Capítulo 20

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"Max chega logo!"

Essas palavras se repetem em todo momento em minha cabeça. Os momentos de alguns anos atrás vem à tona. Mateus não deixou de me abraçar um minuto, sussurrando palavras reconfortantes em meu ouvido, que me acalmaram um pouco.

Ouço a porta do carro abrindo, e quando vejo, Max estende o braço para mim. Me afasto de Mateus rapidamente, o abraçando, com as lágrimas já caindo. Ele me pega no colo, e rapidamente me coloca no banco do carona em seu carro. Ele se coloca no lugar do motorista, e me olha, com os cabelos molhados.

- Como vocês vieram parar aqui?! - exclama, passando a mão em meu rosto.

- Eu não sei - minha voz sai trêmula, e me desespero quando ouço um trovão novamente lá fora.

- Shh, está tudo bem agora pequena - ele acaricia meu rosto - Feche os olhos e tente não se concentrar na chuva.

Assinto e me cubro com o casaco que ele me deu. Meus irmãos são os únicos que conseguem me acalmar nessas horas, mais ninguém. Max dá à volta e começa a dirigir pelo caminho certo, com o carro de Briana logo atrás do nosso.

* * *

- Já se sente melhor? - Mateus me entrega uma xícara de chá quente, enquanto estou sentada no sofá.

- Sim, obrigada - dou um leve sorriso e bebo o chá.

Max aparece na sala, e cruza os braços ao me olhar. Seu olhar demonstra tristeza.

- O que foi? - pergunto preocupada.

- Você terá que passar no psicólogo de novo, Jade - fala as palavras em um tom baixo, e sinto meu corpo ficar tenso.

- Não vou! Você sabe que odeio ir naquele lugar, não vou falar meus problemas para ninguém! - exclamo.

- Sinto muito mana, mas terá que ir - fala.

- Eu não acredito que nem você está do meu lado!! - me levanto rapidamente.

- Pequena, entenda, é para o seu bem! - ele tenta tocar meu rosto, mas me esquivo antes de conseguir fazer isso.

- Se você quisesse o meu bem, não faria isso! - saio da sala e subo as escadas, assim que entro no meu quarto, tranco a porta da mesmo.

Ninguém sabe o que eu passei, ninguém consegue me entender. E a cada dia mais, penso casa vez mais que estou sozinha.

- Pequena, por favor, abre essa porta! - Max bate na porta.

- Não! - exclamo com a voz embargada - Você não me entende, assim como ninguém!

- Eu também estava naquele maldito acidente! - grita do outro lado da porta - Eles também eram meus pais, Jade! Nós ficamos na UTI, nós fomos ao enterro deles, nós sofremos, você não é a única com problemas nessa casa!

Suas palavras me atingem em cheio, como um soco no estômago. E só agora percebi que em todo esse tempo fui egoísta. Eles também sofreram, eles também passaram o que eu passei, eles não mereciam isso...

Assim que abro a porta, vejo seus olhos lacrimejados. Pela primeira vez, o vejo chorar, e me odeio por fazê-lo sofrer. Abraço seu corpo, enquanto choro em seu ombro, e ele afaga meus cabelos.

- Me desculpe...- minha voz sai embargada e falha - Me desculpe por dar tanto trabalho à vocês...

- Pequena, não fale isso...

- Não! - falo - Eu só pensei em mim, eu só pensei no meu sofrimento, enquanto você me ajudava. Max, me perdoa...

- Pequena, olha pra mim - ele estende meu rosto, e o olho. Seus olhos azuis estão brilhantes por conta das lágrimas, mostrando todo o seu sofrimento - Você nunca deu trabalho para nós, eu só estou...- suspira - Cansado dessa vida. Sem eles aqui com a gente, nada é colorido. Eu entendo seu sofrimento, mas por favor, fazemos tudo para o seu bem, porque te amamos de mais...

E se não fosse o Destino? - 1° Livro.Onde histórias criam vida. Descubra agora