Estava terminando de pintar o quadro quando o telefone tocou. Limpei as mãos na calça e fui atender. Era minha mãe avisando que chegaria mais tarde pois ela iria em uma lanchonete com duas amigas.
Desliguei o telefone e fiquei feliz por minha mãe estar saindo de casa. Fazendo algo fora de sua rotina.
Finalizei o quadro e fiquei olhando. Não era o melhor quadro que já havia feito, mas tinha estava bonito.
Tinha cores bonitas, estava vivo. Parecia querer viver.
— Magnoria!! Magnoria!! - uma voz me chamava no portão de casa. Seu timbre soava como se a pessoa estivesse em mais completo desespero.
Franzi a testa, e pela janela da cozinha vi Thomas. Mais inquieto que o normal. Seu cabelo loiro balançava sem direção definida com o vento forte que fazia lá fora.
Ele parecia estar prestes a desabar. Nunca havia visto ele daquele jeito. Ele não trazia sua expressão travessa e alegre. Não. Era algo totalmente diferente. Ele parecia atordoado.
Sai de casa e fui em sua direção. Ele tentou sorrir quando me viu... Ah Thomas.
— O que aconteceu? - Ele tentou falar, mas não conseguia. Seus olhos enchiam de lágrimas e ela respirava findou - Vem Thomas, está muito frio aqui fora. Vamos entrar.
Ele me seguiu. Suas pupilas estavam dilatadas e ele estava mais perto de entrar em um colapso do que a poucos minutos.
— Vou pegar água pra você tá? - ele negou com a cabeça, ainda sem conseguir falar.
Ele sentiu no sofá e eu sentei do seu lado.
Sua respiração estava densa. Suas pernas balançavam. O silêncio caiu e eu senti que era a coisa mais sensata a se dizer.
Ele olhava para baixo, mas, mesmo sem conseguir olhar em seus olhos sabia que seu olhar inquieto vagava de um lado para o outro do chão.
Foi quando vi um gota cair no chão. Era isso. Ele estava chorando. Ele chorava de maneira silenciosa.
O abracei, sem dizer uma só palavra. Não queria forçá-lo a dizer algo e também não queria parecer indiferente. Um abraço me pareceu sensato.
Ele me abraçou de volta. Um abraço apertado. Como para realmente ver se eu realmente estava ali.
O abracei ainda mia forte como resposta.
— Desculpa Mag... - ele disse limpando o rosto com as mãos. - Eu só, não sabia o que fazer.
— Quer me dizer o que aconteceu? Conversar pode ajudar sabe...
Ele não conseguia parar quieto. O que era normal para ele mas não daquela maneira. Não era natural. Não era natural.
Ele passava a língua nos lábios como prelúdio para dizer algo, mas esse algo não saia de sua boca.
Era agonizante vê-lo naquela situação. Seis olhos vagando de um lado para outro, seu peito subia e descia. Respirar parecia doer.
— Desculpa. Eu não deveria estar aqui. Sou uma pessoa ruim Mag. Uma pessoa ruim.
Ele se levantou de maneira abrupta como para sair de casa. Ele falava de maneira rápida, como se as frases não tivessem conectadas uma com as outras.
Me levantei e o puxei para mim. Não pudim permitir que ele saisse daquela forma. Estava fora de cogitacao.
— Thom!! Você consegue me ouvir?- ele parecia perdido, fora da realidade. Não sabia como agir.
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Mais que respirar
General FictionHá um ponto em que nos perguntamos porque vivemos, porque tentamos e porque lutamos, e algo dói quando não se consegue encontrar a resposta. É assim que Magnoria se sente, vivendo em profunda agonia rodada por conflitos internos que a deixam mai...