VI

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Helena me ajudou a preparar a maquiagem para sair, o frio na minha barriga era persistente, não parava de pensar que ele poderia tentar mais que um beijo essa noite. 

- Estou com medo Helena, e se ele tentar fazer alguma coisa.

- Ele não vai Ella, tem a tradição, ele nasceu no Estados Unidos, veio para o Brasil, mas sua família permanece realizando as tradições da máfia italiana.

- Tradição, que tradição Helena?

Helena, me responda.

Nesse momento escuto a campainha da parte externa tocar, Xavier chegou. Desço as escadas e o encontro a minha espera. A conversa com minha cunhada ficará para outro dia.

_ Boa noite.

- Boa noite. 

- Posso levar Ricardo junto com os outros seguranças?

 É a minha tentativa de ganhar alguma proteção.

Ele simplesmente balança a cabeça em sinal de negação, e me estende a mão.

Já lá fora percebo que não temos nenhuma segurança . Estou sozinha com ele.

- Não se preocupe, um carro irá nós seguir a distância, não brinco a respeito de segurança. E no coquetel permaneça próxima a mim.

-Sim.

- Amanhã a estilista chega, ele irá ajudar a escolher o vestido de noiva, e também um guarda roupa completo, eu pagarei tudo, então não precisa se preocupar com o valor. 

- Posso pedir uma coisa? 

Primeiro ele balança a cabeça que sim:

- Se for algo que eu possa fazer, diga.

- Posso ficar com algumas roupas que eram da minha mãe?

- Sim, desde que saiba em que ocasiões usa-la e não me envergonhe, use o quiser. Ah! Percebi pelo choro de ontem na loja do Henrique que não gosta de roupas curtas, mesmo sendo de grife, a aconselho que nunca apareça diante de mim com uma roupa vulgar, pois não vai gostar da minha reação, te garanto.

Penso se ele está querendo afirmar que me daria uma surra, como meu irmão faz com Helena, mas não tenho coragem de verbalizar as palavras para que ele as escute. 

Quando chegamos ao coquetel somos recebidos por uma mulher vestida de preto.

Ela nos acompanha até nossos locais reservados a mesa.

Várias pessoas nos cumprimentam.

É um local aconchegante, um rapaz canta o que eu acredito ser um jazz americano, o som é baixo e não atrapalha a conversa que acontece no ambiente. Nos sentamos próximo a um casal jovem. 

 Xavier conversa com um homem a respeito da bolsa de valores. E eu  me concentro no jovem que se apresenta no palco.

De repente a música é mudada para uma dançante, um casal se levanta e diz que está na hora dos casais se reunirem na pista de dança. Xavier não é o estilo de homem que dança, acho que ele nem sabe dançar. Mas assisto abismada ele se levantar e me estender a mão.

A pista de dança está na penumbra, ele me enlaça de maneira delicada, mas ao mesmo tempo forte, de modo a deixar claro que pertenço a ele. Ele sabe conduzir a dança muito bem, e posso senti o cheiro dele, é um cheiro limpo e puro, sem nenhum vestígio de perfume, mas é muito bom.

 A música acaba, Xavier beija minha mão, logo após começa outra, estamos a caminho da mesa, quando somos interceptados por um casal. O homem nos cumprimenta  e diz:

- Trocou-se a música, troca-se os parceiros.

Sinto um aperto mais forte de sua mão em meu quadril.

-Não.

O homem sorri.

- Que isso? É só uma dança.

- Ninguém toca nela, e se tentar morre.

A voz dele sai rouca e assustadora, e o sorriso do homem morre. Ele e sua parceira se afastam, Xavier me guia para saída, abre a porta do carro e quase me joga lá dentro. Me assusto com seus socos na lataria do carro. Vejo um dos seus homens correndo em sua direção, mas é parado com um aceno dele. 

Ele abre a porta e pega a direção, me encolho no banco e rezo para que a sua fúria não se estenda a mim.

Fazemos o trajeto até em casa em silêncio. Quando ele para na porta de casa, não espero que ele fale nada, desço do carro e corro, vou direto para o meu quarto e tranco a porta. E choro porque imagino que meu futuro irá ser como o de Helena, um marido violento e que me ataque porque qualquer motivo, escuto batidas na porta:

- Ella, abra , sou eu.

Abro a porta para Ricardo, quando ele está dentro do quarto e a porta trancada, me atiro em seus braços e  choro, ele me pega e senta na cama comigo nos braços. Choro durante muito tempo, quando finalmente me acalmo, Ricardo pergunta:

- Ella, o desgraçado tocou em você?

Balanço a cabeça em sinal de negação.

- O que ele fez então?

_ Alguém queria dançar comigo, ele praticamente me arrastou, me jogou dentro do carro e esmurrou a lataria, só parou quando a mão estava sangrando. Se ele fez isso por causa de uma dança que não chegou a acontecer, o que ele fará comigo depois do casamento, estou com medo Ricardo, e lá não terei você para me proteger.

 - Sinto muito querida, sinto muito por não poder impedir essa união e sinto muito por não poder mata-lo, isso causaria uma guerra. 

-Eu sei, e não desejo que faça, se algo te acontecesse por minha causa, nunca me perdoaria. Me enrosco nele, acabo adormecendo e quando acordo já é de manha. Ricardo está na cama comigo. Em algum momento ele se levantou e pegou uma coberta para nos cobrir. 

Balanço até faze-lo acordar.

_ Ei, dormimos demais. Está claro lá fora.

- Droga Ella, qualquer dia vamos ter problemas, não posso mais dormir aqui, se alguém descobre sou um homem morto. Vamos rezar para que o Soldado do Xavier não esteja aí fora.

_ É melhor eu ir olhar primeiro, para você poder sair. 

_ Não, vou sair pela janela, escalo a árvore, já fiz isso outras vezes. 

No momento que Ricardo sai Helena me chama:

_ Ella está na hora de escolher o vestido de noiva, a estilista vai está esperando as 9:00.]

- Já vou, preciso tomar um banho.

-



XAVIER- Trilogia O amor pode acontecer Na DreameOnde histórias criam vida. Descubra agora