Capítulo 53

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- Pequena, o Isaac está vindo para cá... - Max entra no meu quarto - Ei, o que foi? Por que essa cara?

- Estão acontecendo tantas coisas ruins, Max...- passo a mão no cabelo.

- O que foi? Algum problema com o Mateus? - ele se senta na minha frente.

- Eu não sei - suspiro - O Isaac chega quando? - melhor mudar de assunto.

- Não sei - ele decide não insistir - Mas ele disse que está vindo para cá. Melhor já esperar ele lá em baixo.

- Tudo bem - me levanto da cama.

* * *

Marcela Novaes

Os dias estão sendo difíceis, olhar para Jaque lembra a minha mãe. Elas eram tão parecidas, que me faz lembrar dela a cada dia mais.

Minha mãe sempre foi minha companheira desde que meu pai nos abandonou. Ela sempre me dava conselhos nos momentos certos, e me ajudava quando precisava, é um exemplo de mulher. Parece que até a casa sente sua falta, tudo está como ela deixou, até o cheiro dela está no lugar.

- Marcela, está tudo bem? - ouço a voz do meu tio atrás de mim. Respiro fundo e abaixo a cabeça, passando a mão pela sua poltrona preferida.

- Vou ficar - limpo as lágrimas - Como está a Jaque? - me viro para ele.

- Ela já dormiu - ele sorri carinhosamente e se aproxima de mim - Não quer mesmo ir morar comigo?

- Não, não precisa se incomodar - ele sempre insistiu nessa ideia.

- Por favor querida, Washington será bem melhor para vocês - ele segura meus braços - Não posso deixar vocês duas sozinhas aqui, não vou me sentir bem.

- Não precisa se preocupar, nós vamos ficar bem. Vou procurar um emprego, a Jaque tem bolsa, então só preciso me preocupar com as contas.

- Só pense um pouco sobre o assunto, por favor - ele passa a mão em meu rosto.

- Tudo bem, vou pensar - sorrio.

- Ótimo, vou ficar mais um tempo aqui com vocês.

- Muito obrigada tio, você está nos ajudando muito - ele sempre foi igual minha mãe.

- Não precisa agradecer, sabe o quanto amo vocês duas - sorri - Não quer sair um pouco querida? A noite está tão linda, precisa espairecer.

- Estou indisposta.

- Eu sei como se sente, mas sair vai te ajudar. Se distraia, vai melhorar.

- Tudo bem - suspiro derrotada - Volto já.

- Pode ficar tranquila.

Assim, decido sair pelas ruas de Londres. Realmente, a noite está linda, o céu estrelado e a luz da lua ilumina as ruas.

Preciso sentir a areia nos meus pés, preciso matar essa angústia que estou sentindo. Chamo um táxi e depois de meia hora, desço do carro, já avistando a praia reluzente. Ando até chegar perto do mar, tiro minhas sandálias e as deixo perto de algumas pedras. Sinto a água fresca nós meus pés, fecho os olhos e respiro fundo, sentindo o cheiro do mar. As águas batem com força contra as pedras, e vários momentos bons se refletem em minha mente.

- Marcela, não confio muito nisso - minha mãe segura desajeitadamente minha mão.

- Vamos, mãe - começo a rir do seu desastre.

- Eu não sei nadar! - ela grita, mas ao mesmo tempo ri.

- Você não vai nadar, só vamos um pouco pro fundo, confie em mim.

- Alguma coisa pegou no meu pé - ela segura meu braço com força - Maldita a hora que eu aceitei isso - não aguento e começo a rir - Para de rir!

- Mãe, você é uma figura. Olha, até a Jaque está nadando e você não?

- Eu já sou velha! - arruma o lenço em sua cabeça - E se aparecer um tubarão e pegar sua irmã?!

- Relaxa mãe, não vai aparecer - rimos.

Abro meus olhos e ainda a vejo ali, acenando para mim de dentro da água.

- Foi um dia maravilhoso - ela se senta na cadeira de balanço, parecendo exausta.

- Está sentindo alguma coisa? - me aproximo dela.

- Estou.

- O que? - sinto meu coração parar por alguns segundos.

Ela demora à responder, então ela abre os olhos e sorri para mim.

- Uma felicidade que eu não sentia à anos - fala - Obrigada por me proporcionar isso minha querida.

Sinto meus olhos ficarem marejados. Me aproximo dela e me agacho em sua frente, passando a mão em seu rosto.

- A senhora merece tudo de bom e do melhor desse mundo - ela sorri com as minhas palavras.

- Sou muito grata à Deus por ter me dado vocês - ela segura meu rosto entre as mãos e beija minha testa - Eu amo você Marcela.

- Também te amo muito, mamãe - ela encosta sua testa na minha.

- Boa noite - me assusto com a voz atrás de mim.

Assim que me viro para trás, o garoto se aproxima de mim cautelosamente, parecendo preocupado.

- Me desculpe, não queria te assustar - dá um sorriso Incômodo.

- Sem problema - dou um sorriso tímido e me viro novamente.

- A vista é linda, não é mesmo? - dessa vez ele está do meu lado.

- Sim, é bem linda - olho ao redor - Sempre vinha aqui com a minha mãe.

- Sou louco com essa praia, sempre venho aqui quando quero esquecer dos problemas - cruza os braços e sorri - Você é daqui? - olha para mim.

- Moro à uns trinta minutos daqui - Respondo - E você?

- Mais ou menos isso também - se vira para mim - Não querendo ser intrometido, mas o que uma moça faz aqui sozinha?

- Vim espairecer um pouco, esquecer meus problemas também.

- E está funcionando?

- Até agora, sim - ele sorri.

Depois disso, nós começamos a conversar várias coisas. Aquele belo homem misterioso estava fazendo faculdade de direito, tinha vinte e quatro anos e me arrancou muitas risadas. A noite passou voando, e quando percebemos já estava bem tarde.

- Eu preciso ir, meu tio está me esperando em casa - pego minhas sandálias.

- Foi um prazer conhecer você - ele estende a mão, e eu a aperto.

- Igualmente - sorrio.

- Poderia me dizer seu nome? - sorri de lado.

- Marcela, e o seu?

Seus cabelos castanhos balançam conforme o vento que batia, a lua refletia em seu rosto, e seu sorriso era bem espontâneo.

- Calebe.




* * *

E se não fosse o Destino? - 1° Livro.Onde histórias criam vida. Descubra agora