Já era tarde da noite e eu voltava para casa da faculdade. O ônibus que eu pegava para a faculdade, que era na cidade vizinha já que a da nossa cidade não havia o meu curso, me deixava a algumas quadras longe de casa. No meio do caminho a chuva começou a cair forte. A música Need You Now da Lady Antebellum começou a tocar e eu rapidamente comecei a lembrar-me de Gabriel. Já fazia 6 anos que não nos víamos, será que ele tinha se esquecido de mim? Não! Eu não podia ficar parada me lamentando. Sai do lugar que tinha encontrado para me proteger da chuva e corri em direção a minha casa que estava a poucas quadras dali. Quando cheguei no portão eu não sabia o que era chuva e o que era minhas lágrimas, segurei o colar que Gabriel me deu e olhei para o céu em busca de que algum milagre acontecesse naquela hora. Naquele instante. Naquele momento. Quando senti braços fortes me abraçando por trás, e quando o cara se inclinou para a frente pude ver uma plaqueta de metal, era uma identificação de soldado e nela continha o nome dele. Gabriel O. Smith.
Quando me virei para o mesmo não tive tempo para ver seu rosto, logo meus lábios foram tomados pelo dele. Nossos corpos foram colados por nossas roupas molhadas. Nunca foi tão difícil abrir o portão de casa como estava sendo naquela noite. Mas minha alegria não me deixava ficar estressada com este fato.
Ao caminho do meu quarto nossas roupas foram sendo deixadas no chão fazendo um caminho pela casa. Não conseguiamos descolar nossos corpos e nem mesmo nossos lábios, nossos olhares se encontravam todas as vezes que perdíamos o ar e buscávamos por fôlegos, mas eram coisas de segundos. Gabriel estava mais alto, mais forte, mas eu ainda reconhecia seus olhos, seus lábios macios e seu jeito menino de me olhar com paixão e fogo.
A felicidade de tê-lo ali não queria sair de mim. Ao chegamos em meu quarto logo caímos em minha cama, o desejo e o fogo foram crescendo e agora eu tentava decorar seu corpo com meus dedos enquanto ele me analisava e me decorava em sua mente. Seu olhar me deixava sem ar, eu nunca o tinha visto daquela forma, mas eu podia ver tudo neles - iam de amor à desejo. Nossos corpos dançavam um no outro enquanto nos encarávamos e decoravamos.
Gabs prendeu o ar e se afastou balançando a cabeça. Ele ainda estava de calças e eu não tinha notado aquilo até agora.
- Kayla, eu tenho que te contar algo. - falou fechando os olhos e encostando a testa na minha. - Eu perdi uma parte da minha perna. Está horrível. Então não se assuste quando ver. Por favor. - ele pediu e eu pisquei algumas vezes tentando assimilar aquilo - Você vai ver, começa um pouco abaixo do joelho, e depois disso, apenas minha prótese.
Neguei com a cabeça beijando sua testa.
- Gabs, eu não me preocupo com isso! - murmurei olhando em seus olhos. - Eu não amo só o seu físico. Eu amo o seu interior também. Mesmo se você tivesse com o rosto deformado eu ainda iria te amar. - confessei. Gabs abraçou-me chorando e eu beijei-lhe o rosto todo.
Depois disso, Gabs tirou a calça mostrando me sua perna. Ajudei-o a deitar na cama e a tirar sua prótese, entrelacei nossos dedos e beijei sua mão, Gabs fez o mesmo processo com a outra e sorrimos um para o outro.
- Eu senti tanto a sua falta Kayla! - murmurou ele beijando me fervorosamente.
Na manhã seguinte escutei meu telefone tocando sem parar, eu estava deitada sem roupa sobre um corpo grande e quente. Tentei me mexer mas as mãos grandes dele me seguraram. Olhei para Gabriel que sorria de olhos fechados.
- Só mais alguns segundos - pediu.
