Capítulo 3 - Queijo e vinho podem sim combinar

334 33 12
                                    

Eu podia até escutar meu subconsciente gritando em desespero para que eu parasse naquele exato momento todos os movimentos das minhas mãos nas costas de Otabek e beijos que eu lhe proporcionava. Mas sabe quando o corpo ou o coração não da à mínima para a razão? E você começa a fazer coisas por impulso e quando vê formou uma gigantesca merda andante? Eu sinto que eu estou fazendo isso nesse exato momento. O mais engraçado que quem agarrou ele foi eu! EU NÃO TENHO EXPERINCIA COM NADA! COMO É QUE EU TÔ BEIJANDO ELE? EU NEM SEI BEIJAR!

- Otabek... - parei de beija-lo - nós estamo na frente de casa ainda.

Seus olhos negros me olhavam desesperados. Respirou fundo, ajeitou sua postura e olhou para os lados a procura de alguém que poderia ter visto, mas não encontro ninguém. Outro lado bom de morar um pouco perto de escolas e que os jovens fazem de tudo para não chegar cedo em casa, e, ou a casa fica sozinha até eles chegarem, pois os pais trabalham ou só está à mãe ou o pai em casa cuidando dos afazeres.

- É melhor nós entrarmos - falou colocando uma de suas mãos atrás de minha nuca. Um arrepio forte percorreu por meus braços e pescoço, mas meu olhar de surpreso prevalecia em meu rosto e ele percebeu isso - eu não vou fazer nada... - ele disse retirando a mão detrás da minha nuca e eu quase choraminguei por esse ato - olha, eu pedi para Chris me prescrever uma pílula para eu suprir meu cio - ele me mostrava o frasco com certa felicidade - acho que ele serve, ele se adequa bem ao meu organismo, pois não sinto nem uma vontade de te agarrar... Yura?

Não sei quando lágrimas começaram a descer por meu rosto. Não, não são lágrimas de tristeza ou desespero, elas são de felicidade e alivio! Ver um Alfa, que eu conheço há apenas um mês e que se diz ser meu par destinado, me respeitando dessa forma, ao ponto de suprir o próprio cio... Me faz ver que nem todos eles são iguais e que sim há suas exceções.

- Yura... - Sorri para ele e isso fez com que seu rosto de preocupação fosse embora. Limpei aquelas lágrimas e sorri mais amplo.

- Quer tomar um chá? - perguntei para ele que ainda me olhava com certa preocupação, mas logo acabou sorrindo e balançando a cabeça em afirmação.

[...]

Por incrível que pareça ficamos apenas horas conversando sobre o que ambos gostávamos, sobre o que queríamos fazer depois da escola, sobre o porquê da cadeia de gênero, sobre tudo. Eu me sinto mal de ter o jugado só por ele ser um Alfa, talvez nem todos sejam tão sem caráter e talvez essa falta de comunicação que Alfas e Ômegas não tem, acaba formando informações um pouco exageradas.

- Sabe, eu sou o único Ômega da minha família - falei tomando o pouco de chá que faltava no bule - tanto meu avô, quanto meus pais são Betas - sorri ao ver que ele me olhava atentamente - meus pais sempre se desculpam, de todas as formas que você pode imaginar, por terem me feito um Ômega. Meu avó é super protetor, ele tem medo de eu me envolver com alguém ou fazer amizade e esse alguém me diminuir - gargalho e vejo que Otabek solta um leve sorriso - é engraçado por que ele é um senhor de idade metido jovenzinho protetor... Chega a ser fofo.

Nós estávamos na sala. Ela não era tão grande, mas era o suficiente para ser chamada de sala. Havia dois sofás na cor bege, um encostado em cada parede. A televisão era pendurada na parede e havia uma mesinha de centro um tanto comprida no meio da sala em cima de um tapete na cor vinho. Era uma sala simples, na verdade era uma casa simples, pois moravam apenas duas pessoas. Eu estava sentado no sofá da direita e Otabek no da esquerda, porém de certa forma estávamos bem perto.

- E você? É o único Alfa da sua família? - perguntei pegando um cookie no pote que estava na mesinha de centro.

- Ok... - ele coçava a parte detrás de sua cabeça.

Cheese and Wine  [ HIATUS ]Onde histórias criam vida. Descubra agora