Dica 5: Seja delicada

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Incrível como uma pessoa podia ficar bonita até mesmo de costas.

Jackson tinha aquele porte de autoritário, como se nada o afetasse nunca, e isso me fazia suspirar. Seus cabelos, que quase sempre estavam cortados em um formato de tigela, eram tão pretos que até brilhavam e davam contraste para a pele branca como giz. Sob a luz do sol, ele parecia um anjo, e eu tinha que me segurar para não pular em cima dele — de novo.

Deixei que ele ficasse alguns passos a frente enquanto avançávamos pelo campus, só para ter a liberdade de dar pulinhos e fazer a dancinha da vitória.

Passando pelo jardim, avistei Annie conversando com alguém. Seus olhos e boca se arregalaram ao me ver seguindo meu crush tão livremente, então eu apontei para ele e fiz alguns gestos como se estivesse tirando foto. Ela cobriu a boca, fazendo com que a pessoa com quem conversava se virasse para ver... e era Tony. Não era surpresa que os dois se falassem, já que ambos eram os mais cobiçados pela grande maioria dos universitários dali, eleitos os mais atraentes em qualquer ranking. É claro que isso era bem relativo, já que haviam pessoas tão bonitas quanto eles, mas que por serem quietas e bem discretas acabavam não chamando tanta atenção — sim, estou falando do Jackson.

Annie ficou me acompanhando com o olhar, boquiaberta demais para rir dos meus gestos doidos e chiliques. Ela ergueu as palmas das mãos para cima, como se perguntasse: "Como assim?!" e eu, em resposta, ergui os dois polegares e gritei:

— YES!

Tapei a boca com as duas mãos, me arrependendo de ter deixado aquilo escapar.

— O quê? — ele se virou, com uma interrogação pairando sobre a cabeça.

Forcei uma risada, olhando em volta e procurando um jeito de escapar daquela vergonha. Meu rosto já começava a esquentar, e eu fiquei desejando que o chão me engolisse; foi quando avistei a porta da lanchonete e, sem pensar duas vezes, comecei a empurrá-lo para lá.

— Ei! — ele protestou — O que está fazendo? Ei!

— Você vai comprar... sorvete, isso — assenti, soltando-o unicamente para abrir a porta da lanchonete

— O quê? Eu não...

— O meu é de morango! — declarei antes de empurrá-lo para dentro e fechar a porta no instante seguinte, interrompendo o que quer que ele estivesse pretendendo falar.

Suspirei pesado de alívio, ajeitando o cabelo atrás da orelha e resmungando qualquer coisa para me acalmar. Sabe aquele incômodo estranho que você sente quando está com a pessoa que gosta? Como se seu coração fosse explodir? Então, eu sentia isso o tempo todo, mas acabava manifestando-se de uma forma meio maluca.

Sobre a dica de hoje, delicadeza, bem eu estava tentando. A verdade é que eu sempre fora bruta demais, dona das reações mais inusitadas possíveis. Papai costumava dizer que Chris e eu tínhamos papeis invertidos: Chris era um menino delicado, e eu parecia um trator; como eu era a irmã mais velha, Chris me respeitava bastande, mas ainda assim brigávamos às vezes... e eu sempre vencia depois de algumas coronhadas.

Agora era Jack quem estava experimentando os meus superpoderes de trator.

Estava cantarolando qualquer coisa enquanto chutava umas pedrinhas do chão, quando Annie chegou me segurando pelos ombros.

— Você vai sequestrá-lo? — ela disparou imediatamente, me sobressaltando.

Afastei suas mãos no mesmo instante.

— Aish, Annie! — exclamei — Claro que não vou sequestrá-lo, para de ser maluca. Eu nem tenho uma arma, ou um carro!

Ela me avaliou por uns instante, como se pudesse adivinhar meus pensamentos desse modo. Seus cabelos estavam amarrados em um rabo-de-cavalo, destacando seu belo rosto.

— Então o quê? — disse — Está seguindo ele para tirar fotos escondida?

Dei um sorriso travesso, me aproximando mais dela.

— Escondida não, meu bem — sussurrei — Com a permissão dele.

Ela abafou um gritinho que foi acompanhado logo pelo meu. Estávamos dando chilique juntas quando a porta da lanchonete se abriu e eu me virei num salto, acabando por... pisar no pé de Jackson.

Eu não estava mesmo com sorte.

Nem ele.

Ele apenas bufou, visto que já estava se acostumando com meus desastres constantes. Annie abafou a risada, o deixando vermelho de raiva.

— Hm... — fez ela enquanto eu olhava para meus próprios pés — vou terminar a minha conversa com Tony. Depois nos falamos.

Ela fez uma breve reverência e saiu dali rindo, me fazendo ficar ligeiramente sem graça. Jack, que já tinha esgotado sua cota de paciência comigo, agarrou meu pulso e saiu me puxando, enquanto segurava o sorvete de casquinha com a outra mão.

— Vamos. Quero terminar isso logo. — disse, andando a passos rápidos e me levanto consigo.

O crush está me tocando, o crush está me tocando, o crush-

Minha linha de raciocínio mega importante foi interrompida quando ele me entregou o sorvete.

— Pega isso, está derretendo.

— Cadê o seu? — perguntei, olhando para aquele lindo e delicioso sorvete rosa.

— Eu não como sorvete.

— Ah, claro, senhor frescura ambulante, mimizento...

— Eu sou alérgico a lactose.

— Ata.

Eu não cansava de passar vergonha, minha vida era um grande círculo de vergonha e eu estava bem no centro. Praticamente enfiei o sorvete inteiro na boca, o que resultou em caretas de "cérebro congelado" que fez Jackson revirar os olhos.

Passamos na sala do meu curso, onde peguei minha mochila com os equipamentos de fotografia, e depois seguimos para um dos jardins dali. Jackson, que era um chato dramático, passou boa parte do seu tempo girando os olhos ou soltando comentários aborrecidos sobre como poderia estar aproveitando seu tempo ao invés de estar ali comigo. Ele deveria agradecer! Afinal, não é todo dia que se pode encontrar uma garota tão maravilhosa e delicada quanto eu.

Ou quase.

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Tenho um pressentimento de que esse capítulo não ficou bom, desculpe.

13 dicas sobre como conquistar o Crush!Onde histórias criam vida. Descubra agora