– Diga a ela. – insistiu Lady Danbury – Não seja estúpido! Eu já não tenho mais forças para planejar algo que irá uni-los, estou velha demais para isso, então vou ter que ir direto ao ponto. Geralmente eu sou mais sutil.
– Sutil?! – exclamou ele. Oliver não podia acreditar que aquela palavra estava saindo da boca de lady D, não quando ela a usava para referir-se a si própria.
– Fique você sabendo. – retrucou Lady D, num tom irritado. – Que no passado, muitos casais finalmente caíram em si e ficaram juntos graças as minhas artimanhas, e eles sequer davam conta disso. É um dom.
– Devido à sua maneira sutil de agir. – ele comentou sarcasticamente. – é claro que acredito na senhora.
Ele não acreditava.
– Insolência à parte. – disse a condessa, de mau humor. – Você não teria a metade dos primos que tem se não fosse por mim, rapazinho. E também, se não fosse por mim, Isabella nunca teria nascido.
Incomodado, Oliver descruzou as pernas, notadamente agitado, e então tornou a cruzá-las, no sentido contrário.
– Rá! – Outra vez lady D fez uso de sua sílaba predileta. – Interessante. – acrescentou, dirigindo a ele um sorriso vitorioso. – É esclarecedor ver a forma como seu corpo reage a ideia de um mundo em que minha bisneta não exista.
Ele se deteve de responder qualquer coisa em sua defesa. Não adiantaria. Lady Danbury era ardilosa demais para que ele pudesse vencê-la. E era obstinada até o último fio de cabelo branco de sua cabeça.
– Se a senhora deseja mesmo bancar a bisavó casamenteira. – Oliver suspirou, subitamente cansado. – Sugiro que direcione seus esforços para alguém com quem Isabella realmente gostaria de casar-se.
Lady D revirou os olhos.
– É exatamente isto que estou fazendo seu idiota.
Aquela declaração o confundiu. Ele não entendia. Certamente era o último homem com quem Isabella desejaria se casar.
– Perdão? – perguntou, aturdido.
Antes que Lady Danbury fosse capaz de responder, ou ao menos dizer "humpf", sua bisneta estava de volta à sala, trazendo sua bengala.
– Aqui está. – anunciou ela, entregando o objeto a Lady D – Agora eu preciso ir, bisa. Tenho que me arrumar para o baile.
– Espere só um instante, Bella. Antes de partir, Oliver tem algo que deseja nos dizer.
Resistindo ao impulso de estrangular uma senhora idosa, Oliver contraiu o maxilar, se sentindo desconfortável. Enquanto Isabella o encarava com curiosidade, alheia as maquinações de lady D, crescia nele um medo totalmente fundado de fazer papel de idiota.
– Eu... – Oliver fez uma pausa, indeciso. – Eu apenas gostaria de agradecer por esta tarde. A condessa é uma companhia adorável.
Então, a companhia adorável pegou sua bengala e a acertou diretamente no joelho dele.
– Ma dai!* - exclamou Isabella, em italiano.
– Agradeço a visita. – terminou Lady D, áspera.Capítulo 4
O baile de aniversário de Violet Bridgerton é um dos eventos mais esperados de Londres. Ninguém que se preze ousava recusar o convite para a comemoração. Aquele baile, em especial. Enquanto se arrumava – com uma dedicação nunca antes vista – Isabella tentava controlar a ansiedade. O baile seria a última etapa da aposta. Era uma espécie de fim para o que quer que seja que houvesse começado naquela manhã. E ela não estava pronta para dizer adeus.
– Você está deslumbrante. – Seu pai a elogiou enquanto subiam as escadas da casa Bridgerton. – É provável que receba mais um pedido de casamento desse jeito.
Ela sorriu para Gareth.
– Com certeza seu cartão de dança será logo todo preenchido. – Opinou Hyacinth, esperançosa. – Por favor, atenha-se aos nomes da lista. São todos ótimos partidos.
A lista de pretendentes. Isabella se encolheu um pouco, lembrando que estariam ali, examinando-a, julgando, da mesma forma, se ela era "um ótimo partido". Às vezes ela se perguntava se seu nome estaria escrito em alguma lista do gênero, e quantas vezes seu nome já teria sido riscado. Afinal de contas, para que servia uma lista? O que um pedaço de papel tinha a ver com o amor? Sua mãe argumentara que se tratava de um direcionamento, mas ela preferia usar seu coração como bússola.
