III

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Faz mais de um ano a última vez que tinha saído de convento, é bom respirar um ar diferente e vê a cidade, mas voltar para casa me assusta, tudo me assusta, o casamento que se aproxima, a noite de núpcias, e ainda tem meu irmão. Tenho um medo terrível do Xavier, mas de Otávio além do medo tem o nojo. Tremo ao pensar nas frases ditas em sua última visita, seu desejo ainda estava lá. Saio dos meus pensamentos com a voz de Xavier:

- Chegamos

Tenho desejo de sair do carro, e correr até me afastar de tudo e todos, mas não posso. Ele percebe meu medo:

-Ella está com medo de entrar em casa. E quero saber porquê.

Mas eu não podia contar, como eu ia explicar o medo que tinha de Otávio.

- Estou esperando uma resposta.

- Não estou com medo, só estava pensando que me resta pouco tempo para ficar em casa.

Me encara de forma dura:

- Essa não é sua casa, é a do seu pai, a sua você vai te-la quando se casar comigo. E percebo o medo quando eu vejo ele. Por  isso, partir de hoje terá um soldado meu para protege-la.  

E me vigiar também, é claro.

- Tenho o Ricardo, ele sempre cuidou de mim quando eu estava  em casa. Confio nele.

Ele me olha de forma enigmática.

- Mas, eu não. Antes você era uma menina, tímida e tranquila, agora é mulher bela e desejável. Estéfano, meu soldado cuida de você,  assim evitamos problemas, ou melhor mortes desnecessárias, porque se alguém tocar em você morre Ella, independente de quem seja. Se lembre disso agora e quando estiver casada comigo, eu não compartilho nunca, você é minha.

É um aviso, eu sei, aparentemente não sou mais que um objeto, espero pelo menos que ele não danifique o que acredita ser sua posse, porque ele só acredita, não sou propriedade dele e nem de ninguém.

Abro a porta do carro, ele segura minha mão:

Olho em volta, os outros carros que estavam com ele não estão mais nos seguindo.

- Quero um beijo de despedida Ella.

 Parece que levo um choque, puxo minha mão, ele tenta segurar, mas a surpresa pela minha fuga, me dá vantagem, corro e no portão encontro Ricardo, me atiro em seus braços e ele me apara.

Escuto passos e o barulho de uma arma sendo engatilhada, me viro e encontro os olhos  de Xavier, eles estão escuro como a noite, e a arma apontada para o antigo soldado que sempre me protegeu. Fico entre ele e Ricardo.

- O que está fazendo?

- Eu avisei! Que se alguém te tocasse morreria, não estava brincando.

Nesse momento Ricardo passa a minha frente, e o medo me consome. Escuto sua voz forte e dura, mas para mim ela sempre inspirou segurança, ele era meu porto seguro:

- O senhor fala como se existisse nesse abraço algo mais do que carinho fraterno, não há, sempre gostei da menina como se fosse minha irmã mais nova, uma menina.

- Mas ela não é , e é uma mulher e você sabe disso.

- Pra mim ela sempre vai ser. 

Já não consigo segurar o choro, me coloco na frente mais uma vez, e imploro.

Xavier finalmente baixa a arma. Olha para Ricardo:

Ella tem medo de alguma coisa nessa casa, não disse o que é, se está com ela todo esse tempo....., você sabe, meu soldado Estéfano chega depois do almoço, polpo sua vida e você o ajuda a protege-la.

Penso que Ricardo vai simplesmente concordar com um aceno de cabeça, mas ele o encara:

_ A protejo porque foi o que sempre fiz, e vou continuar fazendo, não pelo medo da sua ameaça, uso uma arma e uma faca tão bem quanto você.

Incrivelmente Xavier parece ficar satisfeito com a resposta. Diz um breve ok e vai embora. Mais uma vez me atiro nos braços de Ricardo, foi um longo tempo sem vê-lo, ele me abraça e beija meus cabelos, onde estamos a câmera não nos visualiza.

 - Menina! Precisa parar com o costume de se atirar em mim. Infelizmente vai se casar e não posso impedir, não vai pegar bem nos virem abraçados, vão imaginar coisas como seu noivo imaginou, e ele não é alguém que quero como inimigo.

Peço desculpas e me afasto, ele seca minhas lagrimas e sorrir.

- No entanto pode fazer isso quando estivermos sozinhos Ella.

 Quando pequena ele não conseguia negar nada  que eu pedisse. Primo de terceiro grau da minha mãe, Ricardo me amou e me mimou no lugar dela. Os brinquedos, doces preferidos e filmes prediletos era ele quem conseguia, meu pai não era ruim, mas depois da morte da minha mãe quando eu tinha 5 anos, a família não era importante para ele. O único cuidado era com a nossa segurança, já que ele tinha inimigos, o amor ficou por conta de Ricardo, por isso seu segredo contado quando eu tinha apenas 12 anos ficará guardado para sempre comigo.


XAVIER- Trilogia O amor pode acontecer Na DreameOnde histórias criam vida. Descubra agora