Capítulo 7

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O segundo beijo foi inesquecível. Isabella se pegava pensando em alguns momentos se não era um sonho, mas então Oliver envolvia sua cintura com os braços, e ela sentia o calor do corpo dele contra o seu. Aquilo era real. A boca dele despertava cada célula de seu corpo, às vezes com leves mordidas em seu lábio inferior, instantes depois ele a estava beijando por toda extensão do pescoço, venerando cada reentrância, como se tivesse vivido longos anos esperando por aquele momento.
- Ho bisogno di te* - Isabella balbuciou em italiano, enquanto entrelaçava os dedos no cabelo espesso dele. - Oliver... eu...
- Sim, minha Bella. - ele deslizou a língua por todo horizonte que separava o seu decote da pele exposta. - Diga o que quer de mim e eu lhe darei.
- Ho aspettato tanto per baciare a te** - confessou na língua de origem da mãe de seu pai, ela nem se dava conta de qual idioma usava. - Me beije.
- Você prefere que eu vá devagar ou quer que eu faça do meu jeito? - A voz dele soou rouca, e inundada de desejo.
Isabella não fazia ideia o que cada opção proporcionaria, no entanto, não teve dúvida.
- Do seu jeito. - anunciou ela.
Daquela vez, antes de sua boca a tocar, Oliver desabotoou seu vestido e desfez o laço de seu espartilho. A peças desceram até a cintura, revelando seus seios volumosos. Ele a beijou ali, sugando seus mamilos até estarem rijos de prazer. Ela arquejou, a medida que a língua dele explorava, dominava, marcava toda plenitude de seu busto.
- Você tem aroma de jasmim. - Oliver gemeu contra a pele da nuca dela - Não bastasse ser malditamente bela, ainda exala o perfume de uma flor.
Ele a conduziu até uma parede e a pressionou entre a pedra gelada e o seu corpo fervilhando. A mistura de temperaturas fez Isabella arfar de satisfação, agarrando seus ombros fortes.
- Oliver... - ela suspirou, extasiada. A evidência do desejo dele roçou contra sua perna, fazendo seu coração disparar. - Oh...
- Eu a quero. - vociferou ele, a encarando nos olhos.
Isabella levou alguns segundos para digerir aquelas palavras. 
Ele não parava de enlouquecê-la, pegou o bico do seu seio, usando o polegar e o indicador e a provocou. Sorrindo, Oliver presenciou ela se dissolver ao seu toque. Tão inexperiente, tão entregue. Ela não escondia o desejo que sentia. Ele a admirou por isso.
- Você me quer. - Não era uma pergunta, ele simplesmente afirmou com confiança.
E sorriu quando a viu corar.
Oliver não podia acreditar na sorte que tinha. Supôs que conquistá-la exigiria excessivo esforço, além de práticas de cortejo, as quais ele nunca fora muito bom. Contudo, ela já era praticamente dele.
- É melhor pararmos. - ele reuniu força suficiente para dizer, afastando seu corpo do dela. - A nossa família toda está lá embaixo. Não seria agradável sermos flagrados nestas circunstâncias, pelo menos não antes de eu falar com tio Gareth.
- Você irá falar com meu pai? - Isabella exclamou, tentando controlar a alegria.
Ele concordou com a cabeça.
- Eu jamais teria tomado tais liberdades se não tivesse a intenção de pedir sua mão ao seu pai.
Enquanto a ajudava a recolocar suas vestimentas, Oliver pôde sentir o corpo dela se retesar um pouco.
- O que foi? - ele indagou, parando o que estava fazendo e voltando-se para encará-la. - Algo te aborrece?
Isabella deu de ombros, constrangida.
- Você não acha que antes de fazer o pedido ao meu pai, deveria pedir a mim primeiro? -
Então era isso que a incomodava.
- Evidentemente. - concordou ele, na defensiva. 
Oliver pigarreou, sem saber quais frases formular. Nunca havia pedido uma mulher em casamento anteriormente. Como seu pai, ele não era hábil com as palavras.
- Eu ficaria honrado se você aceitasse ser minha esposa, Isabella. - declarou, esfregando uma mão na outra nervosamente.
Ela deu um passo na direção dele.
- E...? - estimulou que continuasse seu discurso.
- E... - ele repetiu de má vontade. - Eu acabo de fazer o que me pediu, lhe propondo primeiro.
Ela fez uma careta.
- Isso é tudo o que tem para me dizer? - perguntou entre os dentes.
- Eu já disse que gosto de você, Isabella. E acabo de deixar bem evidente o quanto a desejo. Do que mais você precisa?

