Sobre essa dica, ela é bem relativa; ou você é uma pessoa inconveniente, ou não é. A sua personalidade é que vai definir suas chances de conquistá-lo, isso baseado nas dicas anteriores. Bom, para mim funcionou bem, já que eu não era nem um pouco inconveniente e sabia formas discretas de chegar no crush.
Ou quase.
Conferi minha caderneta pela milésima vez naquela tarde, só para ter certeza de que Jackson estaria mesmo na sala de música. Bem, meu crush era um pianista excepcional, que parecia um anjo enquanto tocava; e eu, obviamente, ficava vigiando para não deixar nenhuma outra menina ir até ele. Só eu podia apreciá-lo, mais ninguém.
É claro que havia as meninas da classe dele, que inevitavelmente dividiam o mesmo ambiente. Se eu tinha raiva? Claro. Mas não porque era possessiva, doida, ou sei lá... tá, talvez eu fosse, mas isso não importa!
E ali estava eu, saltitando pelo campus rumo àquela sala de música elegante e enorme, tentando bloquear as lembranças do tempo em que eu era musicista. Não que não fosse uma boa lembrança, mas isso me levava direto ao meu pai e à saudade enorme que eu sentia dele.
Papai era pintor, e mamãe sonhava em ser cantora, o que nunca se realizou. Ocasionalmente, os dois, que eram ligados à arte, acabaram colocando Chris e eu em um curso para aprendermos a tocar algum instrumento que fosse do nosso gosto; eu me interessei imediatamente pelo violino, que produzia uma melodia linda e inspiradora, enquanto que Chris acabou optando por saxofone, mas acabou desistindo na primeira semana e passou a fazer aulas de dança contemporânea. Claro que com o tempo, e a morte do meu pai, eu acabei abandonado o curso também e resolvi me dedicar à fotografia. Chris conseguiu participar de alguns eventos, antes de se trancar completamente. Ele dançava com emoção, via-se que nascera para isso, portanto poderia ter investido nessa carreira e se tornado um bailarino profissional, o que acabou não acontecendo.
Balencei a cabeça me livrando dos pensamentos e abrindo um sorriso de orelha à orelha antes de girar a maçaneta da porta da sala de música.
Não era coincidência que Jack estivesse ali sozinho, tocando piano. Eu tinha meus cálculos. Sabia que ele costumava ficar até depois do horário estudando as partituras, e tocando músicas infantis para se aquecer.
— Oi! — abri os braços ao invadir a sala.
O rosto de Jack, que costumava ser tão branco, foi adquirindo um tom avermelhado na medida em que inflava as bochechas. Ele girou no banquinho e ficou de costas para mim, com os braços cruzados feito uma criança pirracenta.
Saltitei até o piano, me encostando no mesmo.
— Eu sei que você me viu, pessoinha. — cantarolei — Não adianta fingir.
Ele deu um longo suspiro, virando-se de volta e apoiando as mãos sobre as teclas.
— O que você quer? Veio me matar ou algo do tipo?
Apoiei a mão no peito, abrindo a boca em surpresa e encarando aquele rosto que permanecia incrivelmente bonito, mesmo emburrado. Os cabelos negros caiam feito uma cortina sobre sua testa, cobrindo as sobrancelhas, e seus olhos me fuzilavam de uma forma que quase me matou.
— Eu? Euzinha? — pestanejei, como se não pudesse acreditar no que havia ouvido — Primeiro eu era espiã, agora sou assassina. Você poderia parar de ser tão dramático.
A partir daí, ele começou a me ignorar, tocando no piano a melodia do comercial da Danoninho. Ele estava me ignorando na maior cara de pau! E com aquela musiquinha irritante ainda por cima!
— Ei! Jackson, vamos dar uma volta hoje?
Ele apressou o rítimo da música, me fazendo fechar os olhos e reunir toda a paciência do mundo.
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13 dicas sobre como conquistar o Crush!
MizahPois é. Esse é o tuturial mais maluco feito pela menina mais estranha do mundo! O nome dela era Susana, e ela costumava ter um jeito diferente de ver o mundo. Como toda garotinha sonhadora, ela tinha o seu crush e vivia imaginando o dia em que final...