7 - ... que seja lutando

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- Ordene que parem de lutar por você. Que se ajoelhem para mim.

Aquilo era pedir muito. Ele jamais iria falar algo assim, não para seu povo que sangrara e morrera por ele. Fosse por ele ou pela filha, jamais iria permitir um azul abaixar-se para um vermelho. Quando virou-se para o humano coroado ele viu algo mais. Atrás dele estava um outro orelhas curtas, o olhar de ódio e prazer ao colocar outro punhal no pescoço do coroado e enfiar. Sangue jorrou sobre Astye, ela acotovelou e se afastou do homem que agora tinha soltado a única coisa que a tornava refém. Os olhos dele varriam tudo no campo de visão, ele deu um passo falho para a frente sujando Corlan ao passar a mão coberta da cor dele no peito do Rei. Depois se virou e viu quem o matara, mas com o movimento se desequilibrou e caiu para trás. Uma poça de sangue logo se formou ao redor dele e então o olhar de todos se ergueu para o assassino que ainda segurava o punhal sorrindo. Ele falou com Corlan.

- Não vamos começar outra guerra agora que esse desgraçado morreu.

- Você é louco?

Corlan colocou a filha atrás de si. Não precisava de mais um o enganado. O homem fingiu pensar, ficando sério brevemente.

- Posso ser louco, mas sou mais esperto. Ao menos mais esperto que esse daí.

- Mestiofe...

Um humano em armadura o chamou, um dos que tinha cercado Corlan mais cedo. Mestiofe o indicou que parasse com o punhal.

- Agora não, Clert. Não vê que o novo rei está fazendo um acordo benéfico para o povo?

- Que acordo?

Corlan esbravejou. Não tinha mais controle sobre sua raiva contra aquela cor. O homem voltou a prestar atenção nele, sorrindo o tempo inteiro.

- Como eu disse, não sou tolo e sei que o que está acontecendo aqui é apenas perda de tempo.

- O que quer dizer?

Ele falou entredentes e com fúria no olhar fazendo o homem gargalhar baixinho.

- Você sabe, não é mesmo, Corlan? Você sabe o que é guardado nas montanhas brancas. Sabe o que os humanos realmente guardam e sabe que as montanhas não os segurarão por muito mais tempo.

Ele sabia. Cada palavra não dita, ele sabia, ele tinha assinado o acordo. Mas sobre não ter muito mais tempo...

- Como?

Mais uma gargalhada.

- Os Brancos ainda vivem, os fantasmas e as bruxas ainda existem dentro daquelas montanhas e um grito ecoou delas.

Maldição maldição maldição.

- Agora, vamos parar de matar uns aos outros e tentar sermos racionais. Vocês azuis se dizem inteligentes por viverem muito, mas na verdade não passam de um bando de brutamontes se continuarem isso.

- Se isso for verdade...

- É.

Corlan engoliu a resposta.

- Se isso for verdade, vermelhos e azuis não bastam.

O humano abriu mais o sorriso.

- Não escutou o que eu disse? Os Brancos ainda existem. Então...? Temos um acordo?

Ele odiava aquilo. Odiava humanos e sua cor vermelha. Mas... se dizia a verdade, ele não tinha outra escolha. Já tinha visto os incolores, se estavam se erguendo, não podia fazer mais nada além daquilo.

- Vamos precisar de todas as cores.

O vermelho afirmou.

- Temos um acordo, então.

Com isso, vermelho e azul abaixaram suas armas e se uniram para lutar pela segunda vez, lado a lado. Mas antes, precisariam unir todas as cores, dos Brancos aos Negros.

Fim...

Nota: 562 palavras

O Rei Azul - Conto de CoreaOnde histórias criam vida. Descubra agora