"Max chega logo!"
Essas palavras se repetem em todo momento em minha cabeça. Os momentos de alguns anos atrás vem à tona. Mateus não deixou de me abraçar um minuto, sussurrando palavras reconfortantes em meu ouvido, que me acalmaram um pouco.
Ouço a porta do carro abrindo, e quando vejo, Max estende o braço para mim. Me afasto de Mateus rapidamente, o abraçando, com as lágrimas já caindo. Ele me pega no colo, e rapidamente me coloca no banco do carona em seu carro. Ele se coloca no lugar do motorista, e me olha, com os cabelos molhados.
- Como vocês vieram parar aqui?! - exclama, passando a mão em meu rosto.
- Eu não sei - minha voz sai trêmula, e me desespero quando ouço um trovão novamente lá fora.
- Shh, está tudo bem agora pequena - ele acaricia meu rosto - Feche os olhos e tente não se concentrar na chuva.
Assinto e me cubro com o casaco que ele me deu. Meus irmãos são os únicos que conseguem me acalmar nessas horas, mais ninguém. Max dá à volta e começa a dirigir pelo caminho certo, com o carro de Briana logo atrás do nosso.
* * *
- Já se sente melhor? - Mateus me entrega uma xícara de chá quente, enquanto estou sentada no sofá.
- Sim, obrigada - dou um leve sorriso e bebo o chá.
Max aparece na sala, e cruza os braços ao me olhar. Seu olhar demonstra tristeza.
- O que foi? - pergunto preocupada.
- Você terá que passar no psicólogo de novo, Jade - fala as palavras em um tom baixo, e sinto meu corpo ficar tenso.
- Não vou! Você sabe que odeio ir naquele lugar, não vou falar meus problemas para ninguém! - exclamo.
- Sinto muito mana, mas terá que ir - fala.
- Eu não acredito que nem você está do meu lado!! - me levanto rapidamente.
- Pequena, entenda, é para o seu bem! - ele tenta tocar meu rosto, mas me esquivo antes de conseguir fazer isso.
- Se você quisesse o meu bem, não faria isso! - saio da sala e subo as escadas, assim que entro no meu quarto, tranco a porta da mesmo.
Ninguém sabe o que eu passei, ninguém consegue me entender. E a cada dia mais, penso casa vez mais que estou sozinha.
- Pequena, por favor, abre essa porta! - Max bate na porta.
- Não! - exclamo com a voz embargada - Você não me entende, assim como ninguém!
- Eu também estava naquele maldito acidente! - grita do outro lado da porta - Eles também eram meus pais, Jade! Nós ficamos na UTI, nós fomos ao enterro deles, nós sofremos, você não é a única com problemas nessa casa!
Suas palavras me atingem em cheio, como um soco no estômago. E só agora percebi que em todo esse tempo fui egoísta. Eles também sofreram, eles também passaram o que eu passei, eles não mereciam isso...
Assim que abro a porta, vejo seus olhos lacrimejados. Pela primeira vez, o vejo chorar, e me odeio por fazê-lo sofrer. Abraço seu corpo, enquanto choro em seu ombro, e ele afaga meus cabelos.
- Me desculpe...- minha voz sai embargada e falha - Me desculpe por dar tanto trabalho à vocês...
- Pequena, não fale isso...
- Não! - falo - Eu só pensei em mim, eu só pensei no meu sofrimento, enquanto você me ajudava. Max, me perdoa...
- Pequena, olha pra mim - ele estende meu rosto, e o olho. Seus olhos azuis estão brilhantes por conta das lágrimas, mostrando todo o seu sofrimento - Você nunca deu trabalho para nós, eu só estou...- suspira - Cansado dessa vida. Sem eles aqui com a gente, nada é colorido. Eu entendo seu sofrimento, mas por favor, fazemos tudo para o seu bem, porque te amamos de mais...
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E se não fosse o Destino? - 1° Livro.
De TodoVocê acredita no destino? Acha que ele possa juntar duas pessoas totalmente diferentes pelo acaso? Jade Maldonado achava que não, pois sua vida estava um caos. Seus pais morreram quando tinha apenas seis anos e sua única família são seus irmãos mais...