Eu não era boa com elogios. Bom, para dizer a verdade, eu os odiava. Sempre que me elogiavam eu ficava tão envergonhada, que acabava fazendo alguma besteira, como agredir alguém ou iniciar um assunto sobre porcos voadores, só para desconversar. E não é como se eu acreditasse em qualquer elogio — afinal, era uma coisa vaga. Pessoas diziam aquilo puramente na intenção de ser gentis, o mesmo valia quando perguntavam "como está?". Não era sincero.
Mas eu, em todos os meus elogios, tentava ser o mais honesta possível.
— Fica direito, sua anta. — reclamei, quando Jackson escondeu o rosto nas mãos e passou a resmungar — Vamos, estava tão lindo! Para de bobeira, olha para a câmera.
Ajustei as lentes, focando apenas no seu rosto que ele ainda escondia. Ele estava me deixando verdadeiramente irritada. Não teve um só segundo em que ele não reclamou ou fez pirraça, e eu não estava lá com toda a paciência do mundo. A cada foto que eu tirava, ele ameaçava ir embora, mas eu sempre o impedia dizendo que aquilo não era suficiente. E agora ele estava ali, no meio do jardim florido, sob o sol intenso de fim de tarde, quase tendo um colapso.
— Vamos, fique bonitinho, Jack. — eu sorri mirando-o através da lente da câmera. Ele afastou as mãos do rosto e me fuzilou com os olhos — Credo, para com essa cara de mau, isso assusta.
— Anda logo com isso! — disparou impaciente.
Abaixei a câmera para olhá-lo diretamente.
Um vento morno serpenteava entre a gente e agitava as florezinhas. Ao longe, podia-se ouvir as vozes alteradas do time de basquete, que passava para o ginásio a alguns metros, e isso fez Jackson desviar a atenção para lá, com um pedido silencioso de socorro no olhar.
Suspirei, acompanhando seu olhar e notando Erik e Tony, que estavam um tanto quanto destacados da multidão, como se procurassem algo... ou melhor, alguém.
— OK, Jack. — falei, cansada — Eu vou tirar uma foto sua e aí você vai com seus amigos. Depois eu prometo que desaparecerei.
Ele voltou os olhos para mim e, pela primeira vez, não havia raiva neles. Tudo o que ele expressava era surpresa e até curiosidade.
Eu queria chorar, sem saber exatamente o motivo. Bem, eu levava a sério meus tratos, e depois dali, eu tentaria levar uma vida normal sem espionar ninguém. Nada de crush's e nada de dicas. Se Jackson não me notasse naquele dia, eu... o deixaria em paz.
O vento soprou meus cabelos para trás.
Jackson continuava me observando.
Pigarreei alto, erguendo a câmera outra vez e posicionando-a a frente do rosto. Jackson passou a fitar os próprios sapatos, soltando um suspiro pesado em seguida. Eu não sabia o que se passava em sua mente, e receava nunca descobrir, então apenas ignorei aquele breve momento estranho e voltei a ser eu mesma.
— Rápido, pega algumas flores.
— Elas vão morrer se eu as arrancar daqui.
Revirei os olhos.
— Só uma, Jackson, fala sério. — falei entediada — Para de ser dramático. E anda logo, já vai escurecer!
Ele resmungou um pouco, mas acabou pegando a flor. Segurou-a a frente do corpo, e até inclinou um pouco a cabeça enquanto esboçava um dos seus sorrisos doces, que deixava a amostra apenas uma parte dos seus dentinhos superiores. Depois de bater a foto, o olhei por cima da câmera.
— Ah, não acredito! — exclamei, piscando os olhos.
Sem entender, ele olhou ao redor.
— Eu não acredito! — repeti, dessa vez abrindo um sorriso.
Jackson estava completamente confuso agora.
— O que eu fiz? — indagou, apontando para si mesmo.
— Você é um bebê, Jack! — gritei — Tem dois aninhos!
Então ele automaticamente retornou para sua usual expressão de tédio e ficou em silêncio enquanto eu guardava a câmera na mochila e deixava a mesma ali no chão, me aproximando dele em seguida.
— Você poderia ter pensado nisso todas as vezes que tentou me matar. — ele deixou que a frase escapasse entre os dentes, me fazendo bufar.
— Ai, meu Deus do céu, você parece um disco arranhado — protestei, cruzando os braços — "Você quer me matar?" "Sua espiã, assassina" "Para de tentar me matar" Ah! Irritante!
— Ué! Eu só estou falando a verdade!
Bufei bem mais alto dessa vez, para deixar claro que estava aborrecida.
— Para com isso — ele disse — Parece um cavalo bufando. Vem, vamos comer.
Pronto.
As últimas três palavras fizeram meus olhos brilharem; eu posso jurar que estava enxergando Jackson com uma aura reluzente ao seu redor, e que tudo estava em câmera lenta, como nesses filmes românticos. Só que a trilha sonora era uma música árabe bem estranha que não saía da minha cabeça desde que eu ouvira em um documentário, na semana anterior.
— Você está vegetando de novo — ele avisou, afundando as mãos nos bolsos da jaqueta.
Isso me fez sair do transe. Balancei a cabeça e retornei para a realidade, contemplando o rosto do meu crush. A noite estava começando a chegar, portanto a penumbra não permitiu que eu o visse tão perfeitamente.
— O que você disse? — perguntei, ainda atônita.
— Que você está vegetando.
— Não, não isso. — sacudi a cabeça — Antes. O que disse antes?
— Para você vir comer comigo. — ele encolheu os ombros, simplista — Você está o dia inteiro tirando fotos, deve estar com fome.
Era um sonho se realizando: meu crush me chamando para comer! Não só pelo crush, é que também ninguém nunca pagava comida para mim, sabe...
Saí de lá saltitante, com ele vindo logo atrás. Talvez eu não precisasse ficar decepcionada ainda! Talvez houvesse uma chance de eu conseguir ficar com o meu crush!
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Esse tá bem curto, e talvez não tão bom.
Desculpa qualquer coisa e obrigada por ler! ❤👋
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13 dicas sobre como conquistar o Crush!
MizahPois é. Esse é o tuturial mais maluco feito pela menina mais estranha do mundo! O nome dela era Susana, e ela costumava ter um jeito diferente de ver o mundo. Como toda garotinha sonhadora, ela tinha o seu crush e vivia imaginando o dia em que final...