Minha Primeira Aula de Piano é um Desastre

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Haviam coisas que eu não estava percebendo. Não só minhas, mas ao meu redor também. Por exemplo, em cinco anos daquela escola, eu nunca tinha percebido a sala de música.

O primeiro dia que eu a notei, faltava uma semana para os NOMs de Feitiços. Faltava uma hora para o toque de recolher e eu voltava da biblioteca, depois de passar três horas tentando explicar à Scorpius o jeito certo de se fazer um bombarda sem causar danos a ninguém.

Os corredores já estavam quase desertos, a não ser por alguns poucos alunos voltando para as salas comunais. Eu passava pelo corredor do quinto andar quando a percebi. Claro, eu sabia que existia; havia lido em Hogwarts, Uma História. Mas eu não sabia onde era exatamente. Eu nunca tinha ouvido alguém tocando qualquer coisa lá.

Naquela noite, uma música baixinha ecoava pelos corredores. Parecia piano, e eu reconhecia a melodia. Havia uma voz cantando também; era doce e calma, assim como o som do piano. Entrei na sala, devagar, só para ver como era e quem tocava. Tentei, pelo menos, não fazer muito barulho.

Mas eu sou Rose Weasley. É claro que eu ia derrubar algo naquela hora.

A sala era diferente da maioria das outras: as paredes eram revestidas com um material que eu não sabia dizer qual era, provavelmente por causa da acústica; haviam alguns quadros de pessoas tocando diferentes instrumentos, todos cantando junto e sorrindo. Violinos, violões e violoncelos, baterias e outros instrumentos dos quais eu nem lembrava da existência se acumulavam pelos cantos da sala alguns tocando bem baixo sozinhos, enquanto, numa parede oposta, um enorme piano branco jazia, e era de lá que vinha o som. Sentada no banquinho, estava Adelline, os cabelos presos em um rabo de cavalo. Ela tocava suavemente, cantando de um jeito que eu nunca imaginaria. Eu não tinha palavras.

E naquele momento...

Deixei meu estojo de penas cair inteirinho, num baque alto, que fez Adelline parar na hora. Ela me olhou assutada, mas quando me reconheceu, abriu um sorriso tímido e corou intensamente. Aparentemente, ela não me esperava ali. No entanto, se levantou para me ajudar a pegar minhas coisas.

-Me desculpe...

-Está tudo bem, eu já ia sair...

-Eu...O que? Por quê?

Ela me encarou, mas parecia confusa, até curiosa. Foi a minha vez de corar, enquanto recolhia as penas com ela. Nossas mãos se esbarraram, e eu corei ainda mais.

Merda, eu era desastrada demais. Errada demais.

-Já está quase na hora do toque. Por que? Você gostou?

-Ah, eu... sim, você, sabe... canta bem, essa música.

-Conhece?-perguntou ela. Não tinha reparado o sotaque enquanto cantava. Estava ficando levemente mais fraco, mas ainda estava lá.

-Ah, sim, não lembro o nome, mas sim.

-Skinny Love. É uma das únicas em inglês que conheço, ainda prefiro as clássicas francesas.

Eu sorri e pedi para me ensinar uma um dia. Ela simplesmente olhou as horas e me puxou para o piano.

-Ah, Adel, vão nos dar uma detenção...-comecei, mas ela me interrompeu, pegando minha mão e colocando sobre uma das teclas.

-Faltam vinte minutos ainda. Sua sala comunal é mais perto que eu sei. E eu não vou ser pega, fique tranquilha. Isso relaxa, os NOMs estão dando muita pressão.

-Certo... mas eu não sei tocar piano.

-Eu sei, e te ajudo. Não vai conseguir pegar a música toda agora, mas acho que pelo menos o início.

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