Capítulo VIII

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John Marshall fechou os olhos com força, ao lembrar-se da noite que ele profundamente gostaria de esquecer. Ele respirou fundo e guardou a carta surrada em uma caixa, não queria mais lembrar daquela noite fatídica, quando sua felicidade fora drenada e seu coração destruído. Lenvantou-se do banco e encontrou sua irmã que o observava, encostada na entrada do cômodo. Ela sorriu solidária e ele retribuiu o gesto.

- Já está indo? - perguntou preocupada, observando a chuva que caia sem parar do lado de fora das grandes janelas de vidro. Seu olhar escorregou para os olhos verdes melancólicos do irmão. - Ainda dá tempo de preparar a carruagem. Não saia em meio a essa chuvarada a cavalo. Imaturidade não combina com você.

- Sim, e não se preocupe. Sei andar muito bem por esses caminhos, a cidade não é tão longe. E além do mais, a chuva não está tão forte - garantiu, estendendo a caixa para ela. - Pode guardar para mim?

- Claro - pegou com delicadeza a caixa que seu irmão possuía desde pequeno, onde guardava suas preciosidades. - Tome cuidado, Jack...

- Ficarei bem, Cecile - garantiu, e lhe apertou um dos ombros levemente. - Não é como se eu fosse fazer o trajeto todo a cavalo, pegarei o trem até Brighton não precisa se preocupar tanto.

- Fico aliviada em saber disso - a moça sorriu, deixando o seu rosto ainda mais bonito. Em breve John teria grandes problemas com pretendentes indesejados. Sua irmã era muito esperta quando o assunto era atormentá-lo, mas extremamente leiga quando se referia ao amor. - Já se despediu da mamãe?

- Já. O Ian ficou triste, queria vir comigo - sorriu lembrando-se do seu irmão de apenas dez anos. - Depois vá o consolar, o Ian é muito carente.

- Ele está com a mamãe, vou ter que consolar os dois. Ela não aceita que seu bebezão vá passar quase um mês na casa de um amigo - falou achando graça. - Eu disse que era, além de tudo, uma viagem de negócios, mas mamãe é muito apegada aos seus filhos.

- A mamãe às vezes é tão dramática... - murmurou, lembrando-se da chantagem emocional que ela havia feito mais cedo. - Nem desceu para me ver partir... bom, já vou indo. Até breve minha irmã.

- Até breve - Cecile o abraçou fortemente e John partiu.

Ela observou o pontinho negro que era o irmão em meio a chuva até ele desaparecer.

...

Sua lembrança da última vez que vira a irmã, ainda estava fresca em sua memória, Cecile era tão preocupada com ele, nem parecia que seu irmão era quase dez anos mais velho que ela.

John sorriu, sentindo saudades das suas provocações e das perguntas inconvenientes do irmão, além das inúmeras broncas que sua mãe lhe dava, bem... talvez disso não, mas o jovem duque amava a personalidade forte de sua mãe, que era tão diferente da dele.

Estava prestes a escurecer e ele não tinha a menor ideia de onde estava, mas John não se importava, ele havia tirado a tarde para relaxar e conhecer um pouco mais dos campos que lhe pareceu tão agradáveis. Considerava ou não, se deveria expandir os seus negócios até a França, ele já possuía um vinícola em sociedade com August Artóis um empresário francês de origem inglesa, que também era o seu melhor amigo, mas queria expandir ainda mais seus negócios.

Pensava em sua família, em Cecile sua atormentada e inocente irmã, que queria nadar nas águas do primeiro amor, mas ninguém conseguia lhe impressionar. Em Ian, que aprendia cada vez mais algo novo e cada vez menos tinha pesadelos com sua antiga vida. Se perguntava se o garoto tinha noites de sono tranquilas e se, sentia muita falta dele, os dois eram inseparáveis e Ian o considerava mais como pai do que como um irmão mais velho.

Salva Por Um DuqueOnde histórias criam vida. Descubra agora