2 - Movendo-se

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Eles estavam prontos. Que o chão tremesse sob seus pés. Marchariam à antiga morada dos azuis. Iriam cortar, sangrar e até morrer, mas precisavam erguer-se. Aguardaram o retorno do corvo, ele estava sem a mensagem. Poderiam mobilizar-se. Vern acenou para Fytera. Ela correu por entre as árvores e gritou para os demais. Iriam quase todos por serem poucos, antes não o eram, chegavam a grandes números, suficientes para explorarem todas as terras, mas com o golpe... depois de capturarem seu rei, os humanos os dizimaram como se fossem pragas.

Os mais jovens azuis foram os primeiros, assim o futuro deles estava limitado, escravizaram e tomaram muitas fêmeas.
Os vermelhos cobriram a terra com sangue de azuis.
Mas eles tinham seu rei e se o Rei morresse pela revolta de um azul... aquilo sim seria o fim da espécie. Por isso avisaram ele. Por isso tinham demorado um ano até descobrir o que tinha acontecido a sua princesa, o pior destino possível. Vern fez uma careta e cuspiu ao imaginar como estava sua princesa, a pequena Astye, a pequena tempestade, e sorriu ao pensar em como o desgraçado humano morreria nas mãos do grande Corlan.

Fytera voltou e acenou. Estavam prontos.
Vern seguiu para o acampamento improvisado que tinham montado há doze dias, todos que conhecia, amava e protegia estavam ali, armados fossem crianças, velhos ou doentes, todos iriam lutar. Não havia voz alguma além da de Vern quando ele falou.

- Voltar atrás...

Todos se uniram em um coro.

- Nunca!

- Andar atrás...

- Nunca!

- Lutar até a vitória...

- Ou morte!

Em um último urro eles bateram arcos e flechas. Vern gritou com eles, o mundo vibrou sob seus pés, o sol se pôs e lua alguma brilhou no céu escuro. Seria a noite de escuridão e sangue e morte. E eles teriam o Rei sentado no trono.

Nota: 307 palavras

O Rei Azul - Conto de CoreaOnde histórias criam vida. Descubra agora