Um anúncio de jornal faz com que Billi, um homem misterioso que ganha seu sustento dentro de um ringue arriscando a vida em lutas livres sem regras, se envolva com a vida de Alice.
Ele não gosta de criar raízes por onde passa, evita a todo custo não...
Meu despertador continua me acordando aos berros. Todo dia eu juro que vou trocá-lo, mas nunca cumpro o prometido.
Faz alguns dias que não vejo Billi. Ele sai antes de eu acordar e chega depois que eu já dormi, realmente ele cumpriu o que prometeu, de ser discreto e não me perturbar. Ele mantém tudo em ordem e, até agora, não tive nenhum contratempo com a presença dele em minha casa.
Me levanto e sigo minha rotina de praxe, hoje o dia é movimentado na mercearia, pois é sábado. Todos sempre fazem compra aos sábados.
Preparo um café da manhã caprichado, pois acordei faminta, enquanto tudo fica pronto, dou uma palha dos meus dotes artísticos — que não tenho, mas finjo ter —junto com uma performance extravagante de tentativa de dança.
— Venenosa, eheheheh, erva venenosa ehehehe, é pior do que cobra cascavel, seu veneno é cruel, el, el — lógico que para piorar eu frisei e engatei um "el" exageradíssimo, enquanto descia até o chão.
Quando me viro para colocar as torradas que acabaram de sair na mesa, dou de cara com Billi, escorado no batente da porta, sorrindo pra valer, na verdade... rindo pra valer.
— Ahhh — grito por conta do susto e as torradas quase criam vida própria.
— Desculpe. Estava apreciando a...
— Por favor — coloco as torradas na mesa enquanto ergo a mão para que ele não fale mais nada. — Que vergonha — cubro meu rosto com as mãos por um momento. — Muito bem. Apague de sua memória o que viu aqui, ok?
Ele riu alto. Seu riso me contagiou e eu o acompanhei.
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— Achei que não estava em casa. Sempre sai tão cedo.
— Hoje estou de folga. Só trabalho a noite. Então aproveitei para dormir um pouco mais. Não quis atrapalhar, pode continuar sua performance se quiser.
— Sem chance — caímos na gargalhada novamente. — Já tomou café da manhã?
— Não.
— Então, sente-se aqui — aponto a cadeira ao lado da minha. — Tem café e torradas com geleia.
— Não quero incomodar.
— Estou te convidando. — Pego mais uma xicara, prato e talheres no armário e coloco para ele.
— Obrigado.
— Então, como vai o trabalho? — Não sei como puxar um assunto com ele e muito menos sei do que ele gosta de conversar.
