Lágrimas de infância

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   Manuel deu um sorriso malicioso e sentou na outra cama. Ficou olhando eu me contorcer de dor. Me dava raiva ver ele alí parado mas a dor não me deixava falar nada.
Depois de alguns minutos, a dor foi passando e eu fui me acalmando. Ronye entrou no quarto com um copo de água e me deu. Esperou eu beber, me fez um cafuné na cabeça, e sem dizer nada, saiu.

- Ownt, um amorzinho, como sempre - Diz Manuel revirando os olhos.

- Cala a boca Mané. - Ouço Ronye gritar de algum lugar da casa.

- Ronye vem aqui - Seu irmão grita. - Ronye entra. - Você já teve sua primeira vez? - Rony arregala os olhos

- Para que você quer saber disso? E na frente da Molie ainda...

- Ela também quer saber!

- Não quero nada! Me poupe! - Ronye me olha confuso

- Pergunta idiota Manu, mas não, não tive minha primeira vez. Aliás, nem meu primeiro beijo dei ainda.

Não me surpreendi com a resposta do Ronye. Afinal, nenhuma das garotas da minha sala haviam perdido a virgindade. Elas as vezes chegavam comemorado por terem dado o primeiro selinho e os garotos por terem gozado batendo punheta. Mas a maioria deles voltavam para casa correndo querendo ver o final do programa de desenhos.

Manuel me olhou fixamente depois da resposta de seu irmão.

- Ajuda ele Molie - Diz Manu.

- Ajudar em que?

- Ele é inocente ainda coitado. Tira ele dessa. - Ronye não entende nada.

- Olha Manu, eu seria inocente ainda e estaria brincando de boneca com minhas amigas se não fosse pelo... - Vejo que vou falar besteira e me calo.

- Se não fosse pelo...? - Ele espera que eu continue.

- Por nada Manuel, por nada  Seus assuntos idiotas até confundem minha cabeça.

- Manuel, deixa a Molie em paz. Ela quer descansar - Diz Ronye, carinhoso como sempre.

- Agradeço Ronye, mas tenho que ir para a minha casa. Já era pra eu ter voltado da escola e ainda estou aqui.

- Mas você nem foi para a escola Molie.

- Segredo nosso. - Digo baixinho.

Me levanto da cama para sair. Ronye sai do quarto e vai destrancar o portão. Manu me olha maliciosamente.

- Vai ficar me olhando assim até quando?

- Me sinto um pervertido falando isso, mas quando você disse que não é mais virgem, eu quis experimentar também.

- Nunca Manuel, nunca. - Saí do quarto e ele fica.

  Eu realmente não queria transar com o Manuel. A pouco tempo atrás eu estava louca para dar mas, minha cabeça estava confusa depois de ficar com Mike.

***

  Cheguei em casa. Minha mãe não desconfiou de nada. Fui tomar um banho pois meu corpo estava grudando de suor, mesmo com o tempo frio. Por costume, levei a mão até minha intimidade, ela estava bem dolorida e inchada. Realmente, Mike pegou bem pesado. Mas onde eu estava com a cabeça quando decidi ter minha primeira vez com um cara 12 anos mais velho que eu?

Fiquei alguns minutos parada pensando, enquanto a água caía sobre minha cabeça. Por mais que eu tenha me sentido bem com o Mike, algo me dizia que aquilo tudo não terminaria bem.

Termino meu banho, desligo o chuveiro e me visto no banheiro mesmo. Fico me encarando no espelho, e sem motivo algum, começo a chorar.

- Será que seu meu pai não tivesse feito o que fez, eu seria como sou? - Falo baixinho olhando minhas lagrimas.

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