Capítulo Três

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- O que a Tia Mima e a Tia Tasha falaram para você? - Pergunto a Gaby, que acaba de chegar em minha casa após toda a confusão acabar.

- Bom, de inicio elas me chamaram de irresponsável, mas me apoiaram, pois meio que já passaram por isso antes, depois quando eu falei a verdade elas riram de nervoso e não acreditaram... - ela para um pouco para pensar e eu a encaro. - Acho que estou de castigo! E com você? Como foi?

- O mesmo, mas eles ainda estão meio magoados comigo, acho que esse susto foi um pouco demais... - Dou uma risada fraca e a mesma me acompanha. - Clara ficou me perguntando se é verdade que ela iria ser tia.

- E o que você disse?

- A verdade, ou seja, que não... Ela ficou bem triste! - Gaby sorri.

Relaxo minhas costas no sofá e fico encarando o teto.

Eu estou suspenso por uma semana, qual o motivo disso tudo? Eu vou ficar uma semana sem ir pra aula, não deveria estar feliz? Terei mais uma semana para pensar! Mas pensar em que? Na vida? No futuro?

Por falar em pensar eu andei pensando em parar de pensar!

Mas eu não conseguiria pois as vezes eu estou quieto no meu canto e eu vejo algo errado, porem engraçado, tipo alguem caindo e meu pensamento sempre faz comentarios que não deveriam ser feitos... É automático sabe? Mas ao mesmo tempo não faz sentido.

- Dormiu? - A escuto me chamando e dou de ombros.

- Ainda não... - a encaro e dou um sorriso fraco.

- Você acha que vai dar certo? - Gaby diz me encarando de volta.

- O que?

- A vida...

- Não sei, acho que sim! Ate por que se der errado eu sei que você ta aqui para mim...

- E se eu não estiver?

- Você vai estar! - afirmo estranhando o rumo dessa conversa.

- Como você sabe?

- Eu apenas sei...

- Ata... Sabe, eu acho que você tem medo de me perder! Você me ama demais!

- Que? - gargalho a encarando mais uma vez.

- Até para ser suspenso tu precisa de mim por perto... Assume vai... - Ela diz rindo e eu reviro os olhos. - Sabe Bê... Você é uma boa pessoa mas...

- Mas?

- Mas você é tão lerdo... - ela dá uma risada fraca.

- Como assim?

- Ta vendo?

- Vendo o que?

- Nada... - ela sussurra e se deita em meu colo, puxando minha mão para sua cabeça, para que eu a acaricie.

- Folgada... - murmuro.

- Bê, o jantar está pronto. - Escuto minha mãe parada na porta. - Gaby, Tasha está vindo te buscar.

- Mas ja? - ela pergunta se levantando, aparentemente triste.

- Sim, meu anjo...

Escuto Gaby suspirar e me levanto, indo para a sala de jantar, me sento a mesa e fico olhando Clara, que esta jogando alguma coisa em seu celular.

- Clara? Vamos guarda o celular para comer? - meu pai fala e ela apenas assente com a cabeça, desligando o celular e o colocando no bolso.

Espero mãe se sentar e então começo a me servir calado.

Não que esteja um clima pesado, apenas não tenho sobre o que falar.

- Como foi seu dia Clarinha? - Escuto mamãe perguntar enquanto se serve e sorrio.

- Foi bom, bem calmo! Na escola a gente teve aula de artes.

- E o seu Bê? - mamãe me pergunta e eu a encaro.

- Foi calmo. - digo enfiando uma garfada de macarronada na boca.

- A Gaby estava bem? Ela parecia meio para baixo... - Ela continua e eu dou de ombros.

- Ela está normal. Apenas cansada.

- Cansada de que?

- Da vida. - falo calmamente torcendo para que o interrogatório acabasse. - Sabe, mesmo que eu tenha causado problemas não foi essa minha intenção! Eu apenas queria um tempo.

- Você poderia ter nos falado... Tentariamos te ajudar! - ela diz magoada.

- Mas vocês não entenderiam.

- Ja fomos adolescentes uma vez sabia? - Papai fala com certo humor em seu tom de voz, o que me faz rir.

- Desculpa gente! É apenas muito confuso. - Termino de comer rapidamente e os olho.

- Tem mousse na geladeira. - Clarinha diz animada ao ver que eu ja terminei.

- Quem fez? - pergunto a olhando com um sorriso travesso.

- Eu seu bobinho! - rio e olho minha mãe que confirma com a cabeça. - Mamãe tava me ensinado.

- Será que ta bom?

- É claro! Fui eu quem fiz! Tudo o que eu faço é bom! - ela ri.

- Então termina de comer rápido por que se não eu irei comer tudo!

- Ah mas não vai mesmo! - diz papai se levantando da mesa. - O mousse é meu! Ele foi feito especialmente para mim! Ninguém mais come!

Rio de meu pai e me levanto.

- O senhor vai dividir com seus filhos lindos e sua mulher maravilhosa não é pai?

- Eu não... - ele ri e eu balanço a cabeça rindo também.

- Ta vendo mãe? Isso que dá se casar com um homem guloso!

Mamãe me olha rindo junto a Clara.

- O que? É dificil manter esse corpinho! - Diz meu pai em uma pose, fazendo todos rirmos. - Ok, eu divido um pouco com vocês... Um pouco!

Ele sai e eu fico observando minha mãe e Clara, que continuam comendo, caladas. Estranho. Elas normalmente são as que mais conversam.

Em alguns minutos meu pai volta com a travessa de mousse de maracujá e nos serve, já que todos já terminamos de jantar.

- E não é que ta bom mesmo? - digo já repetindo pela terceira vez. - Clarinha já pode casar.

- Só por cima do meu cadaver -papai diz baixinho e eu rio.

- Eu sou criança ainda Bebê! - ela diz me olhando.

- Ela é a minha criança! Pode tirar seu cavalinho da chuva Bê! - Mamãe diz a abraçando de lado e eu dou risada.

Assim que todos terminamos saio da mesa e vou para o meu quarto.

Tomo um banho relativamente demorado, escovo meus dentes e me deito na cama olhando o teto e pensando em coisas que eu provavelmente não deveria estar pensando na hora de dormir.

Essa semana provavelmente vai ser bem monótona.

E eu espero que eu consiga clarear mais a minha mente para resolver todos esses problemas que eu sequer sei direito quais são e estão me atormentando tanto.

Querida MamãeOnde histórias criam vida. Descubra agora