La estava Danilo. Sentado naquela cadeira de couro, ainda conseguia escutar o som daquele ventilador velho que pendia sobre sua cabeça.''TEC, TEC, TEC, TEC'',esses eram os sons consecutivos e incessantes daquela máquina. Contudo, aquele clima tenso e com apenas um som combinava com o olhar do Doutor. Esse que ziguezagueava entre os olhos de Danilo e os documentos nos quais estavam seu diagnóstico.
Enfim o olhar parou e pousou sobre Danilo, um olhar velho e experiente, indecifrável. O paciente não sabia se o Doutor o observava daquela forma por estar decepcionado com a sua situação ou pelo simples fato de estar cansado.Sim, era um Dr velho,cabelos brancos, um óculos sobre o nariz que o fazia aparentar ser um intelectual e o bom e velho jaleco branco, que não pode faltar para identificar um profissional como esse.
Por fim entrelaçou as mãos e apoiou os cotovelos sobre a mesa de carvalho, ainda com os olhos fixos. O rapaz a sua frente, de tanto nervosismo estava prestes a rasgar o couro da cadeira com suas unhas, PRECISAVA OUVIR O DIAGNÓSTICO.O barulho do ventilador o estava enlouquecendo aos poucos ''TEC,TEC,TEC,TEC''.Até que finalmente o Doutor se pôs a falar:
-Bem Danilo, após todas as nossas consultas acredito que formulamos um diagnóstico-Disse com a voz serena.
Uma gota de suor escorreu pela cabeça do garoto de cima a baixo, como se estivesse desenhando lentamente um mapa em seu rosto, ele colocou a cabeça no lugar e perguntou ao Doutor:
-Qual é o diagnóstico?
O médico com seu olhar penetrou a alma do homem, lambeu os lábios para hidrata-los e disse:
-Você teve uma decepção amorosa.
O mundo de Danilo caiu, aquilo era bastante grave, não sabia bem como reagir.
-Oque? Como? Isso é impossível doutor, eu...-Disse sem encontrar as palavras ao certo-O que acontece agora?
-Isso deve ser tratado com urgência, me acompanhe por favor-Disse ao se levantar e sair da sala.
O rapaz ficou parado, demorou alguns segundos para a ficha cair, até que o médico voltou ao local e fez o sinal novamente, indicando para Danilo o seguir. Dessa vez o rapaz levantou e fez sem hesitar, sabia q não tinha escolha.
O trajeto escolhido pelo senhor era bem ziguezagueante, envolvendo vários corredores, foram tantos que Danilo sabia q se fosse abandonado ali, nunca mais encontraria a saída. O médico liderava o caminho com pressa, é de se entender afinal não é todo dia q um paciente é diagnosticado com uma doença grave como decepção amorosa.
O caminho deu em um corredor vazio que dava em uma grande escadaria sentido subterrâneo, após alguns minutos descendo ambos se depararam com uma porta de aço, e uma chave que abria por meio de impressões digitais. O doutor estendeu a mão e colocou seu palmo sobre o scanner, após uma análise estilo copiadora e um barulho de ferro se chocando contra ferro a porta se abriu.
-Você confia em mim? -O doutor questionou o jovem.
-Acho que sim...por quê?
-Então vai entender que fiz isso pelo seu próprio bem-Disse enquanto picou algo de leve em seu braço, era um anestésico que pelo visto fazia efeito bem rápido.
-Por...quê??-Perguntou caindo em seus braços, com o corpo molenga e a voz serena, de quem estava prestes a dormir.
-Faça o que deve ser feito, e tudo dará certo, estaremos te observando...
Foi a última coisa que Danilo ouviu, antes de tudo escurecer.
Acordou. Esfregou os olhos e olhou para os lados meio zonzo, pois literalmente havia acabado de acordar. Após cerca de alguns minutos conseguiu identificar a sua localização: estava em um quarto com duas beliches,as paredes eram brancas assim como os lençóis das camas junto dos travesseiros. Após as beliches do cômodo se encontrava uma cozinha simples(geladeira,fogão,talheres,balcões) que possuía uma porta que dava acesso a um banheiro ,que estava com a porta fechada no momento.
Danilo então percebeu que aquele lugar havia sido construído como uma área especial pois estivera diversas vezes no hospital e nenhum paciente tinha algo parecido com aquilo.
-Que lugar é esse?-perguntou a si mesmo.
Ao examinar melhor as beliches reparou que havia um adolescente em cima da beliche escutando algo que parecia ser uma fita.
''Fita?Em plenos 2017?Esse cara não deve conhecer o celular'' foi a primeira coisa que passou pela cabeça do rapaz antes de se aproximar. Chegando mais perto pode observar melhor a aparência desse ''cara das fitas'':magro, cabelo curto castanho, uma cicatriz na testa e olhos azuis. Imaginando que finalmente ia conseguir alguma ajuda, chamou o moleque.
-Ei,quem é você? Que lugar é este?
O garoto nem se deu ao trabalho de se virar, só estava concentrado no conteúdo da fita.
-Garoto, estou falando com você-Disse Danilo ao tentar encostar nele antes de ser interrompido por uma mão em seu ombro.
-Calma, não interrompa ele-Ouviu em um tom sério
Ao se virar, se deparou com um rapaz de 1,75 mais ou menos com uma expressão séria,mais ou menos como a de alguém que vai para um funeral, não pode ser considerado forte,tinha cabelos castanhos,esses que combinavam com a cor dos olhos.Deveria ter uns 23 anos. Mas de longe, o que mais chamou a atenção foi seu olhar, um olhar triste, vazio, morto.
-Quem é você?
O jovem misterioso estendeu a mão desanimado para cumprimentar o ''novo colega de cômodo'', com certeza preferia estar em qualquer lugar ao invés daquele. Estava fazendo aquilo no automático, apenas por educação.
-Meu nome é Tom.
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Uma Reabilitação
FanficBem,querido leitor,todos nós ja tivemos uma desilusão amorosa e caso você tenha tido a benção de não ter uma,creio que talvez você não entenda oque quero passar com essa história.Enfim,após uma decepção tiramos algumas conclusões precipitadas sobre...