As palavras dele a feriram. Ou melhor, a ausência de determinadas palavras foi o que lhe causou dor. Ele não mencionou nenhum sentimento significativo. Claramente não diria a palavra que começa com a letra 'a', que era tudo que ela desejava ouvir. Isabella o amou por muitos anos em segredo, esperou que o sentimento se extinguisse, mas continuava presente e vivo. Tentou mantê-lo afastado se comportando mal. Nunca ousou se iludir que um dia fosse possível tê-lo. Mas bastou ele abrir os braços, que ela correu em sua direção. E o que ele lhe oferecia em troca? Absolutamente nada. Porque um casamento sem amor não tinha nenhuma importância para Isabella. Ela sentiu-se terrivelmente decepcionada naquele instante. Oliver a conhecia havia cerca de dezenove anos. Ele teve vários anos para descobrir algo nela que fosse digno de seu amor. Entretanto, não encontrou coisa alguma. Pois se tivesse encontrado, certamente seu pedido de casamento teria mais que apenas dez palavras. Sim, ela havia contado.

Não existia esperança. Ele a conhecia. Se ele não a amava naquele dia, não a amaria nunca. E Isabella não se sujeitaria a uma vida ao lado de um homem que desejasse que ela agisse como alguém diferente.
Como uma brisa.
- Não. - ela orgulhou-se do tom firme de sua voz. - Eu lhe agradeço, mas não posso aceitar me casar com você.
- Perdão? -  além de italiano, aparentemente, ela também falava mandarim, pois ele não a entendia.
- Eu não aceito seu pedido.
Ah.
Oliver corrigiu a postura, endireitou a gravata, passou a mão pelos fios desalinhados de seu cabelo, limpou uma poeira invisível de sua casaca e só depois, enfim, foi capaz de dizer algo.
- E eu posso ao menos saber o motivo de sua objeção? - Oliver lhe dirigiu um olhar severo, carregado de  mágoa e humilhação.
Apesar de passar a maior parte da vida considerando que ela não gostava dele. Aqueles momentos ali no terraço o deixaram com expectativa.
Isabella mais uma vez seguiu o conselho de sua avó Violet e contou até dez.
- Porque eu amo você, Oliver. - Ela respondeu, com franqueza. - Porque eu te amo há muito tempo.
Ele tinha certeza que o idioma pronunciado era o inglês, no entanto, mesmo assim foi a coisa mais estranha que já ouviu.
- Você não vai se casar comigo porque me ama? - ele tentou recapitular, buscando entender a lógica dela.
Ela sorriu minimamente, ao mesmo tempo que uma lágrima solitária descia pelo seu rosto.
- Para ser mais precisa, eu não vou me casar porque você não me ama.
Ele abriu os lábios para dizer algo, mas tornou a fechá-los. O impacto daquelas palavras ainda causava efeitos nele. "Eu amo você" foi uma declaração que  jamais esperou ouvir de uma mulher. Nem mesmo da mulher a quem propusesse matrimônio. Mas Isabella mais uma vez o surpreendeu, Oliver sempre soube o quão franca era, porém, a maneira como ela olhou no fundo dos seus olhos e disse sem reservas o que sentia era inacreditável.
- Você sabe que eu não sou bom com esse tipo de conversa, Isabella. - justificou-se, desesperado para que algo a fizesse voltar atrás. - Não deve levar minha falta de eloquência em consideração.
Ele a viu piscar, consternada. Desejou ir até ela e tocá-la, consolá-la.
- Vamos tentar algo novo então. - Ela engoliu em seco antes de prosseguir - Faremos assim: eu faço a pergunta e você acena com a cabeça, gesticulando sim, ou não. - respirou fundo - Você me ama?
Cada osso do pescoço de Oliver se enrijeceu, como se sua estrutura fosse composta de pedra. Ele se esforçou, não queria que ela se magoasse mais, no entanto, não conseguia se mexer.
Ele não se movia.
Nem sequer piscava.
- Entendido. - ela deu de ombros, desanimada.
O que tinha de errado com ele?
Se Oliver de fato pudesse se movimentar naquele instante, daria um soco em si próprio por ser tão covarde. Ela ao menos merecia uma resposta honesta da parte dele.
- Você não me convidou para dançar hoje. - Ela o acusou, rispidamente. - Nunca me convidou, aliás.
Quando ele se prontificou para responder, Isabella o impediu com um gesto de mão.
- Deixe-me terminar, por favor. - ele assentiu e ela continuou - Você também não me questionou sobre minha discussão com a filha de Cressida Cowper, tampouco me perguntou se eu estava bem. E quer saber de uma coisa? Aquela jovem víbora tinha acabado de dizer que toda Londres iria ficar em paz quando minha bisavó finalmente morresse e enterrassem sua língua, e tudo o que eu precisava naquele momento era de um abraço. E você estava lá, mas não da maneira que eu precisei. Então, Oliver, eu acho que nos casarmos é realmente uma má ideia, pois eu mereço alguém que não me enxergue como uma tempestade tumultuosa, mas que me sirva de abrigo quando eu for atingida por um temporal.

* Te necessito.
** Esperei tanto para te beijar.

[FANFIC] A rebelde Isabella St. ClairOnde histórias criam vida. Descubra agora