Continuei olhando para Gabs e toquei seu rosto todo para ter certeza de que aquilo não era um sonho. Tentei levantar-me mas estava sentindo um pouco de dor. As memórias da noite passada invadiram minha mente e eu logo pude sentir minhas bochechas vermelhas. Gabriel me espiou e pude ver alguma cor sobre as suas também.
Tentei segurar o sorriso, quando vi a cena, era realmente ele. Meu amor. Ele tinha voltado. E estava lindo.
- Merda! - xinguei quando vi o horário no relógio, eu estava quase atrasada para o meu trabalho. Pulei da cama mesmo meu corpo reclamando e corri para o chuveiro, Gabs ficou me olhando com olhos arregalados da cama. – Estou atrasada – expliquei, mas mesmo assim ele me olhava como se eu fosse louca.
Gabs se levantou e suspirou alto, mas sorriu de lado para mim.
- Quando é sua folga? - perguntou vestindo sua cueca e eu tentei lembrar desse fato enquanto entrava no banheiro e organizava minhas coisas para um banho rápido.
- Na terça-feira? - respondi, porém parecia mais uma pergunta que uma afirmação.
- Tudo bem, iremos fazer uma viajem.
- Uma viagem de um dia? - agora eu que estava o achando louco.
- Sim, é aqui perto. - murmurou cabisbaixo, talvez ele estivesse pensando que eu fosse recusar. Dei risada.
- Tudo bem. Mande-me uma mensagem com o horário que vamos sair! - falei e ele assentiu. Gabriel saiu do quarto e eu fui tomar banho. Quando desci pronta, vi que nossas roupas espalhadas da noite passada já estavam recolhidas e que a mesa para o café da manhã já estava pronta, ele me puxou sorrindo e fez-me sentar, beijou minha testa e eu corei sem saber o que fazer. Então toquei-me que ontem a noite foi minha primeira vez e Gabriel queria me mimar mesmo um pouco preocupado.
- Bom dia! - falou e eu sorri. Sentia que estava esquecendo de algo, mas não me lembrava o que era.
- Bom dia. - respondi beijando sua bochecha. Gabriel estava sorrindo feito bobo, ele nada comeu, apenas ficou me observando comer e me encarando - Sem fome? - perguntei e ele negou - O que foi então? - perguntei e ele sorriu.
- Você sabe o quanto eu senti sua falta? - perguntou e eu neguei - Eu nunca mais quero me separar de você Kayla! - dei risada. Eu também não queria me separar dele. Mas e se tudo isso fosse um sonho? E se ele sumisse daqui a alguns segundos?
- Eu também senti a sua falta Gabs. Muita. Você não imagina.
- Vamos fugir? - ele perguntou e eu ri.
- Claro, mas eu decido quando. E então você só tem que correr até mim com o seu passaporte e seu lindo sorriso. - disse apertando sua bochecha e Gabriel sorriu mais ainda.
- Então isso é uma promessa! - avisou ele me olhando nos olhos e beijando minha mão.
Ao chegar no hospital lembrei-me que Dona Ariel tinha ganhando bebê na noite passada e que eu precisava ir conhecer ela é Bianca. Uma cabeleira morena correu em minha direção e logo reconheci minha melhor amiga.
- O que houve? - perguntei a Megume que sorriu mostrando sua aliança com um diamante.
- Estou noiva! - gritou e eu sorri a abraçando. Foi então que me lembrei da promessa de Gabriel de que quando ele voltasse iriamos nos casar no próximo mês. Será que ele iria me fazer o pedido na terça-feira?
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Quando o Amor Acontece
RomanceO que é o amor? Eu sinceramente não sei explicar. Por mais que eu ache que sou adotado Mamãe e Tia Mel vivem dizendo que sou muito parecido com o meu pai - Nicolas Smith. Mas como eu não posso desconfiar de um homem que nunca vi? Mas mamãe insiste e...