Capítulo 57

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Marcela Novaes

- Jaque, tem que fazer a lição - passo a mão em seu cabelo.

- Mas a mamãe que costumava me ajudar - ela fica com um semblante triste.

- Meu amor, você tem a mesma inteligência da mamãe - sorrio pra ela - Você é capaz de fazer.

- Não estou conseguindo me concentrar - ela larga o lápis.

- Tudo bem - suspiro - Vamos fazer o seguinte, nós vamos sair para distrair um pouco, e de noite eu te ajudo a fazer a lição, tudo bem?

- Tudo bem - ela sorri pela primeira vez no dia - Já volto - ela corre para seu quarto.

- Ela continua desse jeito? - ouço a voz do meu tio atrás de mim. Olho para ele e me levanto.

- Sim - solto o ar - Está difícil tentar consolar minha irmã, quando nem eu estou feliz.

- Isso tudo é uma fase, minha querida - ele chega perto de mim e levanta meu rosto pelo queixo - Vocês vão superar isso, a família toda está sofrendo.

- Eu espero que sim - dou um sorriso fraco - Vou tentar me distrair com ela um pouco.

- Faça isso, pode deixar que eu cuido de tudo aqui.

- Obrigada por estar nos ajudando, tio - seguro suas mãos.

- Não precisa agradecer meu amor, é um privilégio cuidar das filhas da minha irmã, quase as minhas - sorri - Mas não se esqueça, que aquela proposta ainda está de pé.

- Eu vou pensar, pode deixar...

- Estou pronta! - ouço a voz da Jaque. Nos viramos para ela.

- Você está linda minha princesa - e está mesmo, seu vestido florido e sua tiara combinaram muito com seu rostinho angelical.

- Obrigada titio - ela sorri.

- Podemos ir meu amor? - me aproximo dela.

- Podemos - ela estende sua pequena mão para mim.

- Nós voltamos já - me viro para o meu tio.

- Tudo bem, se cuidem princesas.

* * *

- Marcela, nós vamos mesmo morar com o titio? - Jaque me pergunta enquanto andamos.

- Não sei meu amor, estou pensando ainda - não estava nos meus planos morar em Washington, mas agora que tenho a proposta, está sendo uma ideia interessante.

- Eu não quero ir - ela faz bico, olho para ela confusa.

- Por que não? - assim que chegamos perto dos bancos da grande praça, me abaixo para ficar na sua altura.

- Porque quero ficar perto da mamãe e dos meus amiguinhos - ela me olha, dessa vez séria.

- Jaque, a mamãe não está mais com a gente - passo a mão em seu rosto.

- Mas minhas últimas lembranças dela estão aqui - vejo uma lágrima escorrer de seu rosto, e na mesma hora meu coração se parte.

- Não chore meu amor - seco suas lágrimas - A mamãe estará sempre viva em nossos corações.

Jaque abre a boca para responder, mas nada sai de sua boca, e ela apenas roda seus pequenos braços em meu pescoço. A abraço forte também, lutando para a tristeza não tomar conta do meu coração.

- Quero sorvete - ela fala ao se afastar de mim, agora sorrindo - Posso comprar um para mim?

- Claro - me levanto e pego dinheiro em minha bolsa - Vai lá, estarei te olhando daqui.

E se não fosse o Destino? - 1° Livro.Onde histórias criam vida. Descubra agora