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“Amber?” a minha tia bate à porta do quarto. “É melhor levantares-te, daqui a pouco vamos almoçar”

Já passa do meio-dia. Ultimamente tem sido sempre assim, raramente acordo cedo. Muitas vezes durmo até meio da tarde. Não sei bem porquê, não é propriamente sono, ou cansaço. Mas pelo menos a dormir o tempo passa, e não tenho que enfrentar os problemas. A dormir é tudo mais fácil.

Abro a janela do quarto e os raios de sol entram. Não me importava de me mudar para aqui. Sei que reclamei por vir passar cá estes dias, mas não me importava de viver cá, com todas as minhas coisas, e com os meus amigos. Poucos, mas ainda assim importantes.

Olho pela janela e reparo na cadela de ontem a vaguear lá fora. Eu sempre quis um cão, acho que devo aproveitar agora que tenho um perto de mim. Visto umas leggings simples e uma t-shirt e vou rápido lá para fora, antes que a Daisy se vá embora.

“Bom dia Amber” o meu tio diz quando chego à sala.

“Bom dia” eu simplesmente respondo, dirigindo-me para a saída.

“Onde vais? Ainda agora acordaste!” ele interrompe-me.

“Vou lá fora um bocado. Acho que apanhar sol e ar fresco não me deve fazer mal!” odeio que comecem o dia a chatear-me, odeio que me estraguem o dia.

Quando chego ao caminho já não vejo a Daisy. Começo a caminhar na esperança de a encontrar.

De repente ela aparece com um brinquedo na boca.

“Olá Daisy! Queres brincar?” eu pergunto. Sempre achei adorável o contacto com os animais. Há quem ache uma estupidez falar com cães ou gatos. Eu sinceramente, acho que por vezes é muito melhor do que falar com pessoas.

A cadela abana o rabo, e eu atiro o brinquedo para longe. Daisy corre até ao local onde o brinquedo caiu, regressando logo de seguida até mim. Estivemos nisto durante alguns minutos. E por momentos até me esqueci que a minha vida é uma treta.

“Linda menina Daisy” eu digo quando ela me devolve novamente o brinquedo.

“Daisy?” vejo o rapaz de ontem, Liam, aproximar-se. “Eu sabia que te ia encontrar aqui cadela malandra. Ela gostou mesmo de ti”

“Eu também gosto muito dela, é uma cadela muito esperta.” Eu respondo. Apetece-me dizer-lhe que gostava de ficar com a cadela para mim, mas eu sei que isso é uma estupidez.

“Eu sei que é. Sabes, foi buscar a inteligência ao dono” ele diz, fazendo-me sorrir. É raro eu sorrir, ultimamente.

“Então, porque é que vieste para cá?” o Liam pergunta-me.

“Eu… Por nenhuma razão especial. Vim visitar os meus tios, e estar perto da praia” eu respondo. Sei que não é propriamente a resposta correta, mas se lhe disser a verdade ele vai reagir como toda a gente, e para já ele e a Daisy são os únicos que me têm feito sentir normal.

“E pelos visto vieste arranjar uma nova amiga” ele diz, referindo-se a Daisy.

“Acho que sim” eu sorrio. Uma amiga por 15 dias. “Bem, vou andando, os meus tios devem estar à minha espera para almoçar”

“Tens planos para esta tarde?” ele pergunta.

“Hmm, não, nada de especial” sim, tenho planos, ficar enfiada no quarto a ouvir música, ou caminhar pela praia, se não houver muita gente.

“Se quiseres podemos ir dar uma volta por aí, posso mostrar-te os melhores recantos da praia” ele sugere. O facto de conhecer ‘os melhores recantos da praia’ agrada-me. O facto de ter que conviver já não é tão apelativo. Mas suponho que não custa tentar.

15 days (Liam Payne)Onde histórias criam vida. Descubra agora