New life, New York

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Do lado de fora do hotel, o vento soprava forte. As luzes piscavam e as pessoas andavam sorridentes e falantes pelas ruas.

_ Aqui é incrível _ disse observando os prédios iluminados.
_ É mesmo.

Continuamos a andar. Eddye ia me mostrando algumas coisas que já conhecia e tentávamos adivinhar as outras que não conhecíamos.

_ É aqui _ me apontou o lugar.

Era um restaurante extremamente lindo, com pouca luz, música ambiente e decoração por volta dos anos 50. Era simplesmente deslumbrante.

_ Reserva para Edward Sheeran, por favor.
_ Sigam-me por gentileza _ disse o gerente.

O seguimos. Ficamos no fundo, em uma mesa só para dois, meia distante das outras. Na mesa havia talheres, pratos, taças e uma vela enorme no centro da mesa.

_ Madame _ disse Eddye atrás da minha cadeira indicando para que eu sentase. Me segurei para não rir do momento.

Ele se sentou e o gerente nos deu o menu.

Olhei para Eddye e ele estava com aquele sorrisinho dele. Como ele era babaca. Olhei para baixo na tentação de não rir.

_ É lindo aqui, não é?
_ É sim _ olhava encantada para o lugar. Percebi que Eddye não tirava os olhos de mim. _ Por que me olha tanto? _ Ele umideceu os lábios, desviou olhar de mim e depois voltou.
_ Você está linda _ sorriu. Eu deveria estar da cor de um tomate já que sentia minhas bochechas quimando.
_ Obrigada. Você também está.

De começo pedimos apenas um vinho tinto e ficamos conversando sobre os últimos dias sensacionais que passamos. Logo depois fizemos o nosso pedido e depois a sobremesa. 

_ Esse petit gâteau está delicioso _ falou com os olhos fechados provavelmente agradecendo  por aquela coisa divina.
_ Parece mesmo _ ri.
_ É sério, experimenta _ colocou um pedaço da sobremesa na colher e levou até minha boca. Eu fiquei meio sem jeito pois aquilo era algo muito romântico, mas claro que aproveitei o momento. Realmente aquilo era delicioso, algo para realmente agradecer aos deuses.
_ Nossa, isso realmente é delicioso.
_ Com certeza _ ele fitava a sobremesa.
_ Mas minha torta holandesa não fica para trás também, experimenta _ retirei um pedaço da torta e levei até sua boca. Ele degustou.
_ Nossa, eu não sei qual é melhor. Acho que deveriam juntar as duas, um petit gâteau holandês. Eu realmente compraria _ riu.
_ Eu também.

Por um momento eu fugi dali. Infelizmente logo logo aqueles momentos iriam acabar. Era algo que eu não desejava pois não queria voltar para a "realidade". Não queria ir embora, voltar para a minha vida e ficar longe dele, mas conforme o tempo passava o pesadelo ia ficando cada vez mais perto.

_ Audy? Audy? Audrey!
_ Oi _ Eddye me tirou dos meus pensamentos.
_ Você não está bem, está? _ falou preocupado.
_  É que... _ parei no meio da frase.
_ Quer conversar? _ tinha os olhos em mim.
_ Não quero estragar o jantar, falamos depois _ desviei de seu olhar.
_ Audy, já terminamos ele e você só vai se "estragar" se continuar guardando para si _ respirei fundo novamente e decidi.
_ Tá, podemos conversar... _ me olhava atento.
_ Mas vou precisar de um pouco mais de álcool _ disse pegando a taça de vinho e sorrindo. Eddye sorriu e virrou a taça com o resto de vinho que ainda tinha.
_ Vamos nos embebedar.

Pedimos a conta e fomos para o bar mais próximo afundar as minhas magoas. O bar era bem aconchegante e realmente estava com o clima "bad" pela música ruim que tocava no fundo. Pegamos duas garrafas e fomos para uma das mesas.

_ Ok, pode falar _ respirei fundo.
_ Tipo não é nada de mais... eu só não estou feliz com a minha vida _ encarei a cerveja.
_ E desde quando isso não é nada de mais?
_ Eu não sei... só que... sei lá _ murmurei.
_Não fique assim _ colocou sua mão sobre a minha. _ Qual é a razão para se sentir assim?
_ Acho que minha rotina. É tudo tão repetitivo, monótono e tediante.
_ Monótono. Eu nem sei mais o que é isso.
_ Acho que nossas vidas estão trocadas _ rimos.
_ Mas Audy, você sabe que só você pode mudar isso, né?
_ Minha rotina, sei que sim. Mas como eu faço isso? Eu quero viver, sair viajar, ter novas experiências e memórias. Eu sinto que estou perdendo tudo isso. Sei que sou nova ainda para estar dizendo isso mas é como me sinto. Estou perdida, sem rumo... vazia. Essa era a palavra que eu procurava, era o resumo dos meus sentimentos . Eu encarava a mesa e Eddye continuava com os olhos em mim. _ Eu achei que era isso o que queria quando voltei depois da faculdade, mas vejo agora que não é. Tem muitas coisas que quero fazer ainda.
_ Audy... _ respirou fundo. _ Olha você é livre para fazer o que quiser e ter o que quiser.
_ Eu sei Eddye é que... É que eu pensei que voltando para Framlingham eu poderia ser feliz pois minha família está lá, lá sempre foi o meu lar. Eu achei que era o que eu precisava... mas falta alguma coisa.

Nisso eu simplesmente desabei. Fazia muito tempo que eu guardava aquilo em mim, aquele vazio, aquela rachadura, aquela peça do quebra cabeça. Eddye me abraçou forte enquanto minhas lágrimas escorriam pela suas costas.

_ Vai ficar tudo bem_ dizia me consolando.
_ Eu sei, eu sei ­_ ele me apertava ainda mais em seus braços.
Ficamos ali durante um bom tempo, eu me desmoronando e ele me reconstruindo, isso com mais 4 cervejas.
_ Mas eu não entendo. Eu amo minha família, meu emprego, as crianças, meus colegas de trabalho, Chris, seus pais, você _ aquilo saiu disparado. E por mais que falei daquele jeito, Eddye havia prestado atenção em tudo, tanto que suas bochechas rosaram. _ E ainda me sinto assim.
_ Talvez seja porque não encontrou a última peça do quebra-cabeça. Sem uma peça, você não completa ele.
_ Você tem razão_ passei a mão debaixo dos olhos enxugando as lágrimas e a maquiagem que havia ido para o espaço.
_ Encontre-a _ sorriu.
_ Eu estou estragando a noite _ murmurei.
_ Você não está nada. Tirou uma mecha de cabelo que estava tampando o meu rosto.
_ É sério. O clima ficou horrível.
_ O clima nesse lugar já estava péssimo quando entramos.

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