Capítulo 2 - O destino é uma merda!

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Eu li em alguns livros que o primeiro cio vinha aos 18 anos de idade, tanto para Ômegas quanto para Alfas. Li também que depois do primeiro cio teríamos que procurar comunicar a qualquer instituição que nós Ômegas pertencemos, para que eles pudessem fazer um exame para informar nossos sete dias de cio no mês e isso era uma coisa obrigatória... Pelo menos não tenho que fazer isso em público. Pelo menos não vou ter que fazer isso sendo observado por Otabek... Ah, Otabek.

- MERDA, MERDA, MERDA! – Eu olhava para o meu membro ereto que estava gotejando. Já não bastava minha bunda está completamente molhada, agora isso está desse jeito. O que eu faço? Eu não sei o que fazer! Como eu faço para o meu corpo parar de ficar quente? Eu não posso tomar mais um inibidor! – Ah... O que eu faço com isso? – choraminguei para o nada. Isso já está latejando e eu não sei o que fazer.

- Se toque – uma voz na cabine ao lado falava –, se você se tocar, passa.

- Que? De jeito nenhum! – falei olhando para a parede da cabine. Eu estava arfando muito – Meu deus eu vou enlouquecer!

- Você está exalando um feromônio muito forte e isso vai chamar a atenção de Alfas, apenas se toque logo – a voz fala – é só o segurar e movimentar rápido. – ela falava.

Isso é horrível, meu corpo está totalmente quente. Eu não devo está pensando direito, mas comecei a fazer o que aquela voz da cabine ao lado tinha dito. Eu nunca tinha feito isso, eu nunca senti necessidade de me tocar por puro prazer, mas isso é diferente é como se fosse um extinto desgraçado que não se satisfazia apenas comigo fazendo aqueles movimentos, ele pedia mais, me pedia para que eu fosse além de apenas tocar meu membro, e sem pensar duas vezes coloquei meus dedos na entrada escorregadia da minha bunda.

- Ah... Merda! – eu estava arfando, eu estava suando e estava sujo. Meus dedos se moviam em uma velocidade tão absurda, que eu nem sei de onde eu estava arrumando forças para fazer duas coisas rápidas ao mesmo tempo. Deus, como isso era bom... Eu quero mais, eu quero que o Otabek faça isso comigo... Que merda eu tô pensando? Eu não sei o motivo de eu me sentir assim pelo Otabek, eu nem o conheço direito! Não tem como essa coisa de parceiro destinado ser verdade, pois não tem sentindo! Mas então por que eu estou me tocando tão rapidamente e pensando em Otabek?

Por que isso está acontecendo comigo? Por que justo com ele? Por que eu estou me tocando pra ele? Eu não entendo o motivo disso, ele é um Alfa, eu não posso ser um par destinado de um Alfa, eles só nos usam, por que tem que ser assim? Por que só nós temos que nos precaver?

- Otabek... Otabek...

Acabei gozando. Minhas pernas estavam bambas e meu corpo trêmulo, isso indicava que aquilo tudo tinha acabado. Toda aquela quentura que eu estava sentindo antes foi embora, me deixando apenas arfando com minha calça abaixada em uma pequena cabine do banheiro. Ao longo que o tempo ia se passando, meu corpo ia se acalmando e isso me fez poder me vestir novamente. Depois de mais alguns minutos no banheiro eu finalmente tive coragem de sair. A jaqueta que eu usava estava amarrada na minha cintura cobrindo completamente meu bumbum. Meu rosto ainda estava um pouco corado e isso me fazia lembrar do motivo do por que ele estava assim. Isso é tão vergonhoso!

[...]

Havia se passado 1 mês desde o acidente do banheiro. Na primeira semana Otabek faltou às aulas, na segunda semana eu faltei às aulas por conta dos exames que eu tinha que fazer para a escola e nas últimas duas semanas nós nem nos falamos. Era como se a gente tivesse fingindo que nada disso aconteceu, apesar de eu achar ótimo, porém eu preciso entender o que está acontecendo comigo e por que mesmo eu não acreditando em parceiro destinado, meu corpo fica quente toda vez que lembro o quanto eu chamei seu nome no banheiro.

- Eu vou enlouquecer – digo bagunçando meus cabelos e me arrependendo em seguida. Jean ou JJ como prefere ser chamado por todos, me olha curioso.

- O que você tem? – pergunta ao me ver bufando e amarrando meus cabelos em um coque apertado.

- Eu? Nada. Por que eu teria alguma coisa?

- Você tá todo vermelho... Você usa perfume de rosas? – perguntou chegando mais perto de mim para me cheirar, mas apenas levando um empurrão meu.

