IX- Dias Contados

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          "Está escuro, muito escuro, aparenta ser uma espécie de um túnel, eu estou sozinho... Há algo mais na frente vejo uma pequena luz, mas, não sei o que é. Estou ouvindo uma respiração atrás de mim e quando me viro para ver o que é esta coisa desaparece.
-Você deveria estar com ela agora. Como que protege lá tão distante de quem você ama?-

    Uma voz sussurra em meu ouvido. Me viro para ir ao encontro dela, mas vejo uma figura sombria que parecia usar uma capa.
-Oi? Tudo bem com você? -

      Disse levando a mão sobre seu ombro, mas quando se vira o ser não demonstrava expressão, estava tão pálido que deveria estar morto, seus olhos estavam sangrando e sua boca estava cortada dos lábios até o queixo.

      Assustado me afasto tentando correr o mais rápido que posso em direção a luz, olho sobre meu ombro e vejo a figura se transformar e levantar andando em minha direção. Meus pés param e sinto como se estivesse caindo em algum lugar, o impacto do meu corpo contra o chão e tão forte que me deixa incapaz de levantar. Olho para o alto e avisto um papel cair lentamente, agarro-o, e leio,- acha que está livre? Sua dor está apenas começando e vai se alastra por todo seu corpo fazendo uma ferida em sua alma, irá S A N G R A R.-"

-Gian... Gian... acorda!-
-O...Oi?! O que ouve?!-
-Por que está dormindo no chão?-

     Gian acorda com sua irmã em cima dele sacudindo-o, quando se da conta estava no chão fora de sua cama, deveria ter caído dali, deveria.
-E. .. eu não sei... devo ter caído... tive um pesadelo horrível.-
-Como foi?-
-Deixa não precisa se preocupar, vamos nos arrumar.-

      Os dois se preparam para ir à escola, descem e se juntam à mesa com Samantha.
-Bom dia garotos. Como foi a noite?-
-A minha foi normal mas já a de Gia...-
-Shh...-

    Gian interrompe a irmã que já ia dizendo sobre seu pesadelo e queda.
-o que há Gian pode me dizer.-
-Não ouve nada tia apenas cai da cama.-

     Termina seu café pegando a mochila e colocando sobre sua costas, ao sair da casa se lembra do rosto do sonho e compara o com o rosto de Hanna, eram muito similar, e por falar nela ao entrar no ônibus se dão pela ausência dela.
-Estranho Hanna não está entre nós...-
-Já está pensando nela?-
-Como assim? E normal ela aparecer por aqui-
-Sei que ontem foi muita emoção para você irmão, mas não se preocupe ela deve ter se atrasado apenas.-
-Será? E se tiver acontecido algo?-
- Ela só pode ter sido morta ou coisa assim não se preocupe...-
-COM ASSIM?!-

        Scyllas riu de seu irmão e deu uma pausa.
-Era só uma brincadeira... para ver o quanto se importa com ela, você deve sentir o mesmo por ela.-

      Gian se acomodou no ônibus e esperou para chegar na escola, ignorando a arrogância da irmã.

       Chegada na escola os dois se dividem pelos corredores novamente, Scyllas vai para a sua sala e Gian para a sua, esperava encontrar Hanna por ali mas não a encontrou, apenas Petter.
-Petter! Como vai?!-
-Olá Gian! Já estou sabendo da novidade!-
-Novidade?...-
-não se faça de tolo, sei que você é Hanna estão juntos.-
-Não é nada disso cara... mas por falar nela... onde ela está? -
-Viu? Já está preocupado... mas realmente... ela está demorando muito mais que o normal... vamos esperar um pouco ou ela deve ter acordado tarde.-

     Petter deu com os ombros e sentou se em seu lugar, Gian assentiu e foi ao seu também. Colocou seu capuz e retirou um pequeno caderno de sua mochila, caderno este preto e continha em suas páginas vários desenhos de sua família ou do que se lembrava deles, Gian tinha um talento com desenhos, e usava daquilo para lembrar de seus pais e de Elisabeth, que a princípio era a única igual a ele.

        Gian desenhava, desenhava, estava tão disperso com o tempo como no dia anterior, que nem reparou o entrar e sair de cada professor, era o horário de literatura, sua professora tinha acabado de passar uma atividade, e enquanto isso passeava pela sala. Se aproximou de Gian e viu seu desenho, e o mesmo não reparou a presença dela.
-Que belos traços!.-
-O que?-

      Gian olhou para o lado e viu sua professora.
-O...Oi.. obrigado...-
-Que triste não?-
-o que é triste? -
-o ocorrido com a garota que se senta na mesa ali na frente.-

     Disse ela apontando na mesa em que Hanna acostumava ficar, ela levou a mão em sua boca com expressão de confusa.
-mas não me lembro do nome dela... é tanto aluno...-
-Ha... Hanna? -
-isso!-
-O que houve com ela?!-
-você não sabe? Disseram que ontem ela foi a uma farmácia comprar algo para a mãe, e nisto ela foi assaltada eu acho, mas enfim ela reagiu e acabou sendo esfaqueada, por sorte alguém apareceu por ali e a socorreu. Disse que está em estado crítico.-

       Gian ficou sem reação, tentava imaginar o que aconteceu mas não conseguia, no mesmo dia eles estavam juntos, e no mesmo dia ela é agredida por alguém. Gian ficou por ali, pensando, os horários continuaram a passar até os alunos serem liberados.

    Filipe se aproximou lentamente.
-Sei como esta...-
-Não. .. não sabe...-
-Acredite eu sei sim! Vi as pessoas que mais amei serem torturadas, perderem dedos, membros diversos um após um, em minha frente.-
-O que você quer dizer com isso?-
-Eu não consegui prever o que ouve comigo, mas você sim, naquela ilusão. Como já disse eles querem te alerta, ou te fazer sofrer. Já lhe perguntei? Acha que pode protege-la agora?.-

    Se afastou lentamente deixando Gian só na sala, aquela pergunta o deixou pensativo, então ele se lembrou do que havia prometido, da sua promessa, proteção eterna a sua irmã.
  
      Correu até o encontro dela que já estava na entrada da escola esperando por ele.
-Ja estava na hora né Gian!-
-Scyllas! Aconteceu algo?-
-não. Mas estou esgotada.. e por falar em Hanna você ficou sabendo da notícia? -
-Mas... nos nem tocamos no nome dela... e sim fiquei.-
-Eu sei que não falamos... mas eu sei que esta pensando nela... e sei que esta triste... vamos embora, tia Samantha ligou e disse que temos visita.-

      Os dois seguiram caminho. Gian estava pensativo queria ver como estava Hanna mas nem tinha noção de que hospital ela estaria, por sorte ele veria, o mais cedo possível.

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