IV

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Entrei em casa, meu pai estava no escritório, vou até lá. E ele simplesmente diz um olá e pede para que eu me retire, ia tratar de negócios.

 Começo a repensar a certeza de que meu pai é um bom pai. A frieza depois de uma ano sem me ver. E ainda vai me casar com um homem que mal conheço, que ele não sabe como vai me tratar.

Entro no quarto e ao olhar para cama lembro que logo vou estar em um quarto com um homem que temo. Jogo os pensamentos para fora, tranco a porta e vou tomar um banho decidida a dormir, já que não consegui pregar o olho na noite passada. 

Quando saio escuto batidas na porta e decido ignorar, alguma coisa me diz que é Otávio e não desejo encontra-lo, em hipótese alguma ele irá entrar no meu quarto, é a chance que ele esperava. 

Além da chave comum, minha porta tem uma trava de ferro com local para cadeado, Ricardo a colocou uma noite quando todos estavam fora, foi uma maneira de me proteger sem ele estar por perto, vou até lá e passo o trinco. Escuto a porta ser esmurrada mais algumas vezes e depois passos se distanciando.

Me deito e durmo. Acordo com fome, sei que perdi o horário do almoço.

Desço as escadas e encontro meu pai, decido implorar mais uma vez:

- Não quero me casar, por favor.

- Isso não está em discussão Ella, o seu tom é forte e decidido. Ah!Seu irmão acabou de sair de viagem, só volta no final do mês, alguns dias antes do seu casamento. Precisava de alguém para fiscalizar os negócios fora e o mandei.

Foi o jeito dele dizer que estava me protegendo, pelo menos do meu irmão, do meu marido ninguém poderia,

- Obrigada, isso é importante para mim.

Ele passa por mim e faz um levo aceno com a cabeça.

Depois de um rápido lanche, resolvo me arriscar pelo quarto de Otávio, sei que não deveria fazer isso, mas desejo visitar a mulher dele, é uma pessoa doce, que aos poucos está se apagando devido aos maus tratos do meu irmão, ela está tão quebrada que quase não sai do quarto. 

 Helena quando chegou em nossa  casa era uma mulher bonita e sorridente. Se casaram por procuração,  mas na primeira noite dividindo a cama como meu irmão a mudança aconteceu. Eu escutei seus gritos durante horas naquele dia, acho que não teve quem não escutou naquele noite, mas ninguém podia fazer nada , ele agora era seu marido. Ricardo me pediu perdão por não poder intervir, vi em seus olhos a dor de saber que um homem podia ser tão brutal com uma mulher.

 Quando enfim ela se calou, Ricardo saiu da meu quarto  e pediu para que eu dormisse. Nosso carinho e confiança eram tão grandes que muitas vezes ele passava a noite no sofá ao lado da minha cama, ninguém percebeu porque ele era capaz de caminhar pela casa como um fantasma. Tive pavor daqueles gritos durantes meses, provavelmente daqui alguns dias serei eu a gritar, e mais uma vez ninguém oferecerá socorro.  

Bato na porta e entro, Helena está sentada em sua cama com um dos olhos roxo e lábio inferior cortado , é possível vê as marcar dos dedos de Otávio em seu rosto e braços:

- Sinto muito pelo que ele faz com você. E a abraço

Ela começa a chorar.

-Queria que isso acabasse Ella, não suporto mais, sabia que ia ser ruim, mas não a esse ponto. Ele é horrível, temo a noite porque sei que ele vai me tocar,mas durante o dia são os tapas, socos e palavrões por qualquer coisa, hoje foi pela viagem. 

-Você sabe, não sabe Ella por que ele ficou tão irritado ao sair depois que você chegou?

Balanço a cabelo, e engulo em seco.

- Sei, e não sei o que é pior, meu casamento, ou ficar nessa casa e correr o risco de permanecer próxima a Otávio. Nós abraçamos, e Helena diz:

- Faça ele gostar de você, não deixe que ela faça com você o que seu irmão faz comigo. Pelo menos ele vai te proteger de Otávio.

Concordo com ela.

-Mas quem vai me proteger de Xavier? ela não me responde, porque mais uma vez, a resposta era ninguém, porque ninguém podia me proteger da fera.





Gente, comentem digam se a história é boa. Assim estimula a continuar.


XAVIER- Trilogia O amor pode acontecer Na DreameOnde histórias criam vida. Descubra agora