma garotinha inocente que se recusava a crescer –estavam eles certos em parte–, meus amigos viam me apenas como uma bolsa de dinheiro e escape para seus problemas, a sociedade já me via de maneira mais honesta: Humana. Apenas humana, era assim que eu queria ser vista por todos. Mas enganar a mim mesma com falsas memórias não fará nada mudar de qualquer maneira.

-Pularia no fogo por mim? - Pergunto em um sussuro para Jeff, quebrando aquele forte e impiedoso silêncio que estava sobre nós.

-O que? -Ele pergunta demonstrando-se confuso.

-Fogo. Pularia no fogo por mim? -Pergunto fazendo questão de encarar seus olhos, dizem que são as janelas da alma, talvez seja por este motivo que eu gostava tanto de olhá-los, a alma de Jeff parecia incrivelmente sofrida e cansada assim como eu. Gostava dela por que me identificava.