6. Te Entreguei Uma Faca e Meu Coração

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                 "E as cicatrizes
               me lembram que o
                      passado é
                           R
                           E
                           A
                          L."
                  —Papa Roach

Ali parado e na incômoda companhia daqueles jovens ainda desconhecidos eu me mantinha em silêncio enquanto minha mente gritava coisas sobre o quão estupido eu era (não que eu já não soubesse apenas me negava a assumir) e o quanto Misaki era um peso morto, que eu deveria ter matado-a quando tive a chance. "Quando tive a chance", engraçado pensar assim, não? Isso faz parecer que agora não o posso mais. É por isto que sentimentos são tão "pesados", eles te prendem a outra pessoa, com correntes como as de um prisioneiro, se ela se afunda se torna sua ancora e leva-o consigo apenas para ter o prazer de se afogar junto de seu querido, se ela leva um tiro lhe dá o desprazer de se banhar em seu sangue e com esse líquido banho vermelho ela marca suas memórias apenas para te matar lentamente a cada dia com isso. Favor não pensar em mim como um maldito pessimista, sentimentos tem sim seus lados bons, posso até citar alguns mas prefiro ser realista.

Sem querer comecei a pensar em todas às vezes em que me disseram "você vai ser condenado ao inferno por teus pecados", afinal, existe mesmo algum inferno? Digo, só ter de viver uma vida toda na terra já não vale por todo o sofrimento que alguém poderia passar? Não acho que chamas ou demônios possam ser piores que as pessoas no final.

-Agradeço de verdade, mas eu já estou bem, não preciso de retorno. -Misaki dizia para a garota numa tentativa de fugir da clínica hospitalar de novo.

-Você não tem jeito mesmo hein?! Bom, se cuida! -A loura disse acenando e abrindo um largo sorriso enquanto zarpava em despedida acompanhada dos dois rapazes que apenas permanceram em silêncio mantendo seus olhares fixos na minha ruiva.

-Obrigada por tudo! -Respondeu erguendo um pouco a sua voz para que a outra pudesse ouvi-la, dando então outro largo sorriso e assim encerrou sua despedida.

E pensar que fui fraco o bastante para naquele momento pensar que ela era linda demais sorrindo. Misaki era minha fraqueza e eu queria me livrar dela, queria matá-la, mas matar ela me matava. Era como se estivéssemos sempre em uma corda bamba, se eu a emburrasse perderia o equilíbrio, assim como que se ela errasse um passo eu também acabaria por cair. Uma rota de mão única com destino a tragédia.

Depois de um longo tempo posso finalmente compreender o porquê de deixar Misaki permanecer ao meu lado. Eu realmente gostava de Misaki, gostava tanto que não queria matá-la apenas uma vez, queria ter o prazer de fazê-lo varias e várias vezes e nada melhor do que matar lentamente a cada dia, com cada atitude grosseira, cada ignorância, cada mínimo detalhe com o intuito de deixá-la mal. Eu amava a ver neste estado, e odiaria a ver morta pois isto acabaria com minha diversão diária.

Lentamente ela dirigiu seu olhar a mim dando-me o prazer de poder observar a inocência presa em seus delicados olhos, aquele verde tão vivo acompanhado de um azul tão intenso, mais acima disto a delicadeza que ambos carregavam, aquilo conseguia me deixar louco em poucos minutos. Tinha vontade de os ter apenas para mim para sempre e ao mesmo tempo queria poder observá-los. Curiosamente esse meu desejo egoísta de sempre querer ter tudo foi o que me deixou sem nada no final.

-Se não se cuidar bem irá ter marcas. -Disse a cerca de seu ferimento e então tratei de quebrar nosso contato visual agora me permitindo vislumbrar o sol que não via há tanto tempo sua luz se encontrava com minha pele em um delicado e caloroso beijo.

Havia sido literalmente um escravo das sombras, um prisioneiro da eterna noite por tanto tempo que nem sequer me lembrava da luz solar, ou do calor bom que jazia de manhã. Ver-me a apreciar coisas tão simples quanto essa só serviam como um lembrete de minha fraqueza e apodrecimento.

-As cicatrizes me lembram que o passado é real. -Respondeu colocando sua mão em meu ombro como quem dava um bom conselho.

-O que há de tão bom em lembrar do passado? -Pensei em voz alta. Se tivesse uma amnésia eu acabaria por agradecer, às vezes uma lembrança pode ser forte o bastante para matar.

-Eu nunca sei se você vai ficar ou ir, o passado é real e não quero esquecê-lo mais. Eu já cansei de fugir. -Ela respondeu dessa vez parecendo distante quase que como se falasse aquilo mais para si do que para mim.

Misaki havia entregado seu coração a mim apenas para que eu pudesse o despedaçar, disso eu não tenho dúvidas, e eu me entreguei a ela apenas para sentir, no fundo meu eu morto sentia saudades da vida mas depois de ressuscitado só pensava em morrer de novo.

***

Já no carro estávamos nos preparando para voltar a aquilo que chamávamos de "lar", sempre considerei esse nome tão clichê, talvez seja inveja por nunca ter pertencido a algum canto.

Ao ligar o carro pude ter a certeza que aquele "som do silêncio" voltaria a reinar entre nós, não que estivesse reclamando, eu gostava da calmaria que ele trazia ao mesmo tempo em que gostava do som de sua voz. Acho que no fundo eu era apenas um poço de indecisão.

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Minha missão era juntar vários caps para compensar pela demora mas essa semana não deu, entretanto, prometo que a próxima postagem terá mais de um para compensar. Desculpem por tudo...

✞ Meu Doce Psicopata✞ ⇒Jeff The Killer⇐ (Versão Antiga, Cancelada) Onde histórias criam vida. Descubra agora