O Passeio nas Grutas

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Durante toda a noite Clara se debateu em pesadelos, sonhos terríveis, acordando toda encharcada de suor. A cabeça doía e sentia uma terrível sensação de estar doente e fraca.

Na manhã seguinte ainda tinha febre, o médico foi chamado novamente. Examinou Clara cuidadosamente mas nada encontrou que justificasse tanta febre. - Provavelmente é uma virose -disse ele, sem muita certeza.

Ela não conseguiu comer nada, sentou-se na cama olhando a bandeja com o café da manhã, mas não sentia nenhuma fome. Com o passar do dia foi se sentindo melhor e no almoço conseguiu tomar a sopa que foi servida em seu quarto.

Clara estava preocupada com seu emprego, mal tinha começado a trabalhar e já tinha ficado doente. Os donos do hotel, seus patrões, eram um casal de idosos e não tinham filhos. Eram boas pessoas e estavam preocupados com aquela mocinha que chegara tão alegre e simpática e que parecia ter adorado o trabalho e que agora estava doente e que não tinha família na cidade. O casal se sentia responsável por Clara, eles queriam ajudá-la. Mas ela, mesmo assim, se sentia incomodada com a situação, desejando sarar depressa e retomar suas atividades.

Naquela tarde Clara já se sentia bem melhor e voltou ao trabalho. Teria um passeio até as grutas que ficavam no lado norte da cidade. Eram grutas centenárias, descobertas no meio da mata por um explorador. O ônibus com turistas alemães estava lotado, todos com suas câmeras fotográficas, ansiosos pelo passeio. As grutas eram famosas na região, eram verdadeiros labirintos e no interior de várias delas havia pequenos lagos com águas de cores impressionantes, que iam do azul profundo quase lilás ao verde claro transparente, esse efeito das cores se devia aos minérios que estavam depositados no fundo dos lagos e ao reflexo dos feixes de luz do sol que penetravam pelas pequenas frestas que havia nas paredes das grutas.

Ao chegar com os turistas Clara se sentiu muito feliz por estar ali, o lugar era deslumbrante. Enquanto os turistas desciam do ônibus, ela falava com eles em alemão, explicando sobre como tinha sido a descoberta do lugar. Em sua mente ela agradecia ao pai pelos muitos cursos de idiomas que ele fizera questão de colocá-la na adolescência. Eram de grande ajuda na sua profissão. Ocupada com seu trabalho Clara não notou a última turista a descer do ônibus, uma mulher muito alta, de longos cabelos e que destoava dos demais pelas roupas antiquadas que usava.

Clara seguia à frente do grupo orientando a todos, explicando sobre o local. Caminharam por um bom tempo dentro da primeira gruta, até encontrar o pequeno lago com sua cor impressionante, um azul incomum e muito bonito. Todos os turistas começaram a fotografar e perguntaram se poderiam entrar no lago. A jovem explicou que eles não poderiam fazer isso porque apesar de pequenos os lagos eram muito profundos e não era seguro entrar. Enquanto ela falava alguém se aproximou por trás dela e colocou a mão sobre seu ombro. Imediatamente Clara estremeceu, a mão era muito, muito fria. Uma sensação de medo tomou conta dela, ao se virar ela empalideceu. _ Clara você está bem? - perguntou a estranha mulher, olhando fixamente para a garota. - Sou Marta, lembra-se de mim? Precisamos conversar.

A amigaOnde histórias criam vida. Descubra agora