- Cai fora... Cheiro de rosas? – falei abrindo as pressas minha mochila e pegando um papel e vendo que meus 7 dias tinham acabado de começar. Meus olhos varreram a sala até encontrar Otabek entrando na sala e parando imediatamente quando me viu. Ele colocou a mão fechada contra o nariz e seu rosto começou a corar fortemente. Meu peito subia e descia como se estivessem procurando ar. Minha mão foi direto para meu peito e senti meu rosto começar a corar. Não aqui, por favor, não aqui.

Peguei minha mochila e colocando de qualquer jeito minhas coisas lá dentro para eu poder sair o mais rápido possível daquela sala. Um Ômega para seis Alfas, sendo que dois já sentiram meu feromônio, isso não vai prestar! Otabek ainda estava parado na porta com a mão cobrindo o nariz, ele estava muito vermelho, talvez mais vermelho que eu.

- Droga... – Otabek estava igual uma estátua e não saia do lugar, na verdade ele não fazia nada, até parecia que ele estava se controlando para não me atacar ali.

- Otabek... Você está bem? – uma garota falou antes de sair da sala – Beka? – ela tocava na testa dele – Beka, você está com muita febre! Vem, vamos pra enfermaria – ela falava pegando em seu braço solto e o arrastando. Por que ela o chamou de Beka? E por que eu estou tão incomodado com isso?

Passo pela porta e vejo que os dois não estão tão longe, porém ao invés de eu ir para a enfermaria também, acabo indo para a saída da escola correndo. Minha mochila se sacudia horrores atrás de mim, mas isso não me incomodava, pois eu tinha coisas mais preocupantes para pensar no momento, como por exemplo: Muitas pessoas falando pelo corredor que está exalando um cheiro de rosas muito forte. E eu apenas estava me preocupando com os Alfas e me esquecendo dos Betas. QUE MERDA TÁ ACONTECENDO!?

O lado bom de não morar tão distante da escola é que em momentos de desespero você pode ir correndo para a sua casa. Provavelmente meu avô estava trabalhando, então não teria ninguém em casa, o que é bom, pois eu não ia querer ver ele desesperado com a minha situação. Ele sempre se preocupou com o meu cio, ele tem medo de fazerem alguma coisa errada comigo, ele é uma pessoa muito protetora.

Abri a porta da minha casa a trancando logo em seguida. Jogo minha mochila no chão e corro para o banheiro. Eu não tiro minhas roupas e nem sapato, apenas ligo o chuveiro, deixando com que a água fria me relaxe e faça com que eu me acalme em todos os sentidos. Eu vou ficar assim toda vez que eu ver um cara que eu nem sequer falo? Eu sei que parceiro destinado pode ser para ambos os sexos, mas por que com um cara? Eu sempre quis que fosse com uma mulher, assim eu não engravidaria. Eu não consigo entender o motivo disso tudo, não consigo entender o porquê de deus fazer tantos gêneros e por que alguns sofrem tanto? Se ele nos fez assim, por que somos visto como aberrações? Eu vou acabar enlouquecendo com isso, eu cresci apenas com respostas cientificas me dizendo o que eu tenho que seguir, ou o que eu tenho que tomar e o que eu tenho que fazer, e do nada surge um cara falando sobre ser meu par destinado e que sente coisas por mim e que sabia que eu estava mentindo sobre meu gênero. Sim, eu estou em um estado de negação, pois era para esse ano ser calmo como foi em toda minha vida! Não era pra essa montanha russa está acontecendo, não comigo... Mas então por que quando eu estava me tocando naquele banheiro, Otabek era a única pessoa que vinha na minha cabeça? Será que eu tenho que apenas aceitar? E se hipoteticamente eu aceitasse? Como eu iria falar com Otabek?

- Se isso for o destino... – um suspiro pesado escapa do meu peito e percebo que eu estou mais calmo, porém meu corpo estava pesado por conta das roupas molhadas. Tirei-as ficando apenas de cueca box, fui em direção a lavanderia colocando minhas roupas molhadas para lavar e voltando para o banheiro para enxuga-lo. Depois que termino de limpar o banheiro vou para o meu quarto e dou de cara com o meu espelho de parede que pega meu corpo inteiro. Minha cueca box de oncinha estava colada no meu quadril, meu tronco magro e sem músculos era algo aterrorizante, acho que a única coisa que realmente era boa ali no meu corpo era minha bunda, pois era um tanto empinada. Bufo e troco a cueca molhada por uma seca e visto uma roupa qualquer e me jogo na cama. – Que dia foi esse?

x Otabek x

- Então você quer pílulas para suprir o seu cio? – Chris falava de braços cruzados. Seu olhar sereno em cima de mim me dava certo medo.

