Capítulo 3.

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Harry


A detenção.


O verdadeiro motivo pelo qual estou aqui é porque sou o maior otário do Universo.

Eu deveria ter corrido. Deveria ter ignorado aquele idiota do Carter Jenkins e dado o fora. Mas, não. Não. Eu tinha que ter respondido. Essa minha língua grande. Tinha que ter me envolvido e sido um babaca. Agora, aqui estou eu. Depois da hora, preso nessa sala vazia, cinza e fria com meia dúzia de desordeiros esquisitos que estão babando de tanto dormir. Um menino a duas carteiras a minha frente solta um arroto alto, e eu faço uma cara de nojo.

Harry Styles, você é tão burro.

O responsável pela sala da detenção não é o mesmo inspetor ranheta, e sim uma senhora de idade que tinha um exemplar de Orgulho e Preconceito nas mãos e parecia relevar nossa existência. Eu estava entediado, sem poder mexer no celular ou sair da sala. Só deveria ficar ali, sentado, refletindo no quanto fui estúpido, no quanto o Ensino médio era uma experiência do governo para nos causar traumas e nos fazer gastar dinheiro com ansiolíticos no futuro.

Ouço o barulho da porta se abrir, e vejo a senhora abaixar o livro para encarar a figura que entrava na sala, dando passos despreocupados.

-Senhor Tomlinson, está atrasado. -Ela diz, e ele tem uma expressão inocente e rígida que eu não consigo decifrar.

-Sinto muito, Senhora. Vou me sentar.

-Faça isso, sim.

Ele ajeitou a jaqueta pesada, e olhou ao redor da sala procurando por uma cadeira vazia (mesmo que tivesse uma porção delas). Até que num movimento rápido, percebi seu olhar em direção aonde eu estava sentado e rapidamente me virei.

Ótimo Harry. Tudo o que você quer é uma fama de Stalker louco, certo?

Ouvi a carteira atrás de mim se arrastar num ruído, e logo, o silêncio prevaleceu de novo.

-Eu volto em um minuto, se comportem, estão ouvindo? -A senhora se levanta, ajeita os óculos e sai da sala. Todos parecem continuar fazendo a mesma coisa que estavam fazendo antes, menos...

-Oi. -Ouço uma voz atrás de mim. Me viro e encaro o seu dono.

-Oi.

-Desculpa mesmo por você estar aqui. Se não fosse pelo Carter...

-Aonde ele está, afinal? -O corto, me dando conta de que ele de fato não estava na sala.

-Ah, ele nunca vem para as detenções que leva. A escola nunca presta atenção nele o suficiente. -Ele diz, e sua voz sai num tom de rigidez sincera e eu me pergunto se eles são mesmo amigos.

-Vocês são amigos?

Ele se contrai, e eu me arrependo de ter feito a pergunta.

-Si-sim, mas sabe como é. Carter Jenkins é o Carter Jenkins.

-Não sei o que isso significa, desculpe.

Ele faz uma expressão de confusão mas depois arqueia as sobrancelhas de modo em que seus olhos ficam tão abertos que a luz deixa o azul ainda mais azul. Não sei como é possível, mas está lá. Olhos duplamente azuis como a porra de um Oceano.

You flower, you feast ♦ [l.s] [finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora