Remind

Eight.

Se levarmos em conta todos os anos que eu e Hailey ficamos separados, creio que isso ameniza o fato de que eu acabei de mentir mais uma vez para Lily.

Tecnicamente não, eu menti foi para a empresa, dizendo que tinha que sair mais cedo por causa de um problema familiar.

Após mandar uma mensagem para Hailey no dia anterior, marcamos de nos encontrarmos novamente. E era isso que eu ia fazer nessa tarde de folga que eu arrumei.

Iríamos até uma outra praça além daquela que é perto da casa dela e que íamos quase todos os dias com nossos amigos. Uma em especial que apenas eu e ela visitamos, separadamente de qualquer um que nós conhecemos.

Não sei dizer o motivo pelo qual eu disse para irmos pra lá. Acho que ainda tenho esperanças de ela se lembrar do lugar, do momento que tivemos lá.

No entanto, não sei se vai ser bom se ela se lembrar. Caso isso aconteça, será que ela acharia que nós ainda estamos juntos?

Ignorando esses pensamentos que me ocorriam na hora, entrei no táxi, indo até a cafeteria, onde me encontraria com Hailey.

Assim que entrei lá, a vi. Com os ombros apoiados na parede, ela tomava café enquanto encarava, de modo sonhador, o céu, que era visível pela vitrine da cafeteria. Como se Hailey tivesse combinado com o sol, ele apareceu por trás das nuvens, fazendo os cabelos loiros dela reluzirem mais ainda.

Tenho quase certeza de que eu fiquei uns dois minutos parado na porta da cafeteria, encarando a bela imagem com a qual fui recebido.

Andei até ela, tonto com demasiada beleza. Me sentei à sua frente, para que percebesse minha presença.

- Boa tarde!

Ela focou seus olhos castanhos em mim, sorrindo genuinamente.

- Boa tarde.

- Eu te fiz esperar muito?

- Imagina. Eu cheguei faz pouco tempo, vim mais cedo porque eu adoro esse lugar.

Assenti devagar, sem saber o que dizer. Parece que esse é meu primeiro encontro e eu não tenho coragem nem para encará-la nos olhos.

- Você quer ir agora? Se quiser podemos ficar um pouco mais aqui. - me mexi levemente na cadeira, de modo que o sol não parasse de bater nela. Era encantador o efeito do sol em sua pele bronzeada.

- Um minuto - Ela leva o copo até o lixeiro e paga pelo mesmo, se voltando para mim em seguida - Agora podemos ir.

Prendendo uma mexa de cabelos atrás da orelha, ela sorri, meio encabulada. Lhe dei um sorriso do mesmo modo e a conduzi até a porta, abrindo a mesma para que ela pudesse sair primeiro.

- Então, aparentemente eu esqueci de avisar para o táxi que já íamos sair e ele foi embora - digo nervoso, coçando a nuca.

Hailey solta uma risada, finalmente vendo o quanto eu sou atrapalhado. Ela diz que não tem problema e ficamos ali uns cinco minutos, até que um outro táxi parou e nos deixou entrar.

* * *

Chegamos lá após meia hora no táxi. Apesar de tudo, a pequena viagem não fora repleta de silêncios perturbadores. Nós conseguimos manter o assunto fluindo, por mais tolas e sem sentido que fossem as conversas. Era melhor do que ficar em silêncio.

Saí do táxi primeiro, dando a volta rapidamente para abrir a porta para Hailey sair. Ela riu, achando graça do modo que eu tentava ser cavaleiro. Mal sabe ela o quanto eu realmente estava me esforçando.

Paguei o taxista e esperei até que ele fosse embora para virar para Hailey.

- Então! Pronta para isso?

- Provavelmente não. - Ela riu novamente.

Deus, como eu adoro sua risada.

Segurei sua mão, sem me dar conta do que estava fazendo. A conduzi até a entrada da praça, já que pedi ao taxista que nos deixasse um pouco antes da entrada.

Era um lugar completamente lindo. Não sei se eu devia chamar de praça, estava mais para um parque. Era imenso.

Tinha um lago, que possuia águas límpidas o suficiente para que víssemos todos os peixes e plantas imersas pela água. A grama era totalmente verde e as árvores ali eram grandes e robustas, como se fossem algo intocável nesse lugar. De certa forma, era.

Hailey sorriu vendo tudo isso. Eu sabia que ela amava a natureza. Em partes, foi por isso que escolhi esse lugar para trazê-la, em ambas as vezes que a trouxe. Eu sempre soube disso.

Nunca me permiti esquecer desses detalhes que, juntos, compunham a mulher que mais amei em minha vida inteira.

- Esse lugar é muito lindo! - ela exclamou, encarando tudo com os olhos brilhantes.

- Verdade, é muito lindo.

Ela se adiantou, praticamente correndo antes de mim. Em meu bolso, meu celular vibrou. Resolvi ignorar, enquanto corria atrás de Hailey, que havia parado no meio do caminho em frente à uma árvore.

- O que foi?

Olhei para a árvore também, tentando ver se tinha algo errado.

- Olha ali.

Ela apontou para um lugar acima e eu tentei focar meus olhos no que ela queria mostrar, mas não achei nada.

- Onde? O que era pra eu olhar?

Ela segurou minha mão e a ergueu, de modo que eu seguisse com os olhos até o ponto que ela queria.

- Bem... ali.

E então eu consegui ver o que Hailey queria me mostrar. Era um pequeno esquilo marrom que percorria os galhos da grande árvore.

- Ele não é fofo?

Ela virou o rosto para mim, me encarando nos olhos. Só então percebi que estava prendendo a respiração desde a hora que ela se aproximou.

- Muito.

Ela cora, se dando conta do quão próximos estamos. Ela solta minha mão e se afasta, agindo como se nada tivesse acabado de acontecer.

- Afinal, como você conhece esse lugar? Não me parece um cara que curte a natureza.

- Não curtia - encolho os ombros sob o olhar de Hailey - Até que uma antiga namorada que gostava muito me ensinou a apreciar essas pequenas coisas.

- Se ela gosta de natureza significa que ela é uma pessoa legal e vale muito a pena. - Ela assente, como se estivesse concordando consigo mesma.

- Sim. Ela vale muito a pena.