Uma Reabilitação

Dom Casmurro

OPA,DESCULPA POR DEMORAR PRA POSTAR ESSE CAPÍTULO EM,ERA MEIO QUE A PREGUIÇA DE DIGITAR.MAS BOM CAPÍTULO PRA QUEM ESTIVER LENDO.

O senhor limpou o caminho percorrido pela lágrima em seu rosto, e sorriu. Provavelmente estava arquitetando a história que iria contar.Assim,deu um sorriso melancólico, quase que irônico.

-Não sei se vocês sabem, mas estou escrevendo um livro sobre o assunto, acho q usei minhas lágrimas como tinta-disse dando uma risada fraca- mas irei dar um breve resumo para vocês. Deviam me agradecer afinal é de graça.

Olhando ao redor viu que ninguém compartilhava dessa graça pela dor, portanto, procurando um olhar salva-vidas, encontrou os olhos de Danilo. Foi o único que teve coragem de olha-lo nos olhos.

-Hoje vou contar a história de Capitu, uma moça que sempre foi livre e dissimulada. Por muito tempo fiquei estudando no convento...obrigado por minha querida mãe.Enquanto isso,Capitu, o amor da minha vida, estava me esperando,conforme nossa promessa. Na época já éramos dois pombinhos apaixonados-Fez um gesto parecido com um pássaro por meio de suas mãos-Mas vamos mudar o foco. O convento não foi de todo ruim. Lá conheci Escobar,o grande amigo que viria a me trair,o mesmo amigo que levei para casa e que apresentei a minha família.Eu dei de comida para aquele homem!-Gritou ao bater a bengala no chão,fazendo o som ecoar pelo comôdo.O que mantinha o controle emocional do homem até agora havia desmoronado.Se punha a chorar.Mas pegou um lenço em seu bolso e continuou a história,limpando as lágrimas-Ele conheceu Capitu,obviamente.Após meu casamento com ela, Escobar também se casou.Nossas famílias eram próximas...mas eu não esperava que ficariam "tão próximas",se é que me entendem.Certo dia fui a uma peça de teatro sozinho...pois Capitu tinha ''dores de cabeça''-Ressaltou as aspas com os dedos-E quando voltei,la estava Escobar,meu amigo,saindo com uma cara de quem não sabia oque estava acontecendo.Tão inocente meu pobre amigo Escobar não?

Cada uma daquelas palavras foi um tiro no peito do homem,na realidade,foi um tiro no peito de cada um daquela sala.

-Acreditem...isso não foi o pior. Não foi a principal evidência.Oque vocês devem entender é que Capitu sempre teve uma leve inclinação em sua personalidade,que hora ou outra a levaria a traição.Mantenham isso na cabeça-Dizia enquanto gesticulava com as mãos- Enfim,Escobar morreu. Mas deixou um presente, não? Afinal que tipo de amigo se vai sem deixar uma lembrança.Sabem qual foi a lembrancinha de Escobar a mim?-Disse encarando um por um,como se quisesse que eles sentissem o que era estar na pele de Bento Santiago-Ezequiel...meu filho...ou pelo menos eu pensava que era meu filho.Cada dia que se passava ficava mais parecido com o pai,enxergava nele o meu grande amigo do seminário-O senhor tirou sua cartola e a apoiou em seu peito,inspirou profundamente antes de sentenciar suas palavras finais-É só ligar os pontos meus caros.Os dois eram próximos,já havia pego Escobar saindo de minha casa quando nela só estava Capitu e,a maior evidência:o próprio Ezequiel. Quando descobri a verdade,mandei-os para europa.Tanto Ezequiel quanto minha esposa Capitu.Eu vivi bem,principalmente pelo fato de estarem longe de mim.Quando Capitu morreu,Ezequiel,meu ''filho'',veio me visitar.Ahhh,não estava só semelhante fisicamente a Escobar como também intelectualmente.Decorava números de uma forma monumental,assim como o pai...Certo dia,me pediu para eu lhe bancar uma viagem.Ele era fascinado por arqueologia,queria ir para o Egito e Palestina.Paguei,afinal eu era seu ''pai', 'pelo menos foi nisso que ele acreditou quando na realidade, eu só não queria vê-lo nunca mais-Um sorriso de orelha a orelha se abriu no rosto do homem-para minha sorte...a viagem foi só de ida.

É complicado descrever a expressão no rosto de cada homem daquela sala. Há pouco, estavam com os semblantes entristecidos e agora estavam assustados. Não é de se surpreender, afinal, as palavras finais do homem haviam relatado um final macabro, executado de maneira fria e calculada. Danilo queria fazer uma pergunta a Bento, mas estava com medo de faze-la. Sua coragem havia ido embora junto com o relato e, antes de sair, a mesma levara suas palavras. Para sorte de Danilo alguém se arriscou a colocar a mão no fogo.