Já deve ser quase hora de almoço. Já estou acordada há algum tempo, mas ainda continuo na cama, sabe bem. Sabe bem pensar em tudo o que se passou nos últimos dias.
Quando vim para aqui nunca pensei que isto fosse ser assim. Nunca pensei que iria conhecer alguém, conhecer o Liam. E nunca pensei que me pudesse sentir feliz como me sinto.
Quando finalmente me levanto, visto uma roupa e vou até lá fora. Pela primeira vez desde que aqui cheguei não está sol. O céu está cinzento, e o tempo está mais frio.
…
No fim do almoço, decido ir dar uma volta pela praia. Apesar do tempo, sei que caminhar na areia junto ao mar faz-me sempre sentir bem.
Não tenho nada combinado com o Liam, mas eu sei que ele vai aparecer. Ele aparece sempre.
“Boo” eu ouço, assustando-me.
“Parvo!” eu digo, quando me viro e vejo que é o Liam.
“Aqui o parvo foi à tua procura a casa dos teus tios” ele diz. “Pensei que tinhas fugido”
“Fugir?”
“Sim, eu não sabia de ti”
“Mas encontraste-me”
“Eu encontro-te sempre Amber” ele diz, e sorri. É verdade, ele encontra-me sempre. Ele encontrou-me quando aqui cheguei, ele encontra-me a cada dia que passa.
“O que vamos fazer hoje?” eu pergunto.
“Vamos andar por aí, pela praia.” Ele responde-me, soltando a Daisy da trela para que ela possa correr à vontade.
“Estranho” eu digo, fazendo uma cara de surpreendida.
“Estranho o quê?”
“Não teres nada estúpido em mente. Normalmente as tuas atividades de diversão deixam-me sempre apreensiva. Desta vez gosto da ideia de caminhar pela praia”
“Não te preocupes que entretanto eu lembro-me de alguma coisa estúpida para fazermos” ele ri. Não sei se isto é sequer possível, mas o seu sorriso é contagiante. Mesmo que eu não queira, sinto-me a sorrir só com o som da sua gargalhada.
Começamos a caminhar. Não estava ninguém na praia, éramos apenas nós. Eu, o rapaz que me faz feliz, e a Daisy. Gostava que isto fosse assim para sempre. Mesmo que o meu ‘para sempre’ seja muito curto, gostava que fosse assim até ao final.
“Hoje o tempo está uma porcaria, não é?” o Liam pergunta, quebrando o silêncio que se prolongava há já alguns minutos.
“Liam, não vamos falar sobre o tempo, certo? Assim parecemos dois velhos” eu digo, gozando.
“Ai é?” ele pergunta, dirigindo-se até mais próximo do mar, dando depois um chuto na água, de modo a molhar-me.
“Idiota!” eu grito, atirando-lhe também com água.
Ele agarra em mim de repente, pondo-me no seu ombro, e começando a caminhar em direção ao mar.
“Liam, larga-me!” eu grito, dando-lhe leves murros nas costas.
“Vingança Amber!” ele ri.
“Liam, nem te atrevas a atirar-me à água!”
“O que é que me fazes?”
“Eu… Não sei, mas vais-te arrepender!” eu digo. Quero tentar parecer zangada, mas simplesmente não consigo. Tudo isto me faz sorrir.
Ele pousa-me então novamente na areia, soltando gargalhadas, e gozando comigo.