- Eu não sei se vou conseguir me controlar perto dele outra vez – Minhas mãos passeavam por meus cabelos freneticamente – O cheiro dele era muito bom, eu nem sei como eu realmente consegui me controlar naquela hora, se não fosse pela Mila... Acho que eu o teria agarrado na mesma hora.

- Mais alguém sentiu o cheiro do Yuri? – perguntou agora procurando em algumas prateleiras algum medicamento.

- Eu meio que não prestei atenção nisso Chris...

- Ah, certo. Você se sente calmo?

- Sim, eu já me acalmei... Chris?

- Sim querido? – falou me entregando um frasco de pílulas azuis escuras.

- Você acha que eu devia procurar o Yuri pra conversar? – ele me encarava sério.

- Acho que hoje deve ter sido o primeiro dia de cio dele, provavelmente ele não vem para a escola nesses seis dias por medo dos Alfas – ele falava tocando seu queixo como um pensador. – Se você quer falar com ele, espere o cio dele acabar e o seu também, pois se o que você me disse for verdade, ao se verem vocês não vão trocar nenhuma palavra.

Ele se sentou em sua cadeira giratória com os braços cruzados e me olhava esperando minha resposta. Eu também queria entender o motivo disso ter acontecido comigo. Essa estranha atração que eu tive por ele quando nos olhamos pela primeira vez, o jeito que ele ficou corado e mesmo assim ficou me olhando sem desviar o olhar. Eu não sei como eu sabia que ele era um Ômega, mas quando ele mentiu sobre seu gênero e disse que era um Beta, eu fiquei inquieto! Pois eu senti que ele era um Ômega, por que eu senti que ele me pertencia, é tão estranho pensar desse jeito?


- Você, não vai esperar sete dias não é? – ele me encarava com um sorriso travesso no rosto – ao menos tome o inibidor e use camisinha se for necessário! Os dois já são adultos e os órgãos reprodutores já estão desenvolvidos o bastante para terem um neném.

- Chris?

- Só estou avisando – ele falava com a mão levantada.

- Eu não vou fazer nada, eu acho... – falei me levantando da cama da enfermaria.

- EI! – gritou antes de abrir uma gaveta e me jogar três pacotes redondos pretos – proteção!

- Obrigado.

x Yuri x

Eu não sei por quanto tempo eu dormi, mas já estava escurecendo e o som da campainha sendo tocada várias e várias vezes estava irritante. Eu estava com cara de sono e todo bagunçado para ir abrir a porta, me sinto um mendigo! Aposto que um mendigo estaria mais arrumado que eu.

- Já vai! Para de tocar a porra da campainha! EU JÁ TÔ INDO! – gritei abrindo a porta e dando de cara com Otabek olhando para a porta com o rosto pálido. – Otabek?

Ele que há poucos segundos estava paralisado e com o rosto pálido agora segurava meus ombros e me olhava minuciosamente. Sua mão me apertava com uma pequena força e ele apenas me olhava como se nunca tivesse me visto antes. Seu rosto começava a corar levemente e seu olhos começaram a cair por meu corpo.

- Yuri... Você é tão lindo! – ele dizia passando a mão por meus cabelos bagunçados – você acordou agora e está tão lindo.

- Otabek... O que você veio fazer aqui? – perguntei o encarando.

- Eu? Eu... Vim falar daquele outro dia. Yura...

- Yura? – repeti.

- Posso te chamar assim? – perguntou. Ele ainda me segurava.

- P-pode.

- Yura, naquele dia, eu não sei o que aconteceu eu só senti que era você, eu não sei te explicar isso, mas eu sinto que você é meu parceiro destinado. Eu sei que eu não te conheço e nem sei da sua história, mas eu fico inquieto só de saber que pode ter outro interessado em você, independente do sexo, eu só sinto que eu sou seu... Você consegue me entender? – ele me perguntava. Seus olhos me olhavam com rapidez procurando alguma expressão minha, uma resposta, mas eu apenas o olhava e admirava a sua beleza. Eu não sabia o que falar, até por que eu também não sabia o que estava acontecendo. Tirei suas mãos dos meus ombros e isso fez com que seus olhos entusiasmados ficassem tristes.

- Eu sei que é difícil ouvir isso, mas...

Eu não dei oportunidade para ele terminar de falar, pois meu coração já estava martelando em meu peito ansiando e pedindo por ele. Eu estava beijando Otabek, o garoto que foi uma das razões para eu me tocar no banheiro da escola. Ele parou o beijo e me olhava incrédulo.

- Yura... – Ri da sua cara de assustado.

- O destino é uma merda! – Afirmei o puxando novamente para mim.

- Totalmente.

Cheese and Wine  [ HIATUS ]Onde histórias criam vida. Descubra agora