Capítulo 19.

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NA MESMA NOITE


Harry


É uma daquelas noites que tudo está tão silencioso que qualquer barulho se torna perceptível. Os carros nas ruas, as cercas rangendo, o barulho do vento.

É quase meia-noite e Robin já está dormindo, o que faz eu me sentir meio solitário. É como as últimas semanas vem sendo: Solitárias e vazias. Dia após dia, eu precisava reaprender a lidar com a minha própria companhia, coisa que eu não estava mais acostumado a fazer. Na escola, eu gostava de passar o meu tempo com Heather e Anastasia, é claro, mas assim que eu chegava em casa a solitude devorava os meus pensamentos e eu me sentia indefeso, como se estivesse sendo atacado por mim mesmo.

Com tudo o que estava acontecendo, Robin notou a mudança do meu comportamento durante as últimas semanas. O que foi um processo difícil, inclusive. Assim que eu pedi pela primeira carona numa manhã nublada, seus olhos se arregalaram, parando de ler o jornal e me encarando por detrás das lentes embaçadas. Ele sempre fora uma pessoa muito expressiva.

O que aconteceu com Louis? Ele fez alguma coisa com você? Você está bem? Quer conversar sobre isso?

Até ele entender que estava tudo bem (não estava) e que esse não era um assunto sobre o qual eu queria comentar nos últimos dias (isso era verdade), foi exaustivo.

A verdade era que, ter Louis Tomlinson fora da minha vida era exaustivo.

Estou no meu quarto, e não consigo pregar os olhos. A insônia me persegue, e não consigo escapar dela. Tentei assistir seriados, ler meus livros e ouvir música, tudo em vão. Eu me virava de um lado para o outro na cama, sem sossego. É como se fosse uma espécie de castigo.

Cortando o silêncio daquele começo de madrugada, de repente, escuto algo na minha janela.

Me viro para o outro lado da cama, e deixo pra lá.

Não vou me iludir, penso. Ele não viria atrás de mim, de qualquer maneira.

Não depois de tudo.

Não depois de ter ido embora.

Meu coração acelera gradativamente assim que ouço o segundo barulho. Pisco duas vezes, fico com medo de ser uma alucinação, mas devido a noite silenciosa, é fácil perceber que algo realmente estava batendo no meu vitral. Dou um salto da cama e vou até a janela.

É o carro dele estacionado na calçada.

Procuro por ele, mas não o encontro no gramado. Meu coração se estabiliza por meio segundo, até que o vejo andando na minha calha, se pendurando nos canos a fim de se equilibrar.

-Louis?!

-Shhh. -Ele diz, tampando a boca. Eu engulo a seco, torcendo para que ele não caísse dali de cima. Sempre era arriscado quando ele subia pela escada de segurança, mas ele nunca ligava.

Dou espaço para que ele ficasse no beiral, se apoiando. Eu dentro, ele fora.

Estávamos frente a frente pela primeira vez, depois de semanas.

Como eu sentia falta de vê-lo dessa distância, tão perto. Sua barba rala, seu cabelo bagunçado e os olhos azuis que, mesmo na maior escuridão, brilhavam como a lua. Eu era apaixonado pelo garoto mais bonito do Universo. O que eu tinha na cabeça quando havia o mandado embora? Minha mente se torna um borrão e eu preciso piscar duas vezes até voltar ao normal.

You flower, you feast ♦ [l.s] [finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora