13 dicas sobre como conquistar o Crush!

Dica 1: Seja completamente discreta

Eu gostaria de pular as introduções, mas receio que seja inevitável. Se eu estou criando um manual, deveria primeiro me apresentar e dizer por que exatamente estou aqui. Bem, para princípio de conversa, o meu nome é Susana – não que isso seja relevante, mas enfim... – e eu estou no primeiro ano da faculdade de fotografia. É. Eu amo fotos... quero dizer, amo fotografar coisas e não a mim mesma, porque digamos que meu rosto não é o mais bonito do mundo. Para uma garota de recentes dezenove anos, eu sou considerada uma boba infantil, e é realmente difícil me levarem a sério. Já leu histórias na qual a protagonista é uma garota incrivelmente bonita, com auto-estima baixa, que é apaixonada por um garoto que não dá a mínima para ela e tem uma melhor amiga muito doida? Pois então. Nesse caso, eu sou a melhor amiga doida.

Eu ouvia as lamentações da minha melhor amiga, Annie, por não conseguir a atenção do único garoto que ela queria e realmente tentava animá-la com coisas aleatórias e sem sentido, como a coleção de miniaturas de unicórnios coloridos que tinha na minha estante, ou balbuciando sobre o novo episódio do anime que nós acompanhávamos. Ela era um ímã ambulante que conseguia a atenção de todos os garotos, portanto, para ela era fácil conseguir um namorado – diferente de mim, é claro. O grande problema é por quem ela foi se apaixonar...

O nome dele era Christian e ele era o meu irmão dois anos mais novo, que vivia em seu quarto ouvindo heavy metal, sendo engolido pela solidão que geralmente acompanha emo-góticos. Seu quarto era uma verdadeira fortaleza, eu nem mesmo me lembrava de como ele era por dentro. E não era como se Christian não achasse a Annie bonita e atraente, ele mesmo já dissera que ela era incrível, o problema é que o meu irmão não gostava disso. Chris era homossexual e eu sabia há bastante tempo, embora ele nunca tivesse dito em voz alta. Pois é. O mundo é injusto, não é? Annie jamais ficará com o crush dela e eu nunca conseguiria o meu.

Ou pelo menos, achava que não.

Sobre meu crush, ele era um cara quatro anos mais velho, branco como uma vela e poucos centímetros mais alto que eu. Ele era adorável. Tinha um rostinho tão inocente, que era como se fosse mais novo até mesmo que o Christian, embora eu soubesse que isso não era verdade. Ele gostava de roupas pretas, estava cursando literatura e fazia aula de piano. Eu tinha um bloquinho de anotações onde escrevia tudo o que ele fazia, gostava e comia. Eu sei no que vocês devem estar pensando: que eu sou uma maluca obcecada. É, mas está certo mesmo. Eu sou pior que FBI, na verdade.

Para começar, eu estava de novo com aquele bloquinho na mão, pressionando a caneta com tanta força que poderia furá-lo. Deveria ser sete horas da noite, mas eu não tinha certeza. Eu havia seguido discretamente o meu crush e seus amigos até um pequeno bar, e estava em pé na borda de uma lixeira espiando pela janela. Silenciosamente, eu desejava que ele me notasse, pelo menos uma vez, mas não estava certa de que isso aconteceria, já que eu estava mais para uma espiã do que para um "interesse amoroso". Fiquei na ponta do pé, esperando ver o que ele pediria.

Todas as terças ele ia ao bar. Até agora, haviam variações entre seus pedidos – de vodka e cerveja até uma simples coca-cola e balinhas de côco. Ele era uma pessoa confusa. Era difícil espiar uma pessoa confusa, mas eu já fazia isso há vários meses.

a primeira dica em meu manual é ser discreta. Eu era discreta. Eu era totalmente discreta. Se alguém me visse agora, apontaria para mim e diria: "nossa, como você é discreta!" Tá. Eu estava ficando nervosa.

Estreitei os olhos, chegando o rosto bem próximo da janela um tanto quanto embaçada. Estava tão frio, que eu podia enxergar a minha respiração em forma de névoa, mas isso não era um problema, já que eu estava com dois casacos. Segurei o parapeito da janela com as pontas dos dedos que seguravam a caneta e fiquei algum tempo apenas olhando aquela forma bonita de costas.