4 - Algo pelo que viver

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Fytera já sangrava por vários cortes em seu corpo. Mesmo sendo maior, mais forte e veloz que qualquer macho humano aqueles malditos a tinham acertado, apenas por serem muitos.

Apesar das adversidades eles tinham conseguido adentrar a morada dos azuis, tinham conseguido avançar além dos portões. Mataram muitos, perderam poucos, mas aquela escória do mundo parecia não ter fim. Ela se perguntava como coisas que viviam tão pouco se reproduziam tanto.

A dança parecia não ter fim até que chegaram dentro. Os humanos tinham se aglomerado ali, deixaram que parte dos deles morressem para que se juntassem em um grande número contra eles. Era inútil. Depois de passarem por tantos ela sabia que era, até ver que era a única mais a frente, a única a sorrir para os inimigos. Todos os outros levantavam seus arcos com dificuldade, todos cobertos de sangue, cansados. Até mesmo Vern estava mais atrás. Ela se virou para eles encarando em primeira linha o lado oposto.

- Voltar atrás...

Ela gritou, mas não teve resposta. Mais ao final, em meio a um silêncio mórbido, ela viu o coroado humano, ele ria como um sínico. Ela o odiou ainda mais. Não precisava daquela cara rindo para ela. Deveria ser Vern ali na frente, na verdade, deveria ser o Rei. Mas era ela e Fytera não daria para trás. Não quando seu rei esperava uma chance. Ah! Se tivessem o Rei ali ninguém cederia ao cansaço. Um estrondo veio de cima, os céus se rebelavam. Eles entenderam o sinal e ela gritou novamente ao ver o sorriso do inimigo se desfazer.

- Voltar atrás...

- Nunca!

Eles avançaram, urrando e girando e usando os arcos e as garras contra espadas, cortaram gargantas e sagraram, mas não morreram, não podiam morrer.

Fytera olhou mais distante novamente, o humano coroado não estava ali e ela soube, iriam vencer.

Nota: 306 palavras

O Rei Azul - Conto de CoreaOnde histórias criam vida. Descubra agora