O amor existia. Bastava observar a maneira como o duque de Hastings olhava para sua tia Daphne. Ou sorriso radiante que tia Sophie concedia toda vez que tio Benedict lhe sussurrava algo ao ouvido. Agrrh! Ou então, era só lembrar quantas vezes ouviu seu pai dizer "Gareth, sim? Ou Gareth, não? E sua mãe lhe responder "Gareth, mais..." quando pensavam que ninguém os estivesse ouvindo. O amor podia ser bem embaraçoso, na opinião de Isabella. Mas ela queria amor, de toda maneira.
Os primeiros momentos do baile, ela passou junto à família. Havia algumas jovens que conhecia no salão, mas não eram suas amigas. Portanto, preferia estar cercada dos Bridgertons.
– Você preparou um discurso para mamãe? – sua tia Francesca perguntou a Anthony.
– Não. – ele respondeu tranquilamente. – Resolvi que este ano o discurso será feito por outra pessoa.
– Quem? – inquiriu Colin Bridgerton. – Não é nenhum dos nossos irmãos, não me lembro de ouvir nenhum deles se gabando sobre isso.
– No momento oportuno você saberá. – disse o visconde.
Colin arqueou as sobrancelhas.
– Como filho preferido, sou eu quem deveria discursar, obviamente. – reclamou.
– Humpf! – exclamou Hyacinth, com desdenho.
Benedict, que estava ao seu lado, gemeu.
– Você está idêntica à lady Danbury. – disse a Hyacinth.
– Obrigada. – ela sorriu abertamente.
– Não foi um elogio. – contrapôs ele, e logo se virou para Gareth. – Sem ofensa.
Gareth riu.
– Não me ofendeu.
Sophie resolveu mudar de assunto, para amenizar a falta de tato do marido.
– Se lady Whistledown ainda estivesse em ativa acredito que já saberia quem irá fazer o discurso. – comentou, cutucando Penélope com o braço.
– Provavelmente. – Penélope riu.
– Algum de vocês viu o Oliver? – Isabella interrompeu a conversa. Não conseguia mais esperar.
– Ele está jogando carteado com Edmund, no salão dos homens. – Anthony respondeu.
– Ah, certo. – disse ela, tentando encobrir a decepção.
– Agora que você mencionou, Bella. – Colin virou-se em sua direção. – Oliver havia me pedido para avisá-lo assim que você chegasse, eu acabei me esquecendo.
– Tio Colin! – exclamou ela. – Eu cheguei ao baile já faz quinze minutos!
Ele a encarou, achando graça da sua reação exagerada.
– Eu não imaginava que era assim tão importante. Me desculpe.
Era importante. Claro que era. Quinze minutos com Oliver era uma preciosidade.
– Aceito as desculpas. – se apressou em dizer. – Agora vá avisá-lo que cheguei.
– Sim, senhora. – Colin fez uma reverência teatral.
Enquanto via seu tio se afastar, Isabella não deixou de notar o olhar de compreensão que sua avó lhe dirigiu, sem dúvidas lembrando-se da conversa que tiveram.***
– Ela chegou? – Perguntou Oliver, assim que seu tio cruzou a sala de jogos.
– Sim. – respondeu Colin.
E então, com o intuito de provar sua recente teoria, completou:
– Isabella chegou há uns quarenta e cinco minutos, mais ou menos. – mentiu.
– Maldição! Inferno! – praguejou ele, fulminando o tio com o olhar. – Sabia que devia ter pedido o favor ao tio Gregory.
Mesmo se Colin quisesse retrucar, não haveria possibilidade, pois Oliver saiu em disparada, rumo ao salão.
Colin Bridgerton franziu o cenho, surpreso.
– Ora, ora...Oliver chegou ao salão de bailes em questão de segundos. Seu olhar varreu todo o recinto a procura dela. E lá estava ela. Dançando com outro homem.
* Ma dai = mãe do céu.
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[FANFIC] A rebelde Isabella St. Clair
Fanfiction*** TODOS OS CAPÍTULOS POSTADOS *** Essa é uma fanfic inspirada nos personagens da série Bridgertons da Julia Quinn. Espero que gostem 😉 Quando os sangues de Hyacinth Bridgerton e Lady Danbury se misturam... Isabella St Clair tem fartos motivos par...