8.| Vazio

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Lá estava, um quarto vazio. Tal como o coração do homem ali. Ele não sabia a razão - e até hoje não sabe. Jovens deveriam ser imperativos, com energia de sobra. Mas ele não tinha isso fazia muito tempo. Não foi alguém que acabou com o que ele tinha. Foram várias pessoas, muitas pessoas.

Muitos corações vazios retiraram a energia boa que existia dentro dele, ao longo do tempo. De primeira, ele sofria. Depois, se acostumou com as pessoas lhe dizendo o que fazer, como agir, quem ser. Mas quem eram eles?

Eram rótulos vazios. Sem conteúdo. Sem nada de bom a oferecer-lhe. E pensavam que eram alguém. E, o mais triste desta história, é que eles conseguiram o que queriam. Moldaram uma mente, e um coração. Que antes, era cheio de cor, e até ontem, não passava de preto e branco.

Eram como bonecos de plástico. Idênticos. No modo de vestir, falar, pensar, agir. Muitos, ainda não sabiam que eram programados para viver daquela forma. E assim continuaram, por sua vida inteira, vivendo vidas medíocres e sem sentido algum.

Mas o homem ali, mesmo sem sementes ou mudas, tentava florescer. Ele percebera, que, mesmo com os outros tentando o mudar - sua personalidade era muito forte. E não poderia ser mudada. Nunca. E não devia. Jamais.

Quem ele deixou de ser? Quem será dali para frente? Talvez quem ele poderia ter sido. Talvez alguém que sempre quis ser. Talvez poderá, finalmente, ser quem ele é.

O vazio havia o preenchido de forma assustadora. Mas ele sabia que ainda tinha algo de si mesmo. Que, algum dia, isso iria aparecer. E apareceu. De forma não muito cautelosa, porque os outros não sabiam. Mal sabiam que não existiam somente pessoas programadas para fingir emoções.

Por uma vez na vida, ele conseguiu. Conseguiu sentir de verdade. Conseguiu ser quem ele era. Já não ligava mais para quem era programado. Porque eles, não tinham, e ainda não têm nada. Enquanto ele, possui uma história pra contar, e sentia que poderia viver o suficiente. O suficiente para não ser frágil como papel, e supérfluo como pessoas de plástico. O suficiente para não ser vazio.

Perdoe-meOnde histórias criam vida. Descubra agora