Capítulo Seis

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Henrique

Quando atendo a ligação do meu pai, quase tenho um enfarto. Ele acaba de me dizer que vou ser pai e que tenho que me casar. Casar?? Como assim, se eu nunca nem namorei. Ah namorei sim, aliás, namoro a Rebeca.
Enquanto falava com o meu pai, pensava nos momentos que passei com a Rebeca esses dias, que para mim, foram perfeitos. Se namorar fosse assim, eu queria continuar namorando.
— Pai, eu não vou me casar. E esse filho não é meu. (...) Estou indo pra casa e aí conversamos melhor. Pai, por favor confie em mim. (...) — Eu nunca o decepcionaria. (...)
— Obrigado, pai.

Rebeca
—  Rebeca levanta logo daí, se arruma que vamos embora, liga para uma campainha aérea e pede dois lugares.
Ele diz, e me levanto rápido ligando para a campainha que viemos, consegui um voo para daqui duas horas. Enquanto ele liga para alguém.
Me arrumo em tempo recorde, quando término, ele já está com tudo pronto, saímos em silêncio, no táxi fomos em silêncio e no aeroporto, ele só me deu ordens do que fazer e eu obedeci, afinal, ele é o meu patrão e eu sou paga para isso. Mas notei que ele estava triste, distante. O que será que estava acontecendo com o Henrique.
Eu não queria terminar o nosso tempo assim, ai meu Deus, acabou? Sério isso? Eu estava gostando, eu queria mais, hum, bem que poderíamos, quem sabe ele não queria continuar o nosso namoro de mentira.
Penso em como foi esses dias, e me entristeço, vou sentir falta. Tá bom, ele é chato, é idiota, meu chefe, mas e daí, neh?

Rio de Janeiro
Henrique
— Tem alguém na sua casa? —  Ela pergunta quando o carro para em frente à sua casa, finalmente terei que dar alguma explicação.
—  Só o meu gato Mingau, ele conta né? — Pergunta tentando fazer graça.
—  Ele é café com leite. —  Digo e saio do carro pegando a sua mala, entramos em casa e Mingau vem correndo em sua direção e se enrosca em suas pernas, faz carinho nele enquanto eu deixo a mala ao lado do sofá azul escuro de couro.
—  Então... Vai me dizer o que está acontecendo ou eu vou ter que descobrir sozinha? —  Ela se senta no sofá e eu vou para o lado dela.
— Rebeca, o meu pai disse que terei que me casar, e que serei pai. Isso não é verdade. Tem alguma coisa errada, e alguém querendo me complicar.
— Como assim se casar? — Pergunta nervosa. —  Henrique você tem noiva?
— Não, acabei de descobri que terei, ela é filha de um empresário muito importante, tivemos um lance com ela, e diz que engravidou, meu pai  deixou bem claro que vou ter que casar. Mas vou esclarecer tudo.
— Entendi... Mas como assim tivemos um lance com ela? O correto não seria eu tive um lance com ela!?
— Olha Rebeca, eu adorei nossos dias juntos, sei que não quer que ninguém saiba. Mas preciso saber. Você quer esquecer tudo? Eu não me acho preparado para tal coisa. — Eu digo incentivando, e ainda não acredito que eu tive coragem de perguntar isso, respiro fundo e me levanto, caminho calmamente até a porta e abro.
Olho para Rebeca esperando uma resposta, mas ela nada diz. Saio de sua casa, com meu coração acelerado. Por que ela se calou? Eu vi em seus olhos algum sentimento, mas qual?
Me entrego às lembranças. Quando já estou saindo no portão, escuto meu nome, paro procurando de onde vem, vejo Rebeca correndo, ainda mais descabelada e suada.
— Henrique, espera?
Vou ao seu encontro. Ela se joga em meus braços, seus os olhos marejados. Nos encaramos.
— Henrique, eu não quero esquecer, também não estou preparada, quero continuar sendo sua namorada, se é isso que você quer saber!
Me assusto com suas palavras, “quero continuar sendo sua namorada”, mas não é isso que eu quero também? Quando consigo raciocinar novamente e suas palavras se encaixam, ao que estou sentindo, respiro aliviado.
— Henrique, mas e o seu pai, a tal noiva?
— Rebeca, esse filho não é meu. Isso tenho certeza. Só preciso que confie em mim. Vou agora mesmo conversar com o meu pai. Pedi que ele reunisse algumas pessoas na minha casa, e quero muito que você vá comigo. Preciso de você ao meu lado, e sabendo de tudo que vai acontecer.
Ela me olha desconfiada, mas concorda em ir comigo.

