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Acordo com os raios de sol a entrar pelas fendas da janela. Reparo que já é quase hora de almoço. Devia aproveitar cada momento para estar com o Liam, mas em vez disso apenas passo as manhãs a dormir. Odeio isto, odeio ficar tão cansada tão facilmente, e precisar de dormir este tempo todo.

“O Liam não veio cá?” eu pergunto à minha tia assim que chego à cozinha.

“Sim, ele passou por cá”

“E porque é que ninguém me acordou?” eu pergunto. Eu sabia que ele ia passar cá, eu sabia que ele me vinha buscar. Só queria que alguém me tivesse chamado.

“Tens andado muito cansada, precisas de descansar. Não te ia acordar. Tens mais tempo para estar com ele”

“Tempo é o que menos tenho. Não sei se a tia se lembra, mas eu vou morrer.” Eu digo. Gostava tanto que as pessoas à minha volta percebessem o quão bem me faz estar com o Liam. Gostava que percebessem que ele me faz muito melhor do que qualquer momento de descanso. Um minuto com ele é muito melhor do que mil horas de descanso, do que qualquer medicamento.

“Amber, já sabes…”

“Sim, já sei que estão todos muito preocupados, tudo é para o meu bem” eu digo e começo a andar em direção ao meu quarto.

“Ele pediu-me para te avisar para ires ter com ele à praia, à tarde” a minha tia diz e eu sinto-me a sorrir.

 No fim de almoço visto uma roupa, e preparo-me para ir ter com o Liam à praia.

Começo a caminhar em direção ao areal. Parece tão irónico que neste momento da minha vida, em que tudo está a chegar ao fim, eu tenha perto de mim coisas que me fazem bem. Tenho a praia, que me acalma. E tenho o Liam, que me dá vida. Se eu não tivesse que morrer em breve, poderia imaginar o meu futuro assim, com o Liam, a viver perto da praia. Penso nisto e formam-se imagens tão perfeitas na minha mente. O problema é que isto nunca vai acontecer.

De repente avisto o Liam sentado na areia. Tem à sua beira alguém, uma rapariga. A rapariga de ontem, Rose. A ex namorada dele. Estão os dois sentados na areia, um à beira do outro, com a Daisy a passear à sua volta. Parecem um casal de namorados. É uma imagem bonita, mas que me dói.

Dói-me porque não sou eu, porque sei que não vou ser eu no futuro. Dói porque sei que ele vai ter alguém com ele, e não posso ser eu.

Fico a olhar para eles durante alguns minutos.

Dói-me, apesar de saber que não é nenhum tipo de traição, dói.

Dói porque ainda há pouco estava a imaginar como seria o meu futuro, se eu pudesse tê-lo.

Dói porque a vida me está a mostrar que não posso ter um futuro, a vida está a mostrar-me que não vou ter o Liam.

Dói mais do que ter cancro, mesmo que o cancro seja o culpado.

De qualquer das maneiras sei que o Liam tem que ser feliz, sei que vai ter alguém no futuro. Sei que eu estou só de passagem na sua vida.

Olho uma última vez para eles e começo a caminhar, de volta a casa. Mesmo que o Liam tenha dito para eu vir ter com ele, neste momento só quero fechar-me no meu quarto, deprimir e pensar no quanto eu odeio o cancro.

De repente ouço a Daisy a ladrar, olho para trás e vejo-a a correr em direção a mim.

“Amber!” o Liam chama, e começa a caminhar, seguido pela Rose.

“Amber, ias-te embora?” ele pergunta-me.

“Eu… Sim, tu estás acompanhado e eu não quero…”

15 days (Liam Payne)Onde histórias criam vida. Descubra agora