XAVIER- Trilogia O amor pode acontecer Na Dreame

II

Ironicamente o dia amanheceu ensolarado e bonito, como quem rir da minha má sorte.  Minha bolsa está arrumada em cima da cama, saio com menos que eu entrei, pois meu pai avisou que meus vestidos simples e sem grife  não serviriam para a minha nova vida de mulher casada. Uma estilista estaria a minha disposição nos próximos dias para me ajudar a montar um guarda roupa feminino e de acordo com o novo status de esposa de empresário internacional.

Mas o que não me abandonava era o sentimento de medo. Eu evitava ao máximo pensar na noite de núpcias, pois tinha quase certeza que se parasse alguns minutos para pensar sobre isso, eu entraria em pânico e nada e nem ninguém me faria dizer sim para Xavier no altar, nem mesmo a certeza de um banho de sangue entre a minha família e a dele. Mas logo eu teria que não só pensar nesse momento,  mas suporta-lo.

Para algumas mulheres eu posso estar exagerando, mas saber que vou ter que me entregar para um completo estranho, um homem que a única coisa que sei dele é o medo que inspira em seus inimigos e algumas histórias de terror das torturas que acontecem em seu galpão........... 

Fico pensado no que fará comigo se não agrada-lo. Se não suportar o toque dele.

Nina bate na porta com os olhos vermelhos de tanto chorar, acredito que chora por mim, mas também por saber que a próxima a sair dali com destino a um casamento arranjado será ela. A abraço e digo que vou tentar visita-la, talvez seja uma promessa que não conseguirei cumprir, mas prometo assim mesmo, a saudade dela vai ser difícil de suportar. 

Pego minha bolsa, dou mais um abraço apertado nela e saio, espero encontrar meu pai esperando por mim, mas é ele....... 

São os mesmos olhos de aço que me aterrorizaram nos últimos 3 anos, vestido em um terno preto. Impecável como me lembrava, mais dois carros o acompanham, neles estão sentados homens grandes e que intimidam, mas ninguém é capaz de causar a sensação de pânico que ele me causa. 

Paro nas escadas, minhas pernas se recusam a se mover. Xavier caminha até mim e estende a mão. Não tenho outra saída a não ser pega-la. 

Pronto, meu destino estava selado.

Quando sento no carro, começo a imaginar que ele pode nesse momento fazer o que quiser comigo, inclusive me levar para casa dele, e me encolho, ele parece ler meus pensamentos, suspira e diz:

_ Ella, não precisa temer, vou leva-la para casa, só queria vê a mulher com quem vou me casar e recordar sua beleza.

Suspiro de alívio.

- Quero lhe fazer uma pergunta também, e espero que não minta para mim, porque mais tarde vou descobrir e as consequências não vão ser boas.

Me encolho mais uma vez. 

_ Seu pai me disse que esteve bem protegida de todas as atenções masculinas, olhe para mim Ella. Posso confiar no que seu pai me disse? É virgem?

Olho para o motorista constrangida.

- Ele não está escutando nada. Mostra o vidro que protege nossa privacidade.  Somos só eu e você, e desejo uma resposta aqui e agora.

- Sim, pode confiar no que meu pai disse. Digo em uma voz tão baixa, que fico impressionada por ele ter ouvido.

No caminho começo lembrar de Otávio, meu irmão que já deixou bem claro seus planos para mim, nesse momento não sei qual o medo é maior, mas o nojo eu sei bem. Otávio é um crápula que espanca e abusa da mulher desde que se casaram. Só espero não está caminhando para o mesmo destino que a minha cunhada.