(...)
Rebeca
Na casa se encontra o pai do Henrique, que no caso é o meu ex-chefe, e com uma cara não muito boa, uma mulher esnobe, que não conheço, um senhor mais velho, de aparência imponente e do outro lado, e o amigo do Henrique, o Leandro, nossa como ele chegou tão rápido. Ah foi pra ele que o Henrique ligou antes de sairmos do hotel.
— Boa noite. —  Diz Henrique, e todos nos olham.
— Rebeca, o que faz aqui? — Pergunta o Senhor Lacerda, pai de Henrique.
— Pai, calma que o senhor já vai saber. — Henrique responde o pai, que o olha sem entender.
— Victória, por que está falando que esse filho é meu? — Henrique foi direto ao assunto. — Você sabe que é mentira. — Falou tentando controlar a raiva.
— Mas Henrique, eu... eu. — Henrique olhou para o Leandro como quem o mandasse se pronunciar.
— Victória, se está mesmo grávida, esse filho é meu, e não do Henrique. — Todos olharam assustados.
— Como assim, Leandro? Esse filho tem que ser do Henrique, não seu! — Fico até com pena da moça, mas estava na cara que seria um golpe da barriga.
— Henrique, explique melhor isso, meu filho. — Pediu o senhor Lacerda.
— Pai, estávamos na boate e a Victória nos chamou para uma festinha particular, mas eu já estava meio bêbado, e chegando na casa dela bebemos mais, e graças a Deus, só o Leandro, ficou com ela. Acordamos no outro dia, os três deitados no tapete, eles nu, e eu vestido. Por isso tenho certeza que que esse filho não é meu, mas podemos fazer um DNA se ela quiser. No melhor das hipóteses, nem o Leandro seria o pai. — Henrique sorriu nervosamente.
O senhor que estava com aquele ar arrogante, e permanecia calado o tempo todo, olhou para a filha com cara de poucos amigos e disse:
— Ai Victória, nem pra dar um golpe da barriga você serve. — Ele saiu sem olhar para o Senhor Lacerda, que a essa altura o olhava que ódio nos olhos.

Henrique
Agora que tinha esclarecido as coisas com o meu pai, aproveitei para lhe apresentar a Rebeca.
— Pai, quero que conheça a Rebe...
— Meu filho, acho que já a conheço muito bem, até melhor que você. Só não entendi o porquê de ela estar aqui...
— Pai... — recomeço. — Essa é a Rebeca, minha namorada! — Tanto meu pai, quanto a própria Rebeca arregalam os olhos.
— Mas Henrique... — Ela tenta argumentar, mas eu a pergunto?
— O que você é minha. Rebeca? Não somos namorados? — Ela olha desconfiada para o meu pai que tenta segurar o sorriso.
— Sim... Sou sua na... mo... rada. — Ela fala devagar e rindo ao mesmo tempo.
Sigo em sua direção e a abraço, agradeço por estar ao meu lado.
Ainda ficamos um tempo conversando com o meu pai, que não parava de sorrir, não sei se de alívio ou de ver namorando, e ainda a desastrada da Rebeca. Mas eu estava feliz, ela estava feliz.

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Um caso com meu chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora