Nova Orleans, Luisiana, EUA, 1817.
Um ano havia sido passado, e eu me sentia cada vez mais próximo da Olga, minha cantora. Logo após a nossa primeira noite, vieram outras, e eu simplesmente não sabia viver sem ela.
A minha humana.
Pena que eu havia esquecido que a vida humana é muito frágil, principalmente para mim.
— No que está pensando? — eu pergunto, deitado ao seu lado em seu quarto.
Ela estava calada, e isso não era comum, pois não sei se é algo que os humanos tem em comum, as mulheres ou só ela, pois falar é uma das suas maiores paixões.
— No nosso filho — ela responde de imediato, passando a mão de forma carinhosa e protetora na barriga.
Eu levantei espantado usando a minha supervelocidade e me ajoelhei ao seu lado. Ela sabia que eu era vampiro, e que eu também não podia ter filhos, pelo menos era isso que eu pensava. Era perceptível o brilho diferente nos seus olhos, um brilho de esperança, de amor.
— V-você está falando sério? C-como sabe disso?!
— Uma mulher sabe quando ela está grávida, e eu estou.
Meus olhos se arregalam e vão em direção a sua barriga.
— Quanto tempo?
— Acho que dois ou três meses, não sei exatamente.
Passo a mão na sua barriga hesitante e sinto a quentura da mesma que já está um pouco mais alta.
Como eu não percebi isso?
— Mas como?
— Eu também não sei.
Nessa época eu ainda não sabia que o homem, sendo vampiro ou não, nunca para de produzir espermatozoides, o que o torna sempre apto a ter filhos. Depois de pesquisas eu descobri isso.
***
Depois de alguns meses, o parto estava marcado, e Olga teve de enganar os pais, dizendo que era de um homem rico que ela conhecera na rua e que eles estavam juntos. Eles tinham uma amiga parteira que aceitou fazer o parto, e como meu pedido, ninguém assistiria o parto, só a parteira e a Olga, caso algo desse errado.
Lembro de ouvir o choro da criança, e do sorriso que iluminou o meu rosto, um sorriso que eu nunca mais tinha dado. Usei minha supervelocidade e entrei no quarto. A parteira tinha a criança ainda suja no colo, eu a peguei dizendo que era um primo da Olga. Em alguns segundos eu escutei outro choro de criança, e eu e a parteira nos assustamos ao constatar que eram gêmeos. Ela retirou a criança no susto e nós vimos o olhar verde do menino, como o da minha musa, logo olhei para a menina nos meus braços que também tinha os olhos da mãe. Eles só se pareciam comigo pelo fato de terem cabelos morenos como o meu. Entreguei os dois contra a minha vontade para a parteira, para ver como estava Olga. Passei a mão em sua testa suada, e percebi que a mesma estava fria.
Não, não, não!
Não posso perder outra pessoa que amo.
Seguro seus ombros no desespero de ela estar só dormindo, e não mor...
Não consigo nem pensar nessa palavra.
Mas ela não respira, não ouço mais o batimento de seu coração.
Ela morreu.
A parteira já havia saído do quarto para mostrar as crianças aos pais da Olga.
Ela já sabia que o meu amor estava morto.
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Lua Cheia (Série Vampira e Presas) - Livro Extra
VampireLivro 3 ou livro extra da série "Vampira e pressas". Em toda história há mais de uma verdade, mais de um lado a ser contado. Nesse livro, muitos fatos passados do livro "Mariposa" serão detalhados e contados da forma verdadeira que aconteceu. Muitos...