*Pim-rim! Pi-rim-riiiiim!*
A segunda-feira úmida raiava, para não dizer inundava, sobre João Pessoa, a capital paraibana. A chuva batia violentamente contra o apartamento mal iluminado de Woshi.
*Pim-rim! Pi-rim-riiiiim!*
Woshi despertou assustado, procurando loucamente por seu celular enrolado em meio aos lençóis negros de sua cama.
—Ah, despertador! —Resmungou sem convicção ao seu celular. — Vamos lá, primeiro dia da rotina dos próximos quatro anos.
Ainda de mal-humor matinal, levantou-se cambaleando sobre as roupas da noite anterior ainda sem enxergar direito. Aliás, onde estão óculos, hein?
Passou pelo corredor curto do seu apartamento minúsculo, passou na cozinha acionando de pronto a sua cafeteira, seu item mais amado da cozinha. Assim que o aroma forte e suculento de café fresco começou a emanar no ambiente, Woshi começou a despertar. O cheiro do café despertava algo em sua mente...
Intercalando os afazeres matinais com ler e responder e-mails, conseguiu terminar no tempo certo. Assim que colocou suas coisas (mochila, pasta e várias baterias reservas) no carro, finalmente sentiu-se pronto para partir para seu primeiro dia no emprego que dera o sangue pra conseguir.
*PLIM*
— Mensagem já a essa hora? — Indagou-se ao sentar no banco do motorista. O visor indicava que o autor da mensagem era desconhecido, e dizia:
Hoje é dia de fazer escolhas.
De repente uma forte dor de cabeça apareceu e Woshi lembrou-se de tudo, desde o encontro desastrado com Luís até todas as informações que ele deu sobre seu futuro. O medo que ele sentira na escada voltou com tudo, o que fazer? Jamais entraria em negação sobre o que sabia, aquilo tudo realmente aconteceu.
(...)
Depois de alguns minutos segurando volante do carro que ainda estava no mesmo lugar, Woshi decidiu se mexer, precisava fazer algo a respeito. Será que Luís enviou aquela mensagem? Aliás, será que Luís existe nessa dimensão??? É muita coisa pra cabeça assimilar de uma vez. Mas não podia ficar na confusão, o que fazer agora Woshi?!
— Ah, quer saber? Dane-se.
Pegou o celular e digitou mais um e-mail. Subiu, colocou umas roupas na mochila, tirou tudo da tomada e trancou novamente o apartamento. Quando entrou no carro, fez uma ligação:
Uma voz confusa atende:
— Alô? Woshinton?
— Mainha? Coloque meu cuscuz no fogo, tô indo pra casa.
— Mas... Meu filho, e seu trabalho? Não era hoje o primeiro dia? O patrão vai deixar? Aconteceu alguma coisa? — A senhora ficava cada vez mais confusa.
— Tá tudo bem, aliás, vai ficar melhor ainda. A vida tem tantas outras oportunidades pra mim, acima de tudo, a senhora sempre me ensinou que não importa o que fazemos, tem que dar em coisa boa... — Woshi sorriu. — Tô saindo de casa agora.
Abandonar aquela possibilidade de emprego e sucesso talvez seja a maior loucura da sua vida, Woshi sabia que não apareceria outra oportunidade dessa tão cedo. Do que adiantaria, então, passar por tudo aquilo e no fim não aproveitar o caminho, não viver plenamente? Como se deixou ir até aquele ponto? Dinheiro ia ter, mas só, e ele não sustenta felicidade nenhuma.
Rumou pra estrada federal que corta o estado em direção a pequena cidade onde nasceu. Woshi nunca se sentiu tão livre, finalmente percebeu que o futuro não deve ter expectativas nem metas demais, deixar acontecer é a melhor opção, contanto que seja construído da melhor forma pra ele e pros que estavam em sua volta.
Seu celular tocou mais uma vez:
*PLIM*
Boa sorte, Woshi.
Fim.
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EFÊMERO
General FictionConheça Woshi, um cara que tem a oportunidade de ver seu futuro. Sua mente ecoa pensamentos comuns a todos nós: Como será ver a sua vida passar na sua frente? Será que essa a única forma de crescer e ser o que sempre quis? Vale a pena seguir seu son...