Éramos tudo que os outros queriam ser. Existia algo entre nós — que todos podiam perceber — menos nós mesmos. Nós não tínhamos somente laços — tínhamos vários nós — que nos prendiam um ao outro. Éramos inseparáveis. Todos os dias, todas as tardes, e todas as noites. Era como se existisse um imenso universo dentro dos nossos olhos. Somente com um olhar já sabíamos o que fazer. Mas o relógio foi cruel conosco. A nossa data de validade estava próxima.
O tempo foi passando, e nossos nós foram desembolados. Agora possuíamos somente laços de tecido fino, frágeis, que podiam rasgar em qualquer momento. Você era meu refúgio. A única coisa que eu tinha. E tudo funcionou muito bem — durante um tempo. Nós vencemos — estragamos. Viramos alimentos que não poderiam ser mais provados. Não sei como isso aconteceu. Nossa linha do tempo teve um longo e triste fim. O mais triste, é que nós mesmos não valorizamos o suficiente nossos nós entrelaçados.
Tínhamos algo muito intenso entre nós. Entre laços, amarrados e presos em nossos medos, amores, aflições e opiniões. O que eu não sabia, é que éramos apenas um acaso. Um acidente qualquer, que teria um doloroso fim. Formávamos um belo desastre. Um belo nó no meio de um laço.
Queria que isso tivesse sido apenas o imaginário.
Agora, me pergunto: Fui eu quem me afastei, ou você que foi ficando cada vez mais longe?
