CAPÍTULO DOIS

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— Isso é sério? — Woshi estava diante de uma pessoa deitada sobre uma maca envolta em máquinas hospitalares, esse era seu corpo. — Esse sou eu quinze anos mais velho?

— Sim. Sente-se. Tenho muitas coisas a te contar.

Woshi sentou-se em um sofá ao lado de seu futuro. Isso, com certeza, foi pertubador. Então Luís começou a dar informações sobre os anos que se passaram até aquele momento.

— Então... Partindo rapidamente do seu presente, o momento em que você veio pra cá, você continuou trabalhando com Dr. Mateus até hoje. Porém começou a subir níveis de confiança com ele, no fim, acabou se tornando como ele.

— Um homem poderoso, eu diria.

— Claro. Isto é inegável. Em 2018 você já havia se candidatado a deputado estadual, e ganhou, devido aos cabos eleitorais do Dr. Mateus espalhados pelo estado.

— Isso é demais! Não acredito!

Luís ficou em silêncio por algum tempo.

— O fato é que: quanto mais ele te concedia favores, mais ele cobrava. Então você acabou se envolvendo em vários esquemas ilícitos para sustentar seu status.

— Não posso dizer que não faria algo errado por um agrado, mesmo. Ora, estou na política pra isso. — Woshi não tinha escrúpulos, nunca escondeu sua gana de subir cada vez mais na ordem social.

— Em um desses esquemas, você se aliou a homens perigosos do Sudeste por mais dinheiro para sua campanha. Sua prepotência dizia que você estava seguro fazendo aquilo, afinal, não era sua primeira vez com este tipo de pessoa.

— Você não está me dizendo que... — Seus olhos estavam arregalados.

— Sim. Eles fizeram isso com você. Armaram uma emboscada, lá na Paraíba mesmo para a desconfiança não caísse sobre eles. Quase te tiraram de circulação.

— E como não conseguiram?

— Apenas um dia de sorte seu, acredito. Depois chegaremos nesse assunto.

Humpft. Se eu fosse outra situação, Woshi desconfiaria daquele papo, mas olha onde ele está agora: sentado ao lado dele mesmo 15 anos mais velho conversando com um cara dentro de uma casa, aliás, da sua casa em Brasília?!

— Mas eu se estava tão bem, porque tudo isso aconteceu?

— As partes de porque eu não sei, só posso te dizer o que acontece se você continuar fazendo o que quer no seu presente. — Meneou a cabeça pro lado. — E eu não diria que estava tão bem assim...

— Eu tenho alguma esperança? Digo, depois do que vi agora... Eu vou sair dessa?

— Esse setor também não é o meu. Sou um mensageiro e só sei até aonde estamos. Sinto muito.

— Isso é loucura... — Colocou o rosto entre as mãos.

— Pode pensar o que quiser, cada pessoa reage de um modo quando é convidada a passar por isso. Alucinação, visão, deja vu, insight, arrebatamento, experiência extra-corporal são alguns dos nomes que já vi pessoas darem pra isso. Eu só chamo de ponto de ramificação. – Luís explicou.

— Ponto de ramificação? O que isso significa?

— A partir daqui que você vai tomar decisões, as possibilidades são infinitas. Te mostro a possibilidade que se constrói a sua frente, depois disso, fica a sua conta e risco. Esse é o ponto que pode mudar tudo.

– E se eu não quiser mudar? E se eu quiser viver tudo isso e terminar desse jeito? Se eu quiser mudar, como vou saber que eu estou mudando? – Eu só posso estar chapado, Woshi pensou.

– Essas respostas podem ser encontradas no final da sua jornada, você ainda tem muito o que descobrir. Vamos sair daqui, a presença do seu eu do futuro está te deixando mais tenso do que o normal. Depois voltaremos para você se despedir.

Luís ajudou Woshi a se levantar, seu corpo estava um pouco desajeitado, talvez seu cérebro estava tentando organizar todas as suas ideias, parecia que não podia gastar energia pra se movimentar.

EFÊMEROOnde histórias criam vida. Descubra agora