O que o tempo não faz?

o seu coração

~pode dar esse sorriso pra mim?

Ele me olhou.

Eu me assustei e fiquei corada.

Benjamin- O que foi?

Mel- nada...

Benjamin- fala!

Mel- não é nada!

Benjamin- falaaa!

Mel- Eu só... Eu só não entendo.

Ele me olhou confuso.

Benjamin- não entende o que?

Mel- por que está me tratando assim?

Benjamin- como assim, Mel?

Mel- desde que chegamos em casa, você tá diferente. Me elogia. Eu ainda não entendi o que você tá fazendo!

Benjamin- eu não posso te elogiar?

Mel- Você sabe que não é isso!

Benjamin- então o que é?

Mel- não se finja Benjamin! No dia da palestra você parecia tão diferente, mas logo no outro dia veio falar que não podia acontecer mais e me tratou muito diferente de hoje! O que você tá tentando fazer, hein? É um teste pra ver até quando eu aguento esse seu joguinho? Heliot já me machucou de mais por hoje, tente outra hora!

Benjamin- por que você tá falando assim comigo? Não quer minha ajuda? Se não fosse por mim você estaria sei lá aonde e você nem sabe o que o Heliot poderia fazer com você!

Mel- espera aí! Então você está fazendo isso por pena? Me levando até em casa, fazendo chocolate quente por pena de mim? Era só o que me faltava. Eu aposto que amanhã você vai me tratar do mesmo jeito que me tratou das outras vezes! Diz se não é verdade?

Benjamin- é claro que não!

Mel- como eu posso acreditar em você se você já fez isso?!

Silêncio.

Benjamin- eu vou embora!

Ele se levantou e foi em direção a porta.

Mel- ah, que novidade! Não aguentou mais uma vez, não é Benjamin?

Benjamin- qual é o seu problema, garota? Não era isso que você queria? Que eu te desse mais atenção, cuidasse de você?

Mel- o que?

Eu olhei confusa pra ele.

Benjamin- pensa que não sei que você tá afim de mim? Vive tentando chamar atenção!

Mel- olha só, parece que os xingamentos começaram mais cedo dessa vez, nem esperou o dia seguinte pra me insultar! Dessa vez você se superou Benjamin! O Heliot te deu um soco? Tá mais idiota que o normal!

Benjamin veio na minha direção com tanta raiva que pensava que ele ia me bater, mas mantive a postura, pronta pra socar a cara dele. Respirei bem fundo.

Ele segurou pulso e colocou minha mão em seu peito, bem no lugar de seu coração...

Eu consegui sentir os batimentos cardíacos, estavam acelerados.

Eu não sei se entendi direito, não sei se queria entender.

Ele soltou meu pulso.

Benjamin- vai se catar, Mel!

Ele foi em direção a porta mais uma vez e eu vi a porta se fechando e um sentimento de confusão, solidão e felicidade invadiram meu estômago e coração.

A minha respiração estava acelerada e eu corri para o meu quarto, deixando o chocolate quente e os biscoitos em cima do balcão. Entrei no quarto e me joguei na cama. Fechei os olhos com força e tentei dormir, mas Benjamin não saía da minha cabeça.

Eu me virei para todas as direções, mas não adiantava até que dormi depois de me mexer na cama a noite inteira.