Acordo com o braço do Liam por cima de mim. Sorrio ao olhar para ele enquanto dorme. Vou sentir falta dele, vou mesmo. Mas nunca me vou arrepender de o ter conhecido. Ele vai ser de certeza a melhor coisa que me aconteceu na minha vida, mesmo que ela seja curta.
“Muito bem, a sorrir logo de manhã” o Liam diz de repente.
“Parvo, pensei que estavas a dormir”
“E estava, mas acordei.” Ele diz, rindo-se.
“Idiota”
“O idiota vai preparar o pequeno-almoço”
“Eu ajudo o idiota”
“Não é preciso”
“Mas eu quero” eu insisto. Porque quero estar todos os segundos possíveis perto do Liam, porque isso me faz sentir bem.
“Liam, o que vamos fazer hoje?” eu pergunto enquanto tomamos o pequeno-almoço.
“Não sei. Podemos ir para a praia” ele sugere.
“Gosto da ideia”
“A que horas te vais embora?” ele pergunta, e o pensamento de me ir embora faz-me sentir fraca, triste, assustada, mesmo que eu já esteja pronta para isso.
“A minha mãe disse que estava cá ao fim da tarde. Ainda tenho que ir a casa dos meus tios pôr as minhas coisas prontas”
“No fim de almoçar vamos até à praia, e depois passamos na casa dos teus tios.” ele diz. Eu estou pronta para ir embora, ou pelo menos quero acreditar que sim. Vai custar, mas sei que tem que ser.
Passamos o resto da manhã deitados no sofá a ver televisão. Normalmente não gosto de ver televisão, nada é interessante para mim, mas o simples facto de estar com o Liam, muda tudo.
“Podemos ficar assim para sempre?” eu pergunto, como que se deixando escapar um pensamento.
“Por mim sim.” O Liam diz, e sorri. Um sorriso sincero e lindo. Um sorriso onde eu me perco.
“Porque é que a morte existe, Liam?” eu pergunto, mesmo sabendo que é uma pergunta estúpida, eu sei que sim.
“Porque faz parte da vida”
“É irónico isso. A morte faz parte da vida. Quase que nem faz sentido isso, depois da morte, já não há vida. É estúpido a morte fazer parte da vida”
“Tens razão. A vida é irónica, é uma estupidez, mas é assim.” O Liam diz. Isto é outra das muitas razões porque eu gosto dele. Ele compreende-me, ele fala comigo sobre a morte. Ele não é como as outras pessoas que me querem fazer acreditar que não vou morrer, quando toda a gente sabe que sim. Ele sabe que eu vou morrer e não argumenta contra isso.
“Devia haver uma idade fixa para morrermos. Devíamos morrer todos aos 100 anos. Nem antes, nem depois. Era mais justo”
“Isso seria estranho. Imagina teres que aturar uma pessoa que não suportas, ou alguém mesmo mau, até aos 100 anos.” Ele diz, e eu rio com a sua teoria.
“Ok, tens razão. Mas também não é justo uma pessoa super querida e simpática morrer demasiado cedo”
“Porque é que estamos mesmo a falar sobre isto?” o Liam pergunta. Sinto que ele não quer falar mais sobre morte. E no fundo acho que o compreendo.
“Não sei” eu rio.
“Está quase na hora de almoço” ele diz.
“Podemos encomendar uma pizza?” eu pergunto, agindo